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Felizes, mesmo sem chuva

Garbage estreia em palcos brasileiros com show celebratório no Planeta Terra

Pablo Miyazawa Publicado em 20/10/2012, às 22h56 - Atualizado em 21/10/2012, às 13h43

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Garbage  no Planeta Terra - Divulgação
Garbage no Planeta Terra - Divulgação

Das diversas bandas com vocalistas femininas do elenco do Planeta Terra, o Garbage talvez fosse a mais aguardada pelo público – e certamente aquela com mais bagagem. O show desta noite de sábado, 20, foi apenas o primeiro no Brasil da banda fundada em 1994, liderada pela vocalista Shirley Manson e o baterista/superprodutor Butch Vig. O recém-lançamento de Not Your Kind of People, primeiro álbum do grupo em sete anos, parecia a desculpa ideal para a visita tardia.

Entrevista: Depois de um longo silêncio, o Garbage volta independente e com um álbum nada nostálgico.

A música do Garbage é sistemática, quase mecânica, com pouco espaço para erros ou improvisos no palco: em “Shut Your Mouth”, a voz de Shirley parecia fazer um rap por cima da parede de guitarras e da bateria reta e turbinada por reverbs de Vig. Tudo soa sintetizado e até perfeito demais, e a ausência de amplificadores no palco é fato notável para os acostumados aos concertos de rock tradicionais. Não falta peso e definição, muito menos guitarras, mas é a voz de Shirley que conduz o show e domina o palco. Um detalhe impossível de se notar da plateia: a média de idade dos cinco integrantes no palco era de 52,5 anos.

Veja aqui o setlist do show.

“São Paulo! Conseguimos!”, Shirley comemorou antes de “Why Do You Love Me”. Mais tarde, prosseguiu com o discurso celebratório. “Estamos maravilhados de poder estar nesse país incrível”, disse, antes de saudar as outras bandas do festival e puxar a sardinha para a própria profissão. “A melhor coisa de se estar em uma banda é conhecer de perto os artistas que você ama.” A exclamação veio seguida de uma recomendação sincera: “Comece uma banda amanhã cedo e tenha os melhores momentos da sua vida!”.

Os efeitos na voz parecem ser os únicos artifícios utilizados pela cantora escocesa, 46 anos nada aparentes. Shirley exibiu a quantidade ideal de drama, elegância e agressividade, com olhares penetrantes e passos de balé, sem abalos e quase sem suar. Em “Queer”, hit do disco homônimo de 1995, o palco se transformou em um cabaré de cores variadas, e o volume das guitarras enfim venceu a voz. “Estar aqui é um sonho para nós”, declarou mais tarde Vig, que talvez seja mais conhecido por sua outra carreira no ramo musical – são deles as produções de álbuns clássicos dos anos 90, como Nevermind, do Nirvana, e Siamese Dream, do Smashing Pumpkins, além dos recentes 21st Century Breakdown, do Green Day, e Wasting Light, do Foo Fighters.

O desfecho foi reservado aos dois primeiros discos do Garbage, que juntos ocuparam mais de 50% do setlist de 15 músicas. Seguiram-se “Milk”, “Special”, “Push it” e talvez o maior hit da banda, “Only Happy When it Rains”, que ganhou introdução mais lenta com o teclado, e no qual Shirley deixou para o público a tarefa de cantar o refrão (o que fez com que perdesse um dos retornos ao verso – ela chegou a gargalhar com o erro). Contrariando o icônico título da faixa, ela sorriu constantemente para o céu aberto com a lua ao fundo – a chuva desapareceu com o anoitecer e não mais retornou.

Foram exatos 50 minutos, e não houve tempo para a última música prevista no repertório – “Vow”, de Garbage (1995). Mas para os fãs que esperaram por mais de 15 anos, já parecia bom demais.