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Fã-clubes ainda têm razão de existir?

Em tempos de internet e redes sociais, presidentes de grupos em homenagem a Michael Jackson e Led Zeppelin explicam o papel do fã-clube hoje

Bruno Raphael Publicado em 30/12/2011, às 10h30

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Michael Jackson - Mi
Michael Jackson - Mi

Outrora um grande meio de reunir pessoas em torno de um mesmo ideal, os fã-clubes parecem estar em estado de extinção ou, ao menos, de renovação. Com a chegada da internet e das redes sociais, a maneira de conceber um grupo de pessoas que é fã de um determinado artista se modificou. Em entrevista à Rolling Stone, os presidentes dos fã-clubes oficiais de Michael Jackson e Led Zeppelin no Brasil falaram um pouco sobre suas próprias experiências com a modernidade.

Líder do Zeppeliano Fan Club, Lula começou com a ideia em meados da década de 90, junto ao amigo "Tulula". Oriundo de Vargem Grande, interior do Rio de Janeiro, ele conseguiu o feito que poucos fãs conseguem: o de conhecer o próprio ídolo e manter contato com ele. Hoje em dia, no entanto, Lula se mantém reservado quanto ao fã-clube, acreditando que telefones e contatos pessoais são desnecessários em tempos de internet. Um dos problemas observados pela reportagem da Rolling Stone Brasil, aliás, foi que essas entidades se tornaram muito mais reclusas e seletivas, visto que agora a única forma de contato é se juntando a fóruns ou fazendo amizades no Facebook ou Orkut, sem encontros ao vivo.

"As pessoas não estão lendo muito e-mail, é mais fácil estar na rede social", opina Lula Zeppeliano, emendando em seguida uma longa história, claramente empolgado, sobre a oportunidade de conhecer o vocalista Robert Plant e o guitarrista Jimmy Page. "Nós fizemos um fanzine com capa colorida e mandamos pro Jimmy Page, MTV e Warner, pedindo pra ser o fã-clube oficial. Aí, pra minha surpresa, em 1994 o Page assinou e a MTV me mandou a carta dizendo que havíamos sido registrados como oficial. Daí eu conheci primeiro o Plant e [...] ele me apresentou o Page, na divulgação do disco Unledded (No Quarter, disco acústico ao vivo de 1994). Aí eu fiquei com as pernas trêmulas e, quando eu vi o Page, quase caí. O Plant me abraçou e o Jimmy me deu um beijo na testa. Aí pronto, cara."

A amizade com os ídolos rendeu a Lula boas emoções, como um convite por e-mail do próprio Page para ir ver o último show do Led Zeppelin até os dias de hoje, na London O2 Arena em dezembro de 2007. Segundo ele, o fã-clube hoje tem mais de quatro mil membros e atinge toda a América Latina. No entanto, o MySpace oficial não é atualizado desde 2008.

De menos palavras que o presidente do fã-clube do Led Zeppelin, Carla Jackson, representante do fã-clube de Michael Jackson no Brasil, acha que hoje em dia não existe fã-clube organizado. "Se existir, ainda não vi divulgado", diz. "Hoje em dia tem muitos grupos não Fã-Clubes. Com o surgimento das redes sociais, focamos mais nas mesmas, ou seja, 70% do fã-clube está online, nos reunimos esporadicamente e temos um evento anual que celebra a existência de Michael, do qual os fãs participam bem, mas na internet é onde está toda interação para nos reunirmos pessoalmente."

Refletindo sobre o crescimento do individualismo na maneira de se idolatrar os artistas, Carla ainda não acha que o fim dos fã-clubes está próximo."Não creio em um fim, estamos indo bem até hoje. A diferença é que as coisas sempre são especiais. E a questão de precisar de uma sede para ser um fã-clube nunca existiu conosco. Nós somos o fã-clube em si - mudamos o conceito da palavra fã-clube, mas não fugimos do ideal."