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Julian Casablancas diz que é frustrante comparação entre Strokes e trabalho solo

"O disco se tornou: 'ah, isso é o que ele faz quando está sozinho versus The Strokes' e isso é frustrante, conta Casablancas

Redação Publicado em 11/04/2019, às 14h22

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Julian Casablancas (Foto: Henrik Josef Boerger / AP)
Julian Casablancas (Foto: Henrik Josef Boerger / AP)

Há 10 anos, Julian Casablancas lançou o seu primeiro e único disco solo. O projeto chegou ao público em um hiato de quatro anos do The Strokes após o lançamento First Impressions of Earth - foi o primeiro intervalo da banda desde que eles se tornaram um fenômeno em sua estreia em 2001 com Is This It?, durante o qual os integrantes da banda foram buscar projetos paralelos.

Casablancas, enquanto isso, estava embarcando em uma fase de recente sobriedade, casamento e paternidade. Após o momento, o cantor lançou Phrazes for the Young em 2009. O resultado da obra foi algo conciso, mas complexo. Com oito músicas, ele desenhou de forma heterogênea suas novas influências de new wave, punk, soul e country - tudo isso unificado pela brilhante produção do próprio Casablancas ao lado de Jason Lader e Mike Mogis do Bright Eyes.

O álbum foi recebido com críticas mistas, e nos anos seguintes ao lançamento, Casablancas expressou seus sentimentos. Phrazes também inaugurou o lançamento do seu selo independente Cult Records, que lançou Karen O, The Growlers e Har Mar Superstar, e atualmente, é atual sede da base musical do The Voidz, banda de rock experimental formada por Casablancas.

Em uma recente entrevista para a Billboard, ele refletiu sobre os seus sentimentos em relação ao disco, a visão que ele criou sobre si mesmo e a indústria musical na última década.

Como Phrazes for the Young começou para você?

Eu tinha acabado de sair uma turnê de anos. Ainda não tinha recuperado o fôlego que eu tinha no começo, e demorei um tempo para me recuperar de toda as viagens, bebidas e tudo mais. O problema com a música é que não é como andar de bicicleta: se você parar de fazer isso, você terá que começar do zero de novo. Há uma certa quantidade de conhecimento que você retém, obviamente, mas eu estava realmente começando de novo.

Nós tínhamos todas essas estranhezas dentro das bandas na época - outras pessoas estavam fazendo discos, e havia um monte de problemas que eu tenho certeza que um psiquiatra poderia ter ajudado. O tempo ajudou e curou tudo o que na época era muito volátil. Eu realmente nunca quis fazer uma coisa solo, porque eu senti que o The Strokes já era algo meu. Mas testando umas coisas, eu decidi tentar fazer algo sozinho.

Como foi o processo de composição?

Eu sempre fiz trabalhos para mim desde o começo. Eu faço muitas demos e co-produzi a maioria das coisas em que trabalhei. Eu diria que foi uma espécie de experimento. Mas fazendo uma retrospectiva, eu estou cheio de arrependimentos sobre isso. Eu tive essas ideias diferentes, mas eu pensei "se eu for muito estranho, as pessoas não vão levar isso a sério", então eu fiz as ideias mais seguras. O que soou como um grande refrão, músicas mais fáceis de digerir. E então, talvez isso se tornou: 'ah, isso é o que ele faz quando está sozinho' versus 'The Strokes' e isso é irritante e frustrante.

Foi esse julgamento que você recebeu de fontes externas ou foi o seu próprio julgamento ao olhar para trás e relembrar do trabalho que fez com que você se sentisse: 'ah, isso não sou eu'?

Não é que não sou eu. Era eu, mas acho que você faz música metade para você e metade para outras pessoas. Além disso, havia algo sobre os sons do álbum que eu gravei que eu tive um problema. Quando estávamos gravando, havia algo que soava muito como computador para mim. Nós programamos beats que pareciam baterias eletrônicas e parecia mais pesado. Pouco a pouco as mixagens foram acontecendo, e o resultado final foi um pouco esquisito para mim. Eu quero me sentir bem, mas estranhamente houve uma invalidação das coisas que fiz pelo modo que as coisas aconteceram. Eu sinto que tenho lutado desde então. E isso pode ser uma coisa boa; um motivador, suponho, mas é por isso que tenho sentimentos mistos sobre isso em geral - psicológica e espiritualmente.

Se você pudesse voltar no tempo e conversar com o Julian de 2009, o que você diria?

Difícil dizer, porque eu não quero mexer com esse espaço-tempo. Eu só tive que aprender essas lições. Eu posso ver isso agora. É apenas tentativa e erro, na verdade. Mas eu tive que fazer isso em público. Eu não gosto de fazer isso. Eu gosto de aperfeiçoar as coisas e manter tudo em um nível. Essa tentativa e erro me motivou barrar a minha frustração.

Como você resumiria as lições que aprendeu com essa experiência?

Não fazer o que você acha que outras pessoas vão gostar. Você tem que se importar com o que as pessoas gostam, mas tem que ser algo que você sabe que ama. Eu não sei se isso faz sentido. Eu sempre discordei de pessoas que dizem que fazem música para si mesmo - Por que colocar isso pra fora? Você poderia fazer isso em sua casa e nunca liberá-lo. O que é legal e talvez mais admirável ou algo assim. Mas, de qualquer forma, há o extremo oposto: algumas pessoas - eu acho que as pessoas pop - são boas em saber o que outras pessoas vão gostar. Eu não sou bom nisso. Eu não posso imaginar. Enquanto eu fazia Phrazes, eu ficaria tipo “Eu acho que esse é um refrão que as pessoas vão gostar”, mas eu nunca trabalhei dessa forma. Sempre foi assim, tenho que saber no fundo; “Eu sei que isso é bom. Eu não me importo com o que alguém diz. Eu sei que é bom". E não é uma atitude egoísta dizer: 'Eu não me importo com que as pessoas pensam', é na verdade, uma coisa mais honesta com você mesmo. Eu sinto que sempre tive isso, mas perdi um pouco com o Phrazes. Eu não era como "eu sei que isso é bom" com tudo. Algumas coisas que eu pensava, “Eu acho que as pessoas vão gostar disso. Isso soa como a música que as pessoas vão gostar.” Eu acho que foi porque eu estava me afastando de algo familiar que eu era um pouco cauteloso demais. Eu me arrependo daquilo."

Você se arrepende porque estava seguindo algo diferente de sua intuição?

Sim. Mas não em todas as decisões. É uma coisa do último estágio quando você ouve, e você meio que sabe. Você é honesto consigo mesmo. Eu acho que sempre fui extremamente cruel e duro comigo mesmo. "Isso não é bom, isso não é bom." Se você é tão duro consigo mesmo, mas em algum momento, continuar tentando e tentando, eventualmente vai conseguir uma coisa. E isso te atinge de uma maneira diferente. É mais profundo, estranho e subconsciente esse 'ah, isso é bom'. É como quando algo toca um sino. Não sei como você prefere chamar esse tipo de realizações mais profundas. Mas eu acho que eu as ignorei um pouco."