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Keith Richards sobre atritos com Mick Jagger: "Somos o grão de areia que se transforma em pérola"

O guitarrista conta que após "Talk Is Cheap" passou a entender e respeitar Jagger

Rolling Stone EUA Publicado em 12/04/2019, às 14h14

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Keith Richards (Foto: Charles Sykes/AP)
Keith Richards (Foto: Charles Sykes/AP)

Em 1986, o futuro dos Rolling Stones era incerto. Em vez de pegar a estrada com o novo disco Dirty Work, Mick Jagger saiu como um artista solo. E então, Keith Richards fez algo que sempre resistiu: começou uma nova banda. O guitarrista reuniu um grupo de amigos que ele chamou de The X-Pensive Winos e se escondeu em um estúdio, em Quebec, para gravar Talk Is Cheap, que misturou memphis soul, reggae e rock.

O Talk Is Cheap foi reeditado para o seu 30º aniversário e teve faixas bônus com The X-Pensive Winos tocando com o pianista Johnnie Johnson e Chuck Berry. O disco deu a Richards uma nova perspectiva quando os Stones se juntaram novamente: "Eu passei a apreciar Mick em outros ângulos, no palco principalmente. É incrível ter feito parte de duas bandas maravilhosas".

Em entrevista exclusiva para a Rolling Stone EUA, o cantor refletiu sobre a sua trajetória com o disco e sua mudança de percepção em relação ao Mick Jagger

O Talk Is Cheap é uma das minhas coisas favoritas que você já fez. Você descobriu que isso é uma opinião comum dos fãs?

Sim, me falam muito isso. Foi incrível fazer parte de duas bandas. E os Winos, todos nós ainda somos amigos muito próximos. Eu e o Steve Jordan [baterista] ainda nos vemos muito e trabalhamos juntos. Estamos sempre trabalhando em segundo plano e nunca sabemos se algo acontecerá, mas isso nos mantém ativos.

Você nunca tinha feito um álbum solo antes. Foi assustador caminhar longe dos Stones?

Bem, pareceu que sim, porque era diferente de mim. Eu era estritamente Stones, Stones, Stones. Pensei: 'Eu tenho uma ótima banda'. Mas as circunstâncias me deram a oportunidade de trabalhar de novo e realmente encontrar outra banda incrível. É como se eu fosse duplamente abençoado. E os Winos ainda vivem em mim. Eu realmente sinto falta deles, na verdade. Eu os vejo com bastante frequência. Waddy Wachtel [guitarrista] trabalhou muito comigo no último álbum solo e no Crosseyed Heart. Basicamente, há um Wino em todas as faixas de alguma forma.

No passado, você disse que foi um erro quando os membros do Stones se aventuraram fora do grupo - eles acharam que poderiam fazer isso, mas não podiam.

O que me deixou feliz foi saber que eu poderia sair dos Stones e facilmente voltar atrás. Mas eu aprendi muito sobre ser um líder da banda. Eu passei a apreciar Mick em outros ângulos, no palco principalmente. É incrível ter feito parte de duas bandas maravilhosas, isso ampliou minha perspectiva do que todo mundo tem que fazer em uma banda. Isso me deu mais respeito por ele.

Como isso fez você respeitar mais o vocalista?

Você percebe que é isso o tempo todo; você não para. Com os Stones, eu estou em uma linda posição de poder seguir em frente sempre que quiser. Eu tenho escolhas. O vocalista não tem escolha.

Você disse que há certas pressões com os Stones que você realmente não tinha com os Winos. Que tipo de pressões você tem com os Stones?

Eu não sei, elas vêm e vão, basicamente. Eu sei que as pessoas querem falar sobre isso. Mas, na verdade, é muito difícil colocar em palavras porque as pessoas querem que eu fale sobre as tempestades feitas em copos d'água [risos]. A imagem que permanece é a mesma e sempre será: Basicamente, a maneira como eu olho agora é que é assim que Mick e eu somos. O grão de areia que se transforma na pérola da ostra. É essa pequena irritação que ocasionalmente produz a pérola. Essa é a maneira que eu vejo e eu permaneço firme para olhar para sempre.