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Lollapalooza: Nine Inch Nails promove mix de sensações no festival

Mesmo com público reduzido, Trent Reznor comandou show intenso, original e sem concessões

Bruna Veloso Publicado em 05/04/2014, às 23h52 - Atualizado em 08/04/2014, às 17h04

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Trent Reznor à frente do Nine Inch Nails no Lollapalooza 2014 - MRossi/Divulgação
Trent Reznor à frente do Nine Inch Nails no Lollapalooza 2014 - MRossi/Divulgação

Já era de se imaginar que, mesmo sendo um dos headliners do festival, o Nine Inch Nails não iria reunir o mesmo público de outras atrações do Lollapalooza 2014 – a banda teve hits nos anos 1990 e 2000, mas nunca foi exatamente um nome forte no mainstream. O Cage the Elephant, por exemplo, que tocou às 15h05 da tarde, no mesmo palco, conseguiu um público maior. Mas isso não quer dizer que o grupo de Trent Reznor não agradou. Pelo contrário – quem estava à frente do palco Onix viu um show intenso, e certamente um dos melhores do primeiro dia do evento.

Reznor, o criador do Nine Inch Nails, mostrou a que veio desde o primeiro disco da banda, Pretty Hate Machine (1989). O compositor e vocalista, hoje ganhador de um Oscar pela trilha sonora do filme A Rede Social, gravou tudo que se ouve neste álbum (exceto a bateria). A partir daí, sendo o único integrante fixo da banda que criou, conseguiu uma legião de fãs fieis – os quais compuseram a maior parte da plateia da apresentação no Lolla, ainda que ali também estivessem alguns desavisados, que foram deixando o local aos poucos.

O show começou com “Wish”, com as luzes estroboscópicas do fundo do palco indicando como seria o evento: um espetáculo em que a iluminação é amplamente casada com o som. “Me, I’m Not”, “Survivalism” e “Disappointed” são exemplos de como uma iluminação competente é capaz de compor uma atmosfera tão importante quanto um palco tecnologicamente elaborado.

Com a ajuda de mais três músicos, Reznor comandou uma apresentação envolvente – é possível sentir claustrofobia ao ar livre (“March of the Pigs”), falsa calmaria em meio ao caos (no verso principal da mesma “March of the Pigs”: “Now doesn’t that make you feel better”, ao som de piano emulado por um teclado), dor extrema (“Hurt”, que encerrou o show deixando os fãs arrepiados; a música, já regravada por Johnny Cash, é quase que um hino do sofrimento). Não é só: Reznor também deixa o ar sexy em “Piggy” e “Sanctified”, cujo baixo marcado foi suavizado ao vivo.

O baixo, aliás, é algo colocado em segundo plano no palco. As guitarras pesadas são sempre destaque, e por vezes camuflam uma das características mais interessantes do NIN: a capacidade de ser música eletrônica tocada ao vivo, de maneira tão original quanto uma banda que utiliza apenas instrumentos “orgânicos”. Reznor e seus companheiros de palco manipulam efeitos e a voz o tempo todo, na hora, de maneira extraordinária – e isso, quando bem feito, pode ser tão interessante quanto um bom solo de guitarra.

Por mais que tenha sido gratificante ouvir “The Hand that Feeds” e “Head Like a Hole” ao vivo, desapontou a ausência de duas ótimas músicas do disco Hesitation Marks (2013), os singles “Copy of A” e “Came Back Haunted”. A falta de "Closer" (que tem um dos versos mais sexualmente brutais da música pop e foi apenas citada ao fim de "All Time Low") também foi sentida. Mas nada que tenha comprometido o conjunto – o show do Nine Inch Nails foi explosivo e marcante, algo que se espera de qualquer apresentação em um festival.