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Mad Max: Estrada da Fúria é um clássico moderno do gênero ação e uma verdadeira porrada em todo mundo

Tom Hardy e Charlize Theron encaram o apocalipse em um reboot de tirar o fôlego

Peter Travers Publicado em 14/05/2015, às 19h05 - Atualizado em 28/02/2016, às 14h29

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Cena de <i>Mad Max: Estrada da Fúria</i> - Reprodução
Cena de <i>Mad Max: Estrada da Fúria</i> - Reprodução

Como descrever a brutal e brilhante bola de fogo cinemática que o diretor George Miller atira contra a gente em Mad Max: Estrada da Fúria? Tente algo como “infeno sobre rodas”, dada a obsessão veicular que move o filme. Já faz 30 anos desde que Miller, 70 anos, deixou para trás a trilogia Mad Max, estrelada por Mel Gibson vivendo Max Rockatansky, um guerreiro querendo vingar o assassinato da própria família. O local? Uma terra distópica dominada por gangues de motoqueiros e todo tipo de criminoso sádico. Desde então, Miller – um medico australiano que virou cineasta – mergulhou em um oasis de produções-família como Babe: O Porquinho Atrapalhado na Cidade e Happy Feet.

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Bem-vindo de volta, George. Sentimos sua falta na terra do sombrio e cruel. O muito aguardado novo Mad Max é um filme intenso, maduro, um épico de perseguição implacável alimentado por um orçamento (estima-se) de US$ 150 milhões e pela genialidade indiscutivelmente visionária de Miller. As crianças fanáticas por Happy Feet ficariam traumatizadas para sempre só de olhar para Max.

Isso quer dizer que o percurso por essa estrada de fúria sempre tem sentido? Não exatamente. Mas e daí? Entre na onda. O ótimo ator britânico Tom Hardy entra em cena no lugar de Gibson e ele interpreta Max à altura. Conforme ele nos conta no off, "Meu nome é Max. Eu mundo é fogo". Entendemos, amigo. Assombrado pelas visões de uma infância perdida, Max é capturado por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que também interpretou o vilão Toecutter no primeiro Mad Max), um chefão de guerra maluco que controla seus subordinados de um jeito bastante eficiente: controlando o fornecimento de água. Os soldados de elite de Joe se pintam de tinta branca, se entopem de leite materno para neutralizar a radiação e curtem uma fantasia fanática de uma erótica vida após a morte: “Eu vivo, eu morro. Eu vivo de novo!”.

A trama decola mesmo quando a confiável aliada de Joe, Furiosa (Charlize Theron), uma guerreira com um braço esquerdo mecânico, trai o chefe e vai embora em um carro forte carregando as cinco “esposas de estimação” de Joe, interpretadas por Rosie Huntington-Whiteley, Zoe Kravitz, Abbey Lee, Courtney Eaton e Riley Keough. (Keough é neta de Elvis – que tal isso como iconografia?). Quem parte na cola delas são os soldados mencionados acima, liderados por Nux (Nicholas Hoult, que está ótimo no papel).

Explosões não tem espaço nenhum em uma trama – criada por Miller e os corroteiristas Brendan McCarthy e Nico Lathouris – que é calcada em três palavras: Vai! Vai! Vai! O fato de os personagens parecerem tão vivos é crédito dos atores. No início, Hardy fica escondido atrás de uma mascara, algo parecido com a focinheira que ele usa como Bane em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. "Aposto que está louco para tirar esse negócio da cara”, diz Furiosa. Quando ela o vê por inteiro, Furiosa cria um laço com Max e dá para ver tudo isso nos olhos deles. Esqueça os diálogos. Miller fez o mesmo. Hardy e Charlize são um time explosivo, mas o destaque é todo dela. Está maravilhosa em uma performance sensacional que soma coragem e peso, se torna o coração e a alma do filme. O âmago feminista pode surpreender alguns fanboys, mas é ele que eleva o filme muito acima da horda da testosterona.

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Conforme Furiosa tenta se redimir com Max ao lado dela, Miller continua gerando imagens impactantes que vão caindo sobre você como uma chuva de meteoros – desde uma tempestade de areia furiosa até os soldados se catapultando de veículo a veículo e a visão escaldante do mundo pegando fogo. Miller evita o uso de chroma-key e efeitos digitais. Ele quer tudo de verdade. O trabalho dos dublês é top de linha. O longa foi majoritariamente rodado na África do Sul, no deserto de Namib, pelo talentoso diretor de fotografia John Seale (Mar em Fúria, O Paciente Inglês), de 72 anos. Miller o arrancou da aposentadoria especialmente para a ocasião.

Mad Max: Estrada da Fúria acabou comigo. Vai acabar com você. Então prepare-se para um clássico moderno do gênero ação. Você nem vai saber como foi que apanhou.