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Com precisão máxima e hits do passado, Metallica encerra noite mais pesada do Rock in Rio 2011

Em show tecnicamente impecável, banda concentrou repertório nos três primeiros álbuns, de 1983 a 1986

Pablo Miyazawa Publicado em 26/09/2011, às 04h02 - Atualizado às 20h29

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Metallica abre último show da noite com "Creeping Death", do disco <i>Ride The Lightning</i> (1984)  - AP
Metallica abre último show da noite com "Creeping Death", do disco <i>Ride The Lightning</i> (1984) - AP

O Metallica tocou para uma arena ganha no desfecho da terceira noite do Rock in Rio 2011, na madrugada desta segunda, 26. O público, aquecido por uma performance empolgada dos mascarados do Slipknot e pelos graves ensurdecedores de Lemmy Kilmister e seu Mötorhead, se deixou facilmente levar pela apresentação impecável do quarteto de São Francisco, possivelmente a maior banda de heavy metal de todos os tempos, tanto em álbuns vendidos quanto em influência e longevidade.

A apresentação pouco se diferenciou das últimas aparições do Metallica na atual turnê com o Big Four – ao lado das bandas amigas Slayer, Megadeth e Anthrax –, muito menos dos três shows do Metallica no Brasil em janeiro de 2010: a abertura com a vinheta de luxo “The Ecstasy of Gold” (trilha do filme Três Homens em Conflito, de 1966), emendada por uma versão na velocidade da luz de “Creeping Death”, do álbum Ride the Lightining (1984). Subindo ao palco com meia hora de atraso em relação ao previsto, era como se o Metallica não quisesse desperdiçar nenhum segundo em solo carioca. Na sequência, outra faixa do mesmo disco: “For Whom the Bell Tolls”, cantada em coro por milhares de fanáticos. “Fuel”, de Reload (1997) foi coroada com efeitos pirotécnicos. “Vocês estão se sentindo bem? Porque eu estou melhor”, provocou o vocalista/guitarrista James Hetfield antes de chamar “Ride the Lightning”, do álbum homônimo de 27 anos atrás.

Impecável, a banda não se permitiu deslizes ou notas fora do lugar. Nem o solo de Kirk Hammett, cedo demais para apenas 20 minutos de show, dispersou a empolgação da plateia carioca, que desde 1998 não assistia a um show do Metallica. “Fade to Black”, a quarta faixa do repertório pinçada de Ride the Lightining, levantou mais celulares ao alto do que isqueiros acesos. No gancho pesado da música, Hetfield acidentalmente acionou o captador errado da guitarra, resultando em um riff sem peso e esvaziado. No intervalo, o músico tirou sarro da falha técnica. ”Normalmente é mais pesado que isso”, brincou.

Seguiram-se faixas de Death Magnetic (2009), primeiro álbum a contar com a participação efetiva do baixista Robert Trujillo: em “Cyanide” e ”All Nightmare Long”, Hetfield aproveitou para subir na plataforma da bateria e interagir com o parceiro Lars Ulrich, com quem toca junto e convive há mais de 30 anos. “Sad But True”, que já foi hit das FMs, foi abraçada e entoada pelos fãs. “Welcome Home (Sanitarium)” e a instrumental “Orion”, ambas de Master of Puppets (1986), deixaram claro que a noite serviu como homenagem aos antigos seguidores do Metallica: mais da metade do set list foi destinada a músicas dos três primeiros discos, lançados entre 1983 e 1986. Após “Orion” e antes da clássica “One”, Hetfield evocou outro símbolo dos velhos tempos, com uma homenagem ao falecido baixista Cliff Burton, morto em um acidente de ônibus com a banda, na Suécia, em 1986. “Você está nos nosso corações!”, exclamou o frontman.

“Master of Puppets” foi recebida como clássico pela multidão, que cantarolou até o solo dobrado de Hetfield e Kirk Hammett. Todos pareciam à vontade e sorridentes, revelando um interessante contraponto à sisudez dos temas abordados pelo Metallica em suas canções – horrores da guerra, pena de morte, pragas egípcias, corrupção, pesadelos noturnos, e por aí vai. Na violenta “Blackened”, faixa de abertura de …And Justice for All (1988), a exaustão do público ficou evidente. Hammett esfriou os ânimos com mais um solo de guitarra em que deixou até escapar certa inspiração brasileira. “Nothing Else Matters”, certamente uma das músicas mais populares dos 30 anos de carreira do Metallica, fez o público repetir o esquema “nuvem de celulares/refrãos em coro”. No sucesso absoluto “ Enter Sandman”, com o qual a banda chutou as portas para o mainstream em 1991, dezenas de milhares saltavam de braços levantados ao ritmo do indefectível riff grooveado. Diante da massa disforme suada e vestida de preto, Hetfield e os comparsas pareciam incrédulos e felizes.

Ao final de um final de semana de shows concorridos e incontáveis atrasos, o cansaço era regra geral na Cidade do Rock. Mas ainda havia tempo para o Metallica recuperar três faixas de seu primeiro álbum, Kill’em All, de 1983. “Am I Evil”, cover do Diamond Head, a chicotada “Whiplash” e o hino “Seek & Destroy” (sob luzes acesas) fecharam o que pareceu ser o melhor show da primeira metade do Rock in Rio 2011. Ao final de três dias de festival, há uma certeza apenas: nenhum outro será tão pesado quanto este domingo, 25 de setembro – o dia em que o metal pesado invadiu e abalou as estruturas do horário nobre brasileiro.

Set list:

“The Ecstasy of Gold”

“Creeping Death”

“For Whom the Bell Tolls”

“Fuel”

“Ride the Lightining”

“Fade to Black”

“Cyanide”

“All Nightmare Long”

“Sad But True”

“Welcome Home (Sanitarium)”

“Orion”

“One”

“Master of Puppets”

“Blackened”

“Nothing Else Matters”

“Enter Sandman”

Bis:

“Am I Evil?”

“Whiplash”

“Seek and Destroy”