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Mostra resgata obra do animador e cartunista Bill Plympton

O artista, que colaborou com a Rolling Stone EUA, ganha retrospectiva completa em São Paulo e no Rio de Janeiro

Paulo Cavalcanti Publicado em 15/04/2016, às 16h39 - Atualizado às 17h24

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Bill Plympton - Seth Olenick/Divulgação
Bill Plympton - Seth Olenick/Divulgação

Já está em cartaz a mostra Bill Plympton - O Rei da Animação Independente, que traz pela primeira vez ao país uma retrospectiva completa do animador e cartunista norte-americano Bill Plympton, conhecido pelo curta indicado ao Oscar Your Face, entre inúmeras outras coisas. Ao todo serão projetados 45 filmes, sete longas-metragens e 38 curtas. No Rio de Janeiro, as exibições começaram no dia 12 de abril e vão até o dia 24 do mesmo mês, na CAIXA Cultural RJ. Já em São Paulo, a mostra acontece de 14 a 20 de abril, no CAIXA Belas Artes.

Esta é a terceira vez que Plympton vem ao Brasil, mas das outras vezes estava como turista. “Sei que tenho muito fãs aqui, por causa do [festival de animação] Anima Mundi”, ele conta. “Então, acho que esta retrospectiva completa sobre minha obra vai ser legal para bastante gente.”

Os locais da mostra também abrigarão debates sobre animação e uma master class com o artista. Em São Paulo, a ela acontece nesta sexta, 15, às 18h30, no, e no Rio de Janeiro, será no domingo, 17, também às 18h30.

Bill Plympton, de 69 anos, é aquele tipo de artista cujos trabalhos muita gente já viu, mas nem sempre sabe que são de autoria dele. Começou como cartunista nos anos 1970 e teve trabalhos publicados em revistas e jornais como The Village Voice, Vogue, Vanity Fair, Penthouse e Playboy. Mas foi na Rolling Stone norte-americana que Plympton deixou sua marca, tendo feito regularmente ilustrações sobre política, música e todo o tipo de assunto. Ele relembra: “Na verdade, eu sempre quis mesmo ser animador”, diz. “Adorava os desenhos antigos da Warner Brothers. Foram aqueles trabalhos malucos que me motivaram”. Quando saiu da faculdade, ele foi trabalhar com mídia impressa. “Precisava ganhar dinheiro. Por isso, fiquei tanto tempo fazendo cartuns e ilustrações. Mas mexer com storyboards por tanto tempo só atiçou a minha criatividade”, explica.

Em meados dos anos 1980, ele começou a se dedicar em tempo integral ao universo da animação e a desenvolver um estilo único. Além do surrealismo das situações que cria, o trabalho dele chama atenção pelo traço minimalista. “Eu comecei sem nenhum dinheiro, por isso tive que apelar para os recursos que tinha, que eram inexistentes”, ele brinca. Plympton também faz questão de ser independente e ficar longe de grandes corporações.

O fato é que, desde que começou, nunca parou. O currículo dele é extenso demais para ser detalhado aqui. Ele foi indicado ao Oscar em mais uma ocasião, além da citada acima, com um dos filmes da série Guard Dog. Também fez trabalhos para a MTV e ajudou na animação de vários episódios de Os Simpsons.

O próximo projeto de Plympton já está causando polêmica. É um "mockumentary" (história fictícia narrada como se fosse documentário), ainda sem título, que deve mostrar um universo paralelo em que Adolf Hitler, em vez de se tornar o que se tornou, resolve seguir o ofício de cartunista. “Todo mundo sabe que Hitler era um artista frustrado”, fala Plympton. “Então, como seriam os cartuns de Hitler, o artista, não o ditador?”. Mas o animador está enfrentando problema, já que três profissionais desistiram de trabalhar no projeto por causa do tema. “Acho que Hitler ainda é um tabu”, ele diz. “Mas hoje também tem toda essa coisa do politicamente correto rondando. Parece que as pessoas não gostam de serem incomodadas. Por isso temos que trazer de volta o bizarro e sempre cutucar o que é tradicional e conservador”, conclui o artista.