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Iê-iê-iê moderno

Nevilton sai de Umuarama, interior do Paraná, para buscar o sucesso com rock indie abrasileirado

Por Fernanda Catania Publicado em 02/03/2010, às 08h09

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Chapolla (bateria), Lobão (baixo) e Nevilton de Alencar (vocal e guitarra): o trio Nevilton se prepara para lançar o primeiro disco da carreira - Divulgação
Chapolla (bateria), Lobão (baixo) e Nevilton de Alencar (vocal e guitarra): o trio Nevilton se prepara para lançar o primeiro disco da carreira - Divulgação

Misture elementos de música brasileira com um rock de pegada inglesa. Agora, acrescente letras poéticas em português e coloque na voz de um garoto extremamente carismático. Este é o Nevilton, trio de Umuarama (PR), encabeçado pelo vocalista e guitarrista de 22 anos que dá nome ao grupo.

Depois de três anos de história, Nevilton de Alencar, Tiago "Lobão" Inforzato (baixo) e Éder "Chapolla" (bateria), que substitui Fernando Livoni desde agosto do ano passado, se preparam para o lançamento do primeiro disco da carreira. Neste mês, a banda disponibilizou de graça na internet o EP Pressuposto (baixe no site oficial), com cinco músicas autorais - todas compostas pelo vocalista -, para aquecer a chegada do álbum De Verdade, previsto para sair no meio do ano. Duas faixas do EP, "Pressuposto" e "Vitorioso Adormecido", estarão no álbum, que terá 15 músicas no total.

A ideia de colocar tudo na internet é uma estratégia de divulgação do grupo. "Claro que não vamos colocar as 15 músicas do disco. Quem gostar do EP vai comprar o CD. E, se a gente não disponibilizasse na internet, alguém ia acabar fazendo isso", explicou o cantor em entrevista ao site da Rolling Stone Brasil.

Além de mostrar o que vem por aí no disco, Nevilton disse que a ideia é levar algo diferente ao público que espera músicas novas. "É muito difícil para mim, acho que você consegue explicar melhor do que eu", disse o vocalista ao tentar definir a proposta "diferente" de sua banda. Pois é exatamente isso: Nevilton é difícil de explicar justamente por fugir do comum. São três roqueiros que gostam desde rock noventista, estilo Pixies e Nirvana, até música brasileira, como Cartola, Erasmo Carlos, Chico Buarque e o som mais contemporâneo do Los Hermanos. "Ouvir Erasmo me emociona", confessou o tímido vocalista, que, ao mesmo tempo, é viciado em clássicos do rock, como Led Zeppelin.

Nevilton, o homem, prefere simplificar e dizer que o grupo faz um "rock presidencial". Ele explica brincando: "Esse negócio de música autoral não dá grana. Então, no começo, em vez de comprar cerveja, a gente comprava um conhaque barato chamado Presidente. Aí pegou: fazemos o rock do conhaque Presidente. O Nevilton também pode ser um drink". Toda essa história é só para dizer que a pegada do trio paranaense lembra a da Jovem Guarda: despretensiosa e divertida - atitude extremamente perceptível quando os três estão no palco.

Mais desinibido depois de alguns minutos de conversa, Nevilton deixou a modéstia de lado para explicar o nome do trio: "Eu quis ser o Belchior, ou o Fagner, do grupo", disse, aos risos. "Na verdade, a gente vinha de uma banda que não tinha dado certo. Como eu quis continuar com minhas próprias composições, era melhor deixar no meu nome porque, caso não desse certo, eu pelo menos não iria desistir".

O cantor se refere à extinta banda de covers Superlego, que ele criou com Lobão em 2005, mas que acabou em um ano de estrada. Logo depois, em 2007, os dois seguiram para Los Angeles, nos EUA, para conhecer de perto o cenário do rock independente local. De volta a Umuarama, colocaram os projetos do Nevilton, o grupo, em prática, junto ao antigo baterista, Fernando. "Deu certo porque estamos em menos gente. Em cinco pessoas a negatividade era maior."

Da papelaria aos estúdios

Nos fundos da papelaria de dona Marlene, mãe de Nevilton, há um depósito repleto de cadernos e caixas. Lá fica o estúdio caseiro do trio, localizado em Umuarama e apelidado carinhosamente de "sombrero", por ser "algo que você pode levar para onde quiser e sempre vai te ajudar, porque tem uma sombrinha bacana".

Para a produção do primeiro disco, o trio abandonou o "sombrero" e partiu rumo a São Paulo, com o objetivo de gravar em "um estúdio de verdade" (no caso, o YB). "Tivemos uma grande experiência. Antes tínhamos menos técnica e talvez até menos dedicação, por não saber tudo o que podíamos fazer", completou.

Agora, com mais maturidade, o grupo paranaense pretende ir longe. Até o lançamento de De Verdade, no meio do ano, os três integrantes viajam em turnê. Em abril, eles tocam no festival Abril Pro Rock, em Recife (PE), e depois emendam uma viagem pelo nordeste. Além de ir atrás de parcerias para emplacar alguns projetos, como a produção de videoclipes, a maior meta do Nevilton para 2010 é aumentar o número de apresentações. "Em 2009 tocamos cerca de 50 shows. O objetivo deste ano é fazer no mínimo cem".