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O que o final da 2ª temporada de Sex Education ensina sobre os relacionamentos modernos

Entre conflitos amorosos e descobertas sexuais, a segunda leva de episódios da série original da Netflix nos trouxe bons pontos para refletir sobre as relações

Nicolle Cabral Publicado em 20/01/2020, às 16h04 - Atualizado às 16h05

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Ncuti Gatwa como Eric, Emma Mackey como Maeve e Asa Butterfield como Otis em pôster de Sex Education (Foto: Divulgação / Netflix)
Ncuti Gatwa como Eric, Emma Mackey como Maeve e Asa Butterfield como Otis em pôster de Sex Education (Foto: Divulgação / Netflix)

[Atenção! Esta publicação contém spoilers da 2ª temporada de Sex Education]

A segunda temporada da produção original da Netflix, Sex Education, entrou no catálogo da plataforma na última sexta, 17. Com novos personagens, mais conflitos amorosos, descobertas sexuais e, de fato, muitos ensinamentos sobre sexo, a série dirigida por Laurie Nunn foi maratonada e muito comentada durante o final de semana pelos fãs nas redes sociais. 

Alguns, inclusive, ficaram decepcionados com o desfecho da segunda leva de episódios, visto que os dois trailers divulgados pelo serviço aumentaram as expectativas sobre o possível (e tão esperado) relacionamento entre Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Asa Butterfield).

No final da primeira temporada, a personagem foi atrás dele para finalmente se declarar, mas acabou o encontrando com Ola (Patricia Allison) - a atual namorada de Otis nesta temporada. 

No entanto, mesmo com o recorrente desencontro dos protagonistas ao longo da série, a segunda temporada de Sex Education nos apresentou várias novas narrativas e personagens com jornadas pessoais com muito potencial de desenvolvimento para as próximas temporadas (a Netflix, até o momento, não confirmou a 3ª leva de episódios). 

A produção cresceu muito de um ano para o outro e abordou temáticas adolescentes de extrema importância, tais como: a diversidade de gênero, abusos e assédios sexuais, doenças sexualmente transmissíveis, alcoolismo e uso de drogas, ética profissional, feminismo x machismo e relações tóxicas. Além disso, é claro, a série se revelou como uma grande aula de educação sexual. Veja aqui as 6 cenas com mais Sex Education de Sex Education

Todo esse leque de narrativas, é claro, chegam à uma peça central: relacionamentos. Tendo isso em vista, preparamos uma lista com o que finalmente aprendemos com o desfecho da segunda temporada, leia abaixo: 

Sobre aprender a amar alguém - e ter o próprio espaço 

Nos primeiros episódios da segunda temporada de Sex Education, vemos o primeiro conflito que ameaça a aproximação entre a Dr Jean Milburn (Gillian Anderson) com o filho, Otis: a relação amorosa com Jakob (Mikael Persbrandt), pai de Ola, atual namorada do personagem. 

Em vários momentos, Otis não consegue aceitar a relação entre os dois personagens, visto que teoricamente ele estaria namorando com a meia-irmã, caso eles continuassem juntos. Com isso, ele enfatiza a Jakob que a mãe "não é do tipo que namora" para tentar afastá-lo. 

Jean acaba o confrontando e assume o relacionamento estável com Jakob ao dizer que os dois estão namorando. Porém, ao longo dos episódios, Jean se mostra incapaz de acostumar com uma relação a dois da maneira que Jakob propõe por sentir necessidade de ter o próprio espaço e individualidade (o que parece não ser tão essencial assim para Jakob). Por esta, e outra razão (ter beijado o pai de Otis), os dois acabam discutindo e terminam. 

Após o término, a personagem se mostra abalada em alguns momentos, mas apenas no oitavo episódio, ela cai em si de que está vivendo o luto do fim da relação com o Jakob quando vai ao médico e reclama de "dores no peito" e o diagnóstico é: Jean está com o "coração partido".

Inicialmente, ela reluta e responde: "Sou terapeuta sexual e de relacionamentos, aposto que eu saberia se estivesse sofrendo de coração partido". O que não é verdade, afinal, ela nunca viveu uma relação em que amou verdadeiramente alguém como ama Jakob.

A lição que tiramos do desenvolvimento da narrativa dessa personagem é que às vezes não conseguimos entender o que é amar alguém e se relacionar com ela porque estamos muito acostumados a seguir a vida sem uma pessoa do lado (o que, até certo ponto, está tudo bem) e por traumas do passado. Jean, por exemplo, foi traída pelo pai de Otis várias vezes ao longo do casamento por ele ser viciado em sexo.

Por outro lado, Jean pontua algo muito importante e necessário: estar ao lado de alguém não significa perder a própria individualidade. Isso parece óbvio, mas um casal é formado por dois, e em muitos relacionamentos, as pessoas se perdem no universo um do outro e deixam de ser quem são para se tornarem uma "pessoa só". 


 Relações cômodas 

Na primeira temporada, Maureen Groff não parecia ser uma personagem que ganharia tanto destaque no segundo ano da narrativa. Afinal, o foco era apenas na relação fria e conturbada entre o filho Adam Groff e o pai, Sr. Groff (e diretor do colégio Moordale) e a descoberta sexual ao lado de Eric. Mas na segunda leva de episódios, a mãe de Adam brilha ao pintar um retrato sobre uma relação que dura há anos, mas apenas por puro comodismo. 

Ao sentir necessidade de conversar sobre a relação com o marido que a vinha incomodando, Maureen decide se consultar com a Dr. Jean Milburn (que foi convidada pela diretoria da escola para reestruturar o currículo de educação sexual da instituição). Com isso, as duas personagens de aproximam, e Jean tenta dar alguns conselhos para Maureen "apimentar" a relação com o Groff - que não a toca há seis anos. 

Entre as tentativas, ela se satisfaz sozinha sexualmente com um vibrador, e depois de muitos anos, enfim, tem um orgasmo. Após isso, a personagem se mostra mais aberta para se desprender do relacionamento que a angustia por Groff não se mostrar disposto à se aproximar amorosamente e sexualmente da própria esposa. Com isso, ela acaba pedindo divórcio e para que ele saía da casa. 

A sensação que o desenvolvimento dessa personagem nos traz é de liberdade como um completo desprendimento de uma relação que a deixa infeliz para poder se amar em primeiro lugar. Consequentemente, a separação dos pais mostra Adam muito mais a vontade para se assumir bissexual (e o relacionamento com Eric) já que a relação que tem com a mãe sempre foi muito mais segura e amorosa. 


Sinceridade, acima de tudo 

Não há a menor dúvida de que Eric é um dos personagens preferidos de Sex Education. E nesta temporada, os fãs ficaram felizes ao ver o personagem ganhando uma narrativa mais profunda sobre relacionamentos ao conhecer o novo aluno Rahim (Sami Outalbali). 

Com a chegada de Rahim em Moordale todas as atenções são voltadas para ele. E logo de cara, ele se mostra interessado por Eric. Inicialmente, o personagem, ainda machucado pela partida de Adam (que foi mandado para o exército pelo pai na primeira temporada), não entende que Rahim quer tê-lo por perto. 

No entanto, com o passar dos episódios, Eric e Rahim se envolvem românticamente e o retorno de Adam o deixa completamente confuso. A relação entre Eric e Rhaim, que até o momento parecia ideal para o personagem, acaba perdendo o brilho. 

Ao viver esse triângulo ao amoroso, em vários momentos, a série fez contrapontos entre as duas relações amorosas de Eric. Por exemplo, enquanto Rahim não tinha nenhum problema em assumir a relação com o Eric, o acompanhava em todas as ocasiões, lhe dava carinho e atenção, Adam ainda estava tentando se descobrir sexualmente e o encontrava apenas à noite e escondido de todos. 

Cada vez mais confuso, Eric acaba não sendo sincero com Rahim sobre o que estava sentindo, e no último episódio, quando Adam se declara para ele na frente de todos no colégio na apresentação de Shakespeare, ele simplesmente decide ficar com Adam, mesmo depois de ter aceitado namorar Rahim e falar que o amava. 

No final, Rahim e Eric tem um confronto e o personagem levanta um ponto importante, e sempre enfatizado ao longo dos episódios, ao dizer para Eric: "Tome cuidado. Ele [Adam] pode pegar na sua mão, mas não sei se vai te segurar". 


Tudo bem se apaixonar por quem já te machucou? 

Ao que tudo indica, Adam e Eric vão se envolver romanticamente na possível próxima temporada de Sex Education. No entanto, a relação dos dois deve ser olhada com atenção. Afinal, durante a primeira temporada Adam foi responsável por fazer bullying com Eric e o personagem sofreu muito com isso. 

Mesmo que Adam tenha um conflito interno muito intenso, é preciso ficar atento se ele é realmente a pessoa certa para estar com Eric e que o relacionamento entre os dois não será tóxico. A relação do casal, afinal, surgiu de sentimentos reprimidos, por parte de Adam, e muitas dores vividas por Eric. A questão que fica é: será que realmente vale a pena estar com alguém que te machucou tanto e acreditar que isso não vai acontecer de novo? 


 Sobre só gostar e amar alguém (e ser sincero em relação a isso) 

Metade dos fãs ficaram contentes quando viram que Otis finalmente seria feliz em uma relação ao ter encontrado Ola, mas essa mesma metade também ficou com o coração partido ao ver Maeve tentar se declarar para Otis no final da primeira temporada e não conseguir. 

Quando a segunda temporada começa, vemos que Otis e Ola tem algumas coisas em comum (mas elas não parecem ser suficientes). Os personagens, mesmo que expressem gostar um do outro, não se sentem tão a vontade como Otis se sente, por exemplo, ao lado de Maeve. 

Por isso, quando ela retorna à escola, Otis fica meio abalado e para o azar (ou sorte) dele, Maeve decide se declarar justamente no dia em que faria sexo pela primeira vez com Ola. Essa informação, é claro, deixou Otis completamente tenso e confuso sobre o que estava sentindo no novo relacionamento. 

Desconfiada, Ola confronta Otis mas em nenhum momento ele é sincero sobre como estava sentindo. Quando Ola toma controle da situação - ela decide que não quer estar mais ao lado de Otis por não amá-lo e acreditar que ele também não a ama -, Otis não lida bem com a rejeição, mas percebe que realmente nunca superou Maeve. 


A vida é feita de desencontros (e muita falta de comunicação) 

Para quem esperou um ano pela segunda temporada e pelo romance entre Maeve e Otis, com certeza, ficou com raiva do desfecho da narrativa. 

Inicialmente, os fãs esperavam que eles retomariam as atividades da clínica, e com isso, se reaproximariam e finalmente ficariam juntos. No entanto, nada disso aconteceu. A clínica deu errado, Otis não conseguiu lidar com a volta de Maeve, tentou continuar com Ola quando claramente não gostava tanto dela, e claro, foi completo idiota com as duas personagens. 

Quando ele finalmente se deu conta do que havia feito - e do quanto ama e quer estar com Maeve - foi até a casa dela para dizer como se sentia. Mas por um acaso do destino (tá tudo bem, isso acontece), Maeve havia saído para comprar ingredientes para fazer omelete para o vizinho, Isaac (George Robinson), que está completamente apaixonado por ela. 

Ao chegar no trailer de Maeve, Otis encontra com Isaac e pede para que ele diga à ela que passou lá e para ouvir as mensagens de voz que havia enviado. Claramente ele não vai fazer isso, já que nos últimos segundos do episódio vemos Isaac apagar a mensagem em que Otis finalmente se declara para Maeve e diz que a ama. (Sério, Otis, se você quer se declarar para alguém e ela não está em casa: senta e espera. Ninguém ouve mensagem de voz).


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