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“Tentamos nos hipnotizar durante o workshop para o filme e ninguém conseguiu”, conta Vincent Cassel sobre Em Transe

O ator está no novo filme de Danny Boyle, que tem a hipnose como pano de fundo

Stella Rodrigues Publicado em 03/05/2013, às 11h57 - Atualizado às 12h17

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Vincent Cassel - Em Transe - Divulgação
Vincent Cassel - Em Transe - Divulgação

"A coisa mais importante para mim, certamente, é o diretor”, diz Vincent Cassel, refletindo sobre sua trajetória no cinema. O ator, que há quatro meses adotou o Rio de Janeiro como lar, tirou um dia para conversar com jornalistas e lançar seu mais novo projeto, o longa Em Transe, de Danny Boyle, um thriller que leva aos extremos o conceito de “drama psicológico”, para o bem ou para o mal. “Estou falando de diretor de verdade, não alguém contratado pela produtora. A personalidade, a visão artística de uma pessoa. Quando o roteiro é bom, mas o diretor é de merda, não dá certo”, continua ele. “Sem roteiro, mas com um diretor de visão forte, você pode fazer uma coisa interessante. Já fiz isso, aliás.”

O ator relembra o último grande projeto de Boyle, 127 Horas, que saiu quando ele estava envolvido em outra grande produção, Cisne Negro. “Ele é louco por fazer sempre coisas diferentes e isso é uma prova de inteligência, para mim. Diretores assim não vão envelhecer”, ele fala sobre Boyle. “Mas o principal é que é um bom diretor de atores, ele vem do teatro, gosta de trabalhar com atores. Quando chega no set, ele já quase não fala mais, porque já passamos dez dias na mesa de leitura. Não sabia dessa relação dele com atores.”

O filme, ou pelo menos seus dez primeiros minutos, mostra como o leiloeiro de arte Simon (James McAvoy) colabora no roubo de uma pintura que vale milhões e, durante a ação, sofre um golpe na cabeça. Ao se recuperar do golpe, se depara com um cenário em que a obra está desaparecida, os gângsteres (liderados por Cassel) com quem estava trabalhando não estão nada contentes e ele não consegue se lembrar do que aconteceu após receber a pancada. O grupo, então, recorre à hipnose para tentar recuperar a informação, contando com a ajuda de uma especialista (Rosario Dawson). A trama soa parecida com muitas outras, costurando heist films dos anos 70 e suspenses psicológicos, mas na verdade é, realmente, uma colcha que separa bons retalhos de alguns gêneros. Essa é apenas a premissa do filme, que vira e revira a cada cena tudo que foi estabelecido.

Crítica: Danny Boyle viaja pelos estados alterados da mente na obra-prima visual Em Transe.

“Gostei mesmo quando vi que ele ia me usar para um papel de mau, mas que ao mesmo tempo assume um papel romântico no filme”, diz Cassel sobre seu personagem, Franck, que se envolve com o de Rosario Dawson. “Para mim a coisa mais importante – porque já fiz muito gângster na vida – é que ele tem que ser normal. Nada de bigode, relógio, essas coisas. Ele é um homem de negócios. Ele não machuca ninguém, faz um trabalho profissional, entra, rouba, e sai. Se um dia eu for ser ladrão, é como eu faria”, afirma, rindo. “Na cabeça dele, não fez nada de mal, foi o personagem do James McAvoy quem fez algo errado. Quando o roteiro já vem bem escrito, você não precisa fazer mais nada, só experimentar o momento. Por isso é importante trabalhar com um diretor verdadeiro, que assume o resto das funções.”

Uma das forças desse roteiro, para ele, está no fato de que a personagem feminina é muito mais forte do que as que costumamos ter em produções do gênero. Sem entregar muito sobre os muitos papeis que a personagem de Rosario Dawson assume, Cassel reflete sobre o aspecto manipulador dessa mulher, Elizabeth, que fica ao centro de um triângulo amoroso. “As mulheres são muito mais manipuladoras porque, na história, os homens sempre foram mais fortes e as mulheres tinham que manipular para conseguir as coisas”, acredita. “O poder do cinema está mais na mão dos homens, há muito mais diretores homens. O papel dessa mulher, linda e forte, me atraiu também para o filme. É demais para os homens aceitarem uma mulher linda e inteligente.”

Vale destacar que se a graça do longa está nessa tortura da incerteza que fica na mente do espectador, não é indicado aplicar muito preciosismo à forma como a hipnose é vista, do ponto de vista psicológico, já que a função dela ali é de ser um tratamento com uma certa aura mágica, longe até da realidade que os atores experimentaram. “Estou pronto para acreditar em tudo”, diz Cassel. “Mas tentamos nos hipnotizar durante o workshop para o filme e ninguém conseguiu. Acho que você tem que querer, estar carregado de algo que você queira resolver, aí acho que funciona.”

Assista ao trailer de Em Transe abaixo: