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Slash fala sobre apresentação dos integrantes do Guns N' Roses no Hall da Fama do Rock

"Até o último minuto, eu achei que Axl ainda ia comparecer", disse o guitarrista

Brian Hiatt Publicado em 25/04/2012, às 17h44

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Slash - AP
Slash - AP

Como a maioria dos fãs do Guns N’ Roses, Slash torceu para que a formação original da banda pudesse deixar suas diferenças de lado no início deste mês para a cerimônia de indicação ao Hall da Fama do Rock and Roll e para se apresentarem uma última vez. Desnecessário dizer que isso não ocorreu. Alguns dias após o evento, Slash correu para o telefone com o repórter Brian Hiatt, da Rolling Stone EUA, enquanto viajava de trem da Holanda para a França, para compartilhar seus sentimentos em relação à cerimônia.

Você sequer considerou apenas não ir à cerimônia?

O meu problema todo foi que eu, do fundo do meu coração, queria ter a banda original inteira se apresentando e realmente tocando, o que eu sabia que era pedir demais. Quando surgiu esse lance todo, era basicamente o que eu queria fazer. Ficou aparente que não ia acontecer. Foi como, “ah, porra”, e eu me desiludi com a parada toda, mas havia um comprometimento de que eu deveria ir, e eu achei que Axl ainda ia comparecer, e eu acreditei até o último minuto em que ouvi que ele não viria, então todos decidimos apenas seguir em frente e tocar, de qualquer forma. Mais cedo, quando tudo estava mais confuso do que o necessário, eu tenho de admitir, foi como: “ah, porra, eu não quero ir nisso se não vamos tocar”, apesar de nuncar ter dito: “eu não vou”. Mas ficou uma espécie de nuvem negra pairando por uns meses, ali. Antes de eu pensar que iríamos aparecer e não tocar, que era o que eu realmente estava disposto a fazer.

Em que ponto você decidiu tocar?

Foi literalmente dois dias antes da cerimônia. O dia em o comunicado de imprensa saiu e Axl disse que não ia comparecer, que recebemos os prêmios Golden Gods, e eu estava no vestiário em que Duff e eu conversamos. Nós dissemos: “Ok, vamos apenas nos juntar e tocar”, e Duff disse: “Nós devemos chamar Myles”. Eu estava conversando com ele sobre quem devia cantar, e eu achei que Duff mesmo poderia. Ele e Gilby. Mas Duff disse: “Que tal Myles?” Isso ainda não havia me ocorrido, realmente. Falei com Myles a respeito, ele estava apreensivo de se colocar naquela posição. De primeira, ele recusou, mas finalmente disse: “Ta, eu faço”. Nós nos juntamos e tocamos como em uma parte do ensaio que tínhamos feito uma noite antes e fizemos nosso papel.

O que foi como uma parte do ensaio? Assisti-lo, não é tão diferente do Velvet Revolver, mas deu uma sensação muito diferente

Eu não tocava com Gilby há muito tempo, e não tocava canções do Guns com Steven [Adler] em fodendo 18 anos ou coisa assim. Foi como uma linguagem estrangeira de início, o primeiro ao vivo, 10 minutos de qualquer músicas que tocássemos, levou um segundo e, em alguns minutos, tudo se encaixou. Foi legal, nos divertimos para caralho.

Isso vinha pesando para Steven há um longo tempo, e ele disse que sente isso como o fim de um capítulo e que ele pode seguir em frente

Sim, eu acho que isso serviu para todos nós. E eu não tenho ilusões ou desilusões do Guns se reunir novamente para nada. Eu posso ter tentado fazer isso acontecer uma vez, eu não tinha esperanças, eu não senti confiança de que ia acontecer, mas fazer esse show, e pelo evento em si, quando tudo já foi dito e feito, dá uma sensação de encerrar um livro nessa coisa toda.

A outra maneira de ver isso é que, com Myles, você soou bem fazendo essas músicas. Isso pode significar algo

Não, eu não acho que aconteceu assim. É uma ideia muito complicada em certo ponto, mas foi divertido de fazer. Foi, definitivamente, um momento especial para todos envolvidos, subir lá e tocar estas músicas. Eu não tinha certeza, você provavelmente ouviu isso um milhão de vezes, todo o conceito do Hall da Fama do Rock and Roll, foi como se houvesse muito sangue ruim entre nós nos últimos 25 anos, foi difícil apreciar. Foi difícil se empolgar com aquilo, mas uma vez que estávamos lá, foi muito, muito legal, e deu uma sensação de dever cumprido chegar naquele ponto.

Algumas pessoas diriam que você tocou tão bem porque era um “foda-se” para alguém que não estava lá, mas parece que isso veio de um lugar mais positivo...

Sim, não tinha nada a ver com isso. Pode ter sido um misto, porque nós sentimos o senso de lealdade e o entusiasmo dos fãs. Estamos orgulhosos deste momento e estou conversando sobre legiões de fãs do Guns que estão realmente empolgados com a perspectiva de algo acontecer para que aceitássemos esse reconhecimento ou o que quer que seja. Eu sinto que essa foi realmente a cola que nos juntou para atravessarmos qualquer tipo de diferença e apenas subir lá. Foi um sentimento bom por todas estas razões. Não foi porque queríamos mostrar o dedo para qualquer pessoa ou ser vingativo de qualquer maneira. Foi uma homenagem aos fãs, a banda estar ali e aceitar esta honra. Você realmente sente que chegou em algum lugar, os discos que fizemos e toda essa coisa.

Isso era o seu desejo desde o início, você mirava o sucesso, queria ser uma das maiores bandas de todos os tempos. Você não estava tentando ser parte de uma banda de cabeludos de metal

Considerando tudo isso, sim, nós meio que nos tornamos essa porra toda. Nós sabíamos, acima de todas as outras figuras da época, que éramos a banda mais fudida de rock and roll por aí. Eu não sei se aspirávamos o Hall da Fama, isso foi anos depois. Um das grandes complicações sobre isso foi que me deu sentimentos mistos e como o Guns N’ Roses foi considerado e depois indicado, se um monte de bandas fodas não foram? Isso sempre foi um grande empecilhos, e acho que a única birra que eu tive. Como poderíamos ser melhores que uma banda como o Deep Purple? Qual é o critério para isso? Havia algo sobre o evento que me mudou quando eu vi os Blue Caps, os Crickets, os Fabulous Flames, os Comets e todos esses caras recebendo homenagens. Foi um momento forte para mim. Foi como: “nossa”, e todos eles já numa idade avançada – alguns em cadeiras de rodas, outros mortos – todos alinhados recebendo essa honra e reconhecimento. Aquilo mexeu com o meu coração. Apagou todas as perguntas que eu tinha. Foi como: “acho que todos recebem isso na hora certa”.

Além disso e o fato de que Rod Stewart e seu vocalista não estavam lá, pareceu que o rock era maior do que os vocalistas naquela noite

Considerando isso, muitas das bandas estavam incompletas, dos Beastie Boys ao Faces, e para nós, bem, foi muito interessante que isso tudo siga em frente sem arrependimentos. Já estamos no Hall, está acontecendo mesmo que nenhum de nós apareça. É maior do que qualquer um.

Myles está na sua banda. Ele pode ir par ao Velvet Revolver ou isso é muito complicado?

Inicialmente, Myles apareceu no Velvet Revolver algumas vezes. Uma em 2002 e outra em 2008. Pela primeira vez, nós mandamos a ele uma demo e nunca mais ouvimos falar dele até 2008, quando ele estava no Alter Bridge, e seria uma espécie de traição a ideia de ele ir tocar com o Velvet Revolver. Eu não o conhecia, mas o que admirei nele foi sua lealdade. Trabalhar comigo é um pouco mais flexível, nós conciliamos o lance do Alter Bridge, mas com o Velvet Revolver, é uma coisa ou outra.

Ver você tocando essas músicas tão bem, dá a impressão de que você está retomando o direito sobre eles, lembrando que elas são por direito tão suas quanto do vocalista

É, nunca foi uma questão em minha mente, porque eu sei quanto eu tinha a ver com essas músicas, então eu apenas as fiz. Foi realmente gratificante conhecer Myles, quando estava começando a reunir uma banda para meu primeiro disco solo, o último que eu fiz. Então ele veio bem no final e eu pensei: “Esse cara é incrível!”. Nós gravamos algumas músicas naquele disco, então pedi a ele para fazer a turnê, porque eu tinha esse sentimento de que ele podia lidar com a diversidade daquele material todo que eu ia tocar. Então aquilo se transformou numa turnê excelente, que alavancou um disco que acabamos de completar e sairá mês que vem.