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Herói da guitarra

Slash passou pelo HSBC Brasil na última quinta, 7, para mostrar faixas da carreira solo e das bandas que integrou ao longo da carreira

Por Stella Rodrigues Publicado em 08/04/2011, às 11h52

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Slash, durante a apresentação realizada no HSBC Brasil na última quinta, 7 - Thais Azevedo
Slash, durante a apresentação realizada no HSBC Brasil na última quinta, 7 - Thais Azevedo

Ídolo do hard rock e verdadeiramente um herói da guitarra, Slash fez o show que todos os fãs queriam ver na última quinta, 7, no HSBC Brasil, em São Paulo. Eram 21h30 quando o ex-Guns N' Roses, acompanhado de uma competente banda, subiu ao palco ao som do hino nacional brasileiro, abafado pelo barulho das cerca de quatro mil pessoas que clamavam pelo guitarrista de vasta cabeleira crespa, óculos escuros e cartola.

O músico excursiona não apenas para mostrar as músicas do primeiro disco solo, Slash, lançado em março do ano passado com diversas participações especiais, como Ozzy Osbourne, Lemmy, do Motörhead, Iggy Pop e até Fergie, do Black Eyed Peas. Toca também faixas de suas outras bandas, Slash's Snakepit (que encerrou as atividades em 2002) e Velvet Revolver. Além disso, como não poderia deixar de ser, mais de um terço do repertório desta turnê é composto por clássicos que ele tocava ao lado do Guns.

Ao contrário do que poderia se esperar, os presentes, em São Paulo, mostraram que não estavam ali para ouvir apenas sucessos da banda liderada por Axl Rose. É claro que foram esses que fizeram o chão do HSBC tremer com os pulos da plateia, mas o público, em média bastante jovem, provou que estava ali para ver mesmo Slash, não um show alternativo do Guns. Não houve uma música durante a qual se olhasse em volta e as pessoas estivessem entretidas com seus celulares ou esperando chegar a vez do próximo hit. Tudo que saía das caixas de som era devorado e celebrado com devoção.

Para começar, Slash escolheu a canção que abre o disco solo, "Ghost". Seguiu com "Mean Bone", do Snakepit, "Sucker Train Blues", do Velvet, e voltou ao Snakepit com "Been There Lately", equilibrando bem a caminhada por sua discografia, que ficou bem distribuída ao longo da noite. Em seguida, foi a vez de mandar o primeiro Guns da ocasião: a escolhida foi "Nightrain", do primeiro disco da banda, Appetite for Destruction, assim como quase todas as outras músicas do Guns que estavam no set - a única exceção foi "Civil War", integrante da tracklist de Use Your Illusion II.

Se o público já estava animado no começo, a sequência "Nightrain", "Rocket Queen" e "Civil War" (protagonista do coro mais bonito da noite), todas do Guns, serviu para selar a certeza de que o ingresso (que variou entre R$ 180 e R$ 360) valeu a pena. O virtuose da guitarra impressiona pela intimidade que tem com o instrumento. Não só porque ela parece uma extensão de seu corpo - enquanto toca, Slash praticamente tira a guitarra para dançar. Faz solos magníficos com uma pose sem igual, um ar cool, enquanto se movimenta pelo palco todo, interage com a banda e cativa a plateia. Seus solos foram acompanhados atentamente pelos fãs, que só demonstraram um pouco de cansaço durante um momento especialmente longo de piração do músico, com quase dez minutos de duração.

Ao anunciar "Back from Cali", Slash foi a microfone explicar que aquela era a primeira música que tinha feito ao lado de Myles Kennedy, o líder do Alter Bridge e vocalista escolhido por ele para integrar sua banda. Myles, no papel de cantor de uma banda em que a atração principal é o guitarrista, tinha uma missão ingrata. Com tantos fãs vestindo a camisa do Guns (literalmente), coube a ele cantar algumas das faixas mais queridas da banda de hard rock sem imitar Axl de forma barata, mas fazendo jus ao cultuado artista. Com um timbre que em diversos momentos remete ao de Rose, mas com uma personalidade própria - e, para a sorte de Slash, menos complicada do que a dele - Myles, que até 2003 era professor de guitarra, cumpriu seu papel eximiamente, colaborando para criar o clima de delírio que acompanhou os fãs de volta para casa ao fim das mais de duas horas de apresentação.

A performance ainda guardava alguns ótimos momentos, como o solo com o tema da trilha sonora de O Poderoso Chefão, muito apropriado dentro de um show comandado por um músico que já se declarou diversas vezes um fanático por cinema (leia aqui), a interpretação de "Starlight", dedicada ao povo de Tóquio, por causa de "todas as merdas que eles têm enfrentado", e dois outros grandes sucessos do Guns, "My Michelle" e "Sweet Child O' Mine", que incendiou o local, como era de se esperar.

Ao final, Slash e Myles agradeceram imensamente o público, mostraram-se verdadeiramente felizes com o carinho e a animação que emanava da plateia. Voltaram logo para o bis - Slash, agora, muito suado, estava de peito nu - que começou com "By the Sword", mais uma do disco solo, e emendou as duas que faltavam do Guns N' Roses: "Mr. Brownstone" e "Paradise City", que proporcionou um dos momentos mais ensurdecedores da performance. Curioso notar como, ao deixar o HSBC Hall, o público, ainda embasbacado com a genialidade do guitarrista, improvisava em todo canto performances de air guitar. Muita gente deve ter ido para casa jogar um pouco de Guitar Hero antes de dormir.

Slash no Brasil

Antes de agradar os tímpanos dos paulistanos, Slash passou pelo Rio de Janeiro. Na cidade, subiu ao palco do Vivo Rio, na última quarta, 5, e segue agora para o Master Hall, de Curitiba, para se apresentar nesta sexta, 8.