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SPFW: terceiro dia de evento acumula desfiles de gigantes

Espetáculos da Cavalera, Samuel Cirnansck e Fause Haten foram destaque nas passarelas do Pavilhão da Bienal nesta sexta-feira, 11

Por Fernanda Catania Publicado em 12/06/2010, às 10h23

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Grazi Massafera foi a convidada do desfile haloween de Samuel Cirnansck - Rodrigo Bueno
Grazi Massafera foi a convidada do desfile haloween de Samuel Cirnansck - Rodrigo Bueno

O terceiro dia da São Paulo Fashion Week pegou fogo. A correria foi potencializada nesta sexta-feira, 11, devido ao acúmulo de grandes desfiles. Como os horários eram muito próximos, o medo era de perder um dos espetáculos que aconteceria nas passarelas da Bienal.

Certamente o destaque ficou por conta de três grifes: a inspirada comemoração dos 15 anos da Cavalera, o halloween de Samuel Cirnansck, que contou com a presença de Grazi Massafera (leia aqui entrevista) e, principalmente, o estilista-cantor Fause Haten, que encerrou a noite sendo aplaudido de pé, debaixo de uma chuva de rosas.

Mas os demais desfiles também fizeram bonito: o sertanejo da Maria Bonita, o sexy sutil do Wilson Ranieri, as modelos de biquíni da Movimento e a onda do surfe da Bahia dos anos 60 de Simone Nunes. Confira abaixo os melhores momentos de alguns dos desfiles do terceiro dia de SPFW:

Cavalera, às 11h

Para comemorar os 15 anos da Cavalera, o diretor criativo Alberto Hiar (Turco) preparou uma festa de debutante em desfile externo que abriu o terceiro dia de SPFW. A Casa Panamericana, localizada em Pinheiros, estava inteira decorada com a temática: um bolo (falso) foi colocado na entrada da casa e bexigas estampando rostos de personalidades da música (como Beyoncé, Kurt Cobain, Michael Jackson, Beatles e Mick Jagger) foram espalhadas pelos corredores (veja na galeria acima). "Queria comemorar os 15 anos mas com uma festa de verdade, então pensei em passar essa ideia para a passarela", explicou Turco. Na coleção, foram usadas referências de roupas de festas de debutante (como tule, alfaiataria e bordados) misturadas a elementos retrô e rock'n'roll. Para embalar o desfile, Turco chamou João Gordo para fazer a produção musical e discotecar. "Como é uma festa descolada não faria sentido chamar um DJ tradicional", contou. "Na verdade, era para o Iggor Cavalera [criador da marca] fazer, mas ele está em turnê pela europa. Mas o João tem tudo a ver, conheco ele há uns 25 anos", completou. João Gordo tocou músicas dos anos 60 para dar o ar retrô à festa. Local Natives, Vampire Weekend e Camera Obscura, entre outros, compuseram o setlist. "Colocaram umas coisas mais moderninhas aí no meio para não ficar retrô demais, mas a minha parte foi o rock", disse o cantor, que fez questão de afirmar que não curte moda. "Sempre fui assim: roupa preta e óculos escuros."

Todos usam Cavalera

Com certeza não há grife que se aproxime tanto da música como a Cavalera. "A música é a essência da marca", confirmou Turco. Um ícone da música que mais influencia a moda da grife atualmente? "Amy Winehouse", respondeu o diretor criativo.

Pitty também marcou presença na primeira fileira do desfile. "É uma das marcas com as quais eu mais me identifico", disse a cantora, complementando que admira principalmente o estilo de Beth Ditto, do Gossip. Alessandra Negrini apareceu ao lado do namorado Sérgio Guisé para conferir a coleção nova de Turco. "É rock'n'roll", disse ao tentar explicar para a RS Brasil sua semelhança com a marca. A atriz, que se prepara para a minissérie global As Cariocas e o filme Olho nos Olhos - inspirado na música homônima de Chico Buarque -, disse que, para ela, a moda é influenciada mais pela atitude do artista do que pela música em si.

Maria Bonita, às 15h30

Sublime e emocionante. Foi esta sensação que se teve com o desfile da Maria Bonita. A coleção de Danielle Jensen foi inspirada no trabalho da fotógrafa Anna Mariani sobre a arquitetura das casas populares do Nordeste. A artista de 75 anos fotografa as fachadas geométricas das casas simplórias da região e teve suas imagens exibidas pela primeira vez na Bienal de Arte de 1987. Danielle viu as fotos e se apaixonou pelo trabalho de Anna, que "se assemelha com o conceito da Maria Bonita". A fotógrafa fez questão de conferir o desfile na Bienal e disse que nunca se sentiu tão popular. "É uma coisa inédita o meu trabalho ir parar na moda, estou muito feliz", disse a artista para a RS Brasil. "Não conheco nada de moda, mas Danielle soube reproduzir muito bem o meu trabalho." "Estou muito emocionada que ela veio, não esperava", disse a tímida estilista. A trilha sonora foi muito importante para remeter ao trabalho de Anna. O setlist foi composto por músicas regionais e sambas - iniciando com "Minha Senhora" e finalizando com "Irene", ambas de Caetano Veloso. "Eu ouço música compulsivamente e tinha tudo a ver", contou a estilista. "Fiquei ouvindo 'Irene' enquanto olhava o quadro de Anna. [Música] me inspira muito."

Wilson Ranieri, às 16h30

Famoso pela delicadeza em suas peças, Wilson Ranieri quis se voltar para uma mulher "sexy sutil" na coleção primavera-verão deste ano. Nas peças, muita transparência, renda e seda - tudo em cores leves, como pérola, azul, bege e rosa. A trilha sonora de Ann Peebles potencializou ainda mais o clima sensual do desfile. "É soul, mas tem um rock na voz. Achei sexy", contou Wilson a RS Brasil.

Fause Haten, às 21h

Sem dúvida o desfile de Fause Haten foi o mais aclamado do terceiro dia de SPFW. Antes de começar, alguns televisores espalhados na plateia exibiram o rosto de Fause Haten mascarado de várias maneiras diferentes - sujo de lama, de azul e prateado. A ideia era compor a temética da coleção: "o híbrido", ou seja, buscar várias identidades diferentes para criar uma personalidade "original, atemporal, sem seguir modismos". "Pleased to meet you", frase com a qual Fause Haten encerrou o vídeo, antecipou a trilha sonora que iniciaria com a música "Sympathy for the Devil", do Rolling Stones. Depois foi a vez de "Sex on Fire", do Kings of Leon. No final, algumas modelos subiram em pequenos palcos redondos no meio da passarela, que giravam, dando o efeito "manequim na vitrine". Então, ao começar a música "Stayin' Alive", do Bee Gees, a lona preta que ficava de fundo caiu, exibindo Fause Haten com uma máscara de brilhantes ao lado de sua banda - revelando que era ele quem estava cantando durante o tempo todo. "Cantei no desfile do ano passado, por causa disso fiz show e, por causa disso, resolvi cantar aqui de novo", explicou. As três músicas do desfile fazem parte dos cinco shows que fez no ano passado, só para clientes, para divulgar a coleção de inverno. "Eu não sou cantor e nem estou fazendo turnê", disse FH, rindo.