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Tons do mestre

Doc A Música Segundo Tom Jobim, que estreia nesta sexta, 20, é uma colagem musical sobre o maestro

Paulo Cavalcanti Publicado em 20/01/2012, às 13h37 - Atualizado às 13h54

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Tom Jobim - Ana Lontra Jobim/Divulgação
Tom Jobim - Ana Lontra Jobim/Divulgação

A Música Segundo Tom Jobim não é documentário convencional. Não tem narrador, entrevistas ou segue qualquer tipo de cronologia. Trata-se de uma grande colagem musical. O diretor Nelson Pereira dos Santos já tinha dirigido em 1985 um documentário sobre Jobim para a TV. O conhecimento do cineasta sobre a obra do artista o habilitou para este trabalho, que estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta, 20.

A família do falecido maestro naturalmente se envolveu. A viúva Ana Lontra, que toma conta do acervo do marido, cedeu várias fotos e imagens raras. A neta Dora Jobim codirigiu, contribuindo com pesquisas e montagem. Já Paulo Jobim, filho de Tom, tomou conta da direção musical, enquanto a cantora Miúcha Buarque de Holanda fez o roteiro e alinhavou todas as diversas facetas musicais de Jobim.

A seleção de imagens de A Música Segundo Tom Jobim é fantástica. Mesmo quem já andou vasculhando canções do mestre no YouTube vai se surpreender com registros extremante raros – alguns não eram exibidos desde a época em que foram transmitidos originalmente. Além disso, o documentário também aborda a relação de Tom Jobim com a música francesa (e vice-versa), sendo discípulo do compositor Claude Debussy. Nomes como Jean Sablon, Henri Salvador e Pierre Barouh são vistos interpretando canções clássicas do brasileiro.

Pelo mundo

O jazz foi um ingrediente forte na criação da bossa nova e seus representantes ajudaram a popularizar o estilo e a música de Jobim. Veteranos como Dizzy Gillespie, Gary Burton, Erroll Garner, Oscar Peterson e Sarah Vaughan, junto a gente da nova geração, como Diana Krall, Jane Monheit e Stacey Kent são alguns dos jazzistas presentes no universo jobiniano.

A música do compositor também era cobiçada por megaestrelas do showbusiness norte- americano, e Sammy Davis Jr., Judy Garland, Ella Fitzgerald são lembrados no documentário. E, como todos sabem, Frank Sinatra, o maior de todos, fez questão de contar com a presença de Jobim em seu especial de TV A Man and His Music, registrado em 1967, na mesma época em que gravaram juntos o clássico álbum Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim. No filme, Sinatra e Jobim são vistos cantando “Corcovado” (“Quiet Nights of Quiet Stars”) e “Garota de Ipanema” (“The Girl From Ipanema”). Esta última ganhou uma divertida montagem, mostrando que gente de literalmente o mundo todo a interpretou – e ainda a interpreta.

Naturalmente, amigos, parceiros e contemporâneos de Jobim, como Elis Regina, Vinicius de Moraes, Elizeth Cardoso, Maysa, Chico Buarque, Gal Costa, Miúcha, Milton Nascimento, Nara Leão e outros também dão o ar da graça no documentário. O próprio Tom, naturalmente, aparece extensivamente na produção. O filme tem imagens dele se apresentando na TV dos Estados Unidos ainda bem jovem, nos anos 60, no programa de variedades de Steve Allen, tocando “Samba de uma Nota Só” ao lado do Gerry Mulligan, e também fazendo dueto com Elis Regina em “Águas de Março”, em especial da TV Bandeirantes nos anos 70. Mas boa parte das cenas em que Jobim aparece foram feitas na década de 80, quando ele montou a Banda Nova e deu vazão ao seu lado de bandleader.

Apesar dos méritos, A Música Segundo Tom Jobim tem um pequeno problema: ao juntar artistas de épocas e estilos tão diferentes, o longa acaba soando meio irregular. Assim, os puristas podem não gostar da versão idiossincrática de Carlinhos Brown para “Luiza” e a desanimada interpretação de Fernanda Takai para “Estrada do Sol”. Ainda assim, o filme a pena e muita gente vai cantarolar as criações do maestro dentro da sala de cinema.