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Música / Entrevista

'Música não tem nada a ver com sexualidade', diz Ian Hill, do Judas Priest

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o baixista do Judas Priest falou sobre a relação com Rob Halford, que se assumiu gay no final dos anos 1990

Ian Hill (Foto: Ethan Miller/Getty Images) | Rob Halford (Foto: Theo Wargo/Getty Images)
Ian Hill (Foto: Ethan Miller/Getty Images) | Rob Halford (Foto: Theo Wargo/Getty Images)

"Música não tem nada ver com sexualidade", disse Ian Hill em entrevista à Rolling Stone Brasil — mas o couro das roupas usadas pelos membros do Judas Priest pode ter. A cultura Leather faz parte da história da comunidade LGBTQIA+, que, após a Segunda Guerra Mundial, desvinculou-se da ideia de gays afeminados e criou um movimento de contracultura.

O couro dos uniformes nazistas transmitiam poder e, por isso, com medo da marginalização, gays passaram a adotar o material como forma de se sentirem menos vulneráveis. Os motoclubes também colaboraram para criar um senso de identidade dentre aqueles que estavam insatisfeitos com a forma como eram vistos em sociedade (via Vice).

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Rob Halford, vocalista do Judas Priest, assumiu-se gay no final dos anos 1990. Branco, careca e com uma longa barba branca, Halford mostrou que nem mesmo o heavy metal restringe seu público e o limita ao gênero ou sexualidade, mas essa nunca foi sua intenção. Embora ele tenha sido um dos primeiros do grupo inglês a assumir o visual com couro, ainda nos anos 1970, o cantor admitiu que não esteve envolvido na cultura Leather. Na verdade, quem o instigou a vestir couro foi K.K. Downing, ex-guitarrista da banda.

"O maior mito sobre esse novo figurino de palco é que, de alguma forma, eu orquestrei a imagem como uma cobertura e um escape para minha homossexualidade", escreveu o artista em sua autobiografia Confess (2020).

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"Isso é uma completa besteira. Eu não tinha interesse em S&M, dominação ou todo o subculto queer de couro e correntes. Simplesmente não me atraía. Minha preferência sexual era por homens, claro, mas eu era, e ainda sou, bem tradicional. Nunca usei um chicote no quarto em toda minha vida. Ou será que usei? Espere um momento, deixe-me pensar..."

"As pessoas são muito mais abertas hoje em dia do que eram há 50 anos. Foi uma época e um lugar muito diferentes", explicou Hill. Mas o baixista não acredita que Rob está sozinho e chegou a citar Freddie Mercury para exemplificar como gays estão envolvidos em todos os tipos de música. Para Hill, hoje em dia, "é perfeitamente normal ser gay", enquanto, no último século, o tema era "tratado com um pouco de suspeita e não era tão amplamente aceito". 

Dito isso, nunca impedimos o Rob de se assumir, se ele quisesse. Ele era perfeitamente capaz de fazer isso, nunca o impedimo. Mas o Rob, assim como eu, é um pouco pragmático e manteve isso em segredo todos esses anos, provavelmente pensando que poderia ter um efeito adverso nos nossos fãs, se soubessem que ele era gay, mas quando ele se assumiu, deve ter sido um alívio imenso para ele. Quero dizer, todo mundo que conhecia o Rob já sabia, e acho que a maioria dos fãs também sabia. Mas deve ter sido um grande peso tirado das costas dele poder, oficialmente, dizer "sou gay e é isso que sou", em vez de fingir ser outra pessoa. Foi um grande passo a ser dado. Mas isso não deveria afetar seu gosto musical. Bem, não, não deveria.