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Scalene faz show 'catártico' em São Paulo antes de pausa: 'Celebrar caminho até aqui'

Banda Scalene tocou em São Paulo no início da turnê antes da pausa - vocalista, Gustavo Bertoni, conversou com a Rolling Stone Brasil sobre show e disco Labirinto

Scalene (Foto: Divulgação / Wilmore Oliveira)
Scalene (Foto: Divulgação / Wilmore Oliveira)

A banda Scalene deu pontapé inicial da última turnê antes de pausa indefinida na carreira neste sábado, 7. Grupo formado por Lucas Furtado, Gustavo e Tomás Bertoni se apresentou em São Paulo, no Fabrique - passando pelos diversos projetos dos mais de 10 anos de carreira. Lançamento mais recente, Labirinto (2022), foi grande destaque da noite.

Antes do show, o guitarrista e vocalista, Gustavo Bertoni, comentou expectativas e motivações do hiato em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil. Para ele, pausa é um processo natural após conquistas e desenvolvimento da banda: "Construímos relações ricas com muitos artistas, provocamos criativamente os ambientes onde entramos e desenhamos uma mentalidade para se ter uma banda de sucesso. Ajudamos milhares de pessoas em seus piores momentos com nossas letras, acompanhamos os melhores momentos de outras. O que temos mais orgulho é ter construído uma base de fãs leais e engajados em nível profundo e construtivo com nosso som e letras."

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"Engatamos a quinta marcha, colocamos o capacete e nos entregamos de corpo e alma para o projeto. Agora é natural que queiramos descansar um pouco, focar em outros projetos, digerir tudo, sincronizar o relógio biológico com outras pessoas e ideias," completou.

Apresentação começou com "Ouroboros" - com todo o simbolismo cíclico e evolutivo, adequado para o momento da banda, seja esta a intenção ou não - primeira faixa de Labirinto. Os arranjos roqueiros misturaram-se com facilidade ao setlist clássico do Scalene, como as queridas do público, "Danse Macabre," e "Histeria."

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Para a turnê, Gustavo prometeu "celebrar o caminho até aqui e fazer shows bem intensos/catárticos. Rever amigos e fechar o ciclo com chave de ouro." Em São Paulo, banda brasiliense atingiu expectativas. O público fiel descrito pelo vocalista cantou, pulou, e demonstrou conexão com os sentimentos mostrados nas músicas e gestos vindos do palco.

Da agitada "Febril," - que ganhou contornos ainda mais pesados e, de fato, catárticos com a formação de uma wall of death e mosh pits induzidos por Gustavo -, até a introspectiva "27," Scalene desfilou a variedade sonora da própria discografia. Apesar da sincronia e acertos no setlist, nem tudo saiu como planejado. Tomás, guitarrista e tecladista, esqueceu acordes de "Tantra," e banda precisou improvisar versão mais simples da faixa. "Desculpa. Somos uma banda de rock," Gustavo justificou de forma descontraída.

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As participações em Labirintochamam atenção. Além do rapper Edgar e o grupo norte-americano O’Brother, Zander colaborou em "1=2." Banda realizou show de abertura no Fabrique, e o vocalista, Gabriel, voltou ao palco durante set principal para performar parceria. Segundo Gustavo, "admiração e identificação" justificam participações no disco. "Edgar tem algumas letras que esbarravam nos temas desse disco, achamos que seria interessante trazer alguém pra dar um zoom out nos assuntos, uma outra visão."

"Quanto ao Gabriel Zander, admiramos a trajetória da banda dele porque começamos a tocar em Brasília com bandas hardcore e uma boa parte da nossa mentalidade acaba vindo dessa escola. Voltando para uma linguagem mais rockeira em Labirinto, fazia sentido trazer alguém do estilo junto. Já O’Brother é uma das nossas bandas prediletas, uma grande referência. Construímos uma amizade massa com os caras desde que vieram tocar no Festival CoMA em 2017," completou.

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Disco e arranjos não eram únicas novidades da noite. Após saída de Philipe Makako em 2021, banda não contratou substituto fixo. Show em São Paulo marcou a estreia de Maick Sousa nas baquetas, que demonstrou estar confortável com faixas frenéticas como "O Peso da Pena" e "Vultos." O entrosamento instantâneo com o integrante de turnê foi outro ponto alto.

Com apresentação cronometrado, banda encerrou trabalhos tocando "Phi," do disco Magnetite(2017), e não voltaram ao palco mesmo após pedidos da plateia.

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Para o futuro, Bertoni planeja seguir com carreira solo e tirar tempo para "descansar... Viver experiências novas. Lidar com o vazio, com o novo. Vou mergulhar no meu projeto solo e em outros processos criativos. Os moleques também já têm seus caminhos minimamente estruturados. A gente quer se permitir não ter certeza do que vem aí… É o ponto dessa pausa, também."

"Tem sido uma jornada incrível, sinto muita gratidão e orgulho quando olho pra trás. Para ser sincero, há muito o que integrar e aprender com nossas experiências dos últimos anos, e se nos colocarmos no mesmo flow de trabalho novamente, com os mesmos hábitos e a convivência de sempre, não iremos crescer como gostaríamos," justificou.