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Entrevista: Em novo disco, Santana se inspira no poder de cura da música africana

Com Africa Speaks, o guitarrista lendário busca saciar a sede de um povo sedento

Igor Brunaldi Publicado em 07/06/2019, às 09h46

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Carlos Santana (Foto: Marylene Eytier)
Carlos Santana (Foto: Marylene Eytier)

Carlos Santana, mais conhecido apenas por Santana, é o lendário guitarrista que todos conhecem pelos solinhos no clássico "Corazón Espinado", do grupo Maná, e em "Smooth", com Rob Thomas, vocalista do Matchbox Twenty.

Mas muito além de suas participações icônicas, o músico mexicano, nascido em Autlán de Navarro, tem uma vasta discografia, que inclui até trabalhos vencedores do Grammy de melhor performance de rock instrumental, e que acaba de ganhar mais uma peça essencial.

Africa Speaks, lançado nesta sexta, 7, apresenta um enfoque intenso tanto na percussão quanto nas cordas do próprio instrumento elétrico que há anos caleja as pontas dos dedos de Santana. E, entre letras em inglês e espanhol, ele canta a força que ritmos africanos têm de mudar completamente uma vida.

Em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, o guitarrista contou que o conceito do disco nasceu depois que ele assistiu a Orfeu Negro, filme franco-brasileiro do diretor Marcel Camus, que tem roteiro baseado na peça Orfeu da Conceição, escrita por Vinicius de Moraes.

Vencedor do Oscar de melhor milme estrangeiro representando a França, e da Palma de Ouro no festival de Cannes em 1960, a obra foi responsável pela faísca inicial que acabou por se tornar o conceito de um álbum inteiro. Mais especificamente, a cena de um ritual: ao assistir esse momento em específico, Santana entendeu a força de cura que a música africana possui.

Esperança e coragem foram os nutrientes que ele recebeu com essa epifania, e que agora correm em abundância na correnteza de seus pensamentos.

Isso reflete diretamente no surgimento de novas ideias e na contínua expansão de um repertório quase que infindável de solos de guitarra. Seis cordas e vinte e duas casas se multiplicam de maneira desigual, e o veterano do mundo da música, com uma carreira de mais de meio século, mantém cheia a maré da criatividade.

E outro segredo para se manter ativo, ele contou, é "usar a imaginação para revisitar sua inocência, seu entusiasmo infantil", e acrescentou ainda que é "tudo uma questão de como uso minha imaginação para acender as chamas da inocência e de coisas novas e frescas".

A certeza de que a música, não só aquela de origem africana que inspirou o novo disco, pode reparar tudo que se apresenta fraturado na sociedade, como atos de racismo e preconceito, inunda a fala final de Santana no formato de uma analogia simples e reflexiva sobre como música é água para um mundo de pessoas com sede. "E eu sou a mangueira".

Africa Speaks já está disponível nas plataformas de streaming.

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