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Mantendo os Pés no Chão

O Terno confirma potência em novo disco, mas não quer ser visto como “líder” de um movimento

Luciana Rabassallo Publicado em 06/09/2014, às 16h38 - Atualizado em 02/07/2015, às 19h06

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<b>Concisos</b><br>
(A partir da esq.) Bernardes, Chaves e d’Almeida buscam apenas fazer a música de que gostam.  - Willy Biondani
<b>Concisos</b><br> (A partir da esq.) Bernardes, Chaves e d’Almeida buscam apenas fazer a música de que gostam. - Willy Biondani

Tim Bernardes, vocalista e guitarrista d’O Terno, acredita que “as pessoas têm mania de catalogar e generalizar a música sem compreenderem, de fato, aquilo que está tocando”. A premissa, segundo o músico, explica o tom ácido de algumas das composições do segundo álbum do trio, homônimo, que chega às lojas de forma independente neste mês. A banda chamou atenção pelos ares sessentistas do álbum 66 (2012), mas busca com o novo trabalho fugir de estereótipos. Em faixas como “Eu Confesso” e “Vanguarda”, Bernardes e seus companheiros Guilherme d’Almeida (baixo) e Victor Chaves (bateria) enviam uma resposta aos que enquadram a sonoridade da banda como algo “à frente de uma geração”. “Fomos muitas vezes classificados como ‘Filhos da Vanguarda’ e achamos isso besta”, afirma o guitarrista. “Estamos apenas fazendo rock and roll do nosso jeito.”

No primeiro disco completamente autoral, com 11 composições de Bernardes e uma parceria entre ele e Chaves, o grupo explora com mais profundidade a sonoridade psicodélica presente em 66 e aposta em referências que vão do brega à soul music. “Estávamos buscando uma identidade no primeiro disco. Agora, finalmente, nós a encontramos”, garante o músico. “O Terno é um álbum” coeso e com a nossa cara. O processo criativo dele foi longo e tranquilo. Tivemos tempo para fazer uma grande pesquisa, experimentar coisas novas e gravar tudo com calma.”

Além das já citadas influências da década de 1960, Bernardes também indica nomes da nova geração como inspiração. “O Tame Impala é uma banda com a qual nós nos identificamos muito durante a elaboração do disco”, ele afirma. Entre outras, Fleet Foxes, Mac DeMarco, Foxygen e Temples estão na lista de grupos que o trio costuma escutar na busca por “aproveitar referências para criar algo com a essência d’o Terno”.

Para Bernardes, o panorama da música independente produzida no país, cenário no qual a banda se encaixa, vive um momento interessante. “Há muitos artistas produzindo coisas interessantíssimas. A internet possibilita que esse trabalho seja compartilhado fora do mainstream e atinja um grande público”, ele acredita. Mesmo que, segundo Bernardes, o mercado independente “ainda seja precário”, a liberdade criativa propiciada pela falta de amarras com uma grande gravadora é o maior combustível d’O Terno – assim como o entendimento de que a banda não tem de superar expectativas além das próprias. “Dentro desse contexto libertário, nós não precisamos cumprir um papel e isso é ótimo”, diz o músico. “A liberdade de criação é justamente a contribuição mais interessante que nós podemos acrescentar ao cenário a que pertencemos, seja ele qual for.”