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Ponta de Lança

Com rimas soltas e variedade sonora, Rincon Sapiência se prepara para lançar o primeiro disco

Gabriel Nunes Publicado em 23/04/2017, às 11h47 - Atualizado em 24/04/2017, às 15h52

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<b>Composição em Destaque</b><br>
Sapiência quer que as letras venham em primeiro lugar - Renato Stockler/Divulgação
<b>Composição em Destaque</b><br> Sapiência quer que as letras venham em primeiro lugar - Renato Stockler/Divulgação

O colombiano Freddy Rincón foi uma das grandes personalidades que passaram pelo Corinthians. Além de ter capitaneado o time alvinegro na conquista do Mundial de Clubes de 2000, o ex-volante do Timão “emprestou” o sobrenome ao então aspirante a rapper Danilo Albert Ambrosio. “[Naquela época] eu era mais troncudo, careca e usava um brinco na orelha esquerda. Sempre passava na frente de um bar quando voltava da escola, e aí o pessoal falava: ‘Feio pra caramba! Parece até o Rincón!’”, relembra o músico, que hoje atende pela alcunha Rincon Sapiência. Ele se declara uma “pessoa supersticiosa” e interessada em assuntos dos “planos transcendentais”. “Acredito em astrologia, espiritualidade, disco voador, vida após a morte... Vi uma vez que sapiência significa a sabedoria divina e humana, e achei que tinha a ver com o tipo de conhecimento que eu busco: tanto o social quanto o espiritual.”

Criado na Cohab I, no bairro de Artur Alvim, zona leste de São Paulo, Sapiência ostenta uma veia social em suas rimas. Com canções como “A Coisa Tá Preta” – cuja letra busca ressignificar a expressão de maneira positiva –, o rapper enaltece a negritude em versos afiados: “Orgulho preto, manas e manos/ Garfo no crespo, tamo se armando/ De turbante ou bombeta/ Vamo jogar, ganhar de lambreta”.

Nas entrelinhas de suas composições, Sapiência também propõe a ideia da importância das palavras do MC, mais do que sua imagem. Para ele, essa figura icônica do hip-hop acaba ofuscada pela exploração do invólucro mais do que a mensagem, fazendo com que os fãs passem a valorizar em primeiro lugar a imagem em vez do conteúdo das canções. “Isso tem a ver com a maneira que as pessoas consomem música hoje em dia”, acredita Sapiência. “Antes, nossa conexão com o músico vinha da fita, do CD. Hoje, com a internet, as pessoas estão mais interessadas em saber o que o rapper representa, quais seus hábitos e vícios. É claro que é importante você se identificar com o artista, mas a qualidade do MC é sua capacidade de surpreender fazendo versos.” Às vésperas de lançar Galanga Livre, primeiro disco cheio da carreira, Sapiência declara ter tirado inspiração para o debute da literatura de cordel e da MPB, assim como da musicalidade da Mauritânia e do Senegal, países nos quais se apresentou recentemente. “[O disco] está um pouco mais ‘instrumentalizado’, com piano, guitarra e bateria”, antecipa. “O rap veio dos Estados Unidos, mas para se aplicar no Brasil é preciso incluir elementos e valores culturais nossos, não só na letra mas na linguagem sonora.”

Quando começou 2000

Para quem gosta de Bk’, Tássia Reis e Rapadura

Ouça “Ponta de Lança (Verso Livre)” e “Linhas de Soco”