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Sonhando o Momento

Diretor Ang Lee explica como um fracasso milionário o levou ao novo As Aventuras de Pi

Paulo Terron Publicado em 12/11/2012, às 15h35 - Atualizado em 10/12/2012, às 12h16

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<b>SUPERANDO BARREIRAS</b> Ang Lee luta com lucros, tecnologia e desafios “infilmáveis” - reprodução
<b>SUPERANDO BARREIRAS</b> Ang Lee luta com lucros, tecnologia e desafios “infilmáveis” - reprodução

Em 2003, Ang Lee se encontrava em uma situação peculiar. A era de ouro das adaptações de HQs para o cinema estava apenas começando, e Hulk – que ele dirigiu – havia sido considerado um fracasso, mesmo tendo arrecadado mais de US$ 245 milhões. “É perturbador, é verdade”, conta Lee, hoje capaz de rir da situação. “Na minha cabeça, Hulk era como um filme independente gigantesco – não era de gênero, na concepção que temos atualmente. Foi um filme justo dentro do que propus a fazer, tratando-o como um drama psicológico. Infelizmente, Homem-Aranha saiu antes e as histórias em quadrinhos viraram um gênero. Meu filme não teve uma chance justa, mas tenho orgulho dele. Não acho que poderia estar fazendo isto, agora, sem aquela experiência.”

O “isto” em questão é outro blockbuster em potencial, As Aventuras de Pi (que estreia em dezembro no Brasil) – uma história que se passa, em boa parte, em um bote dividido por um garoto e um tigre, no meio do oceano, depois de um naufrágio. O roteiro é baseado em A Vida de Pi, livro vencedor do Man Booker Prize, escrito pelo canadense Yann Martel – e que durante anos foi considerado “infilmável”, inclusive por Lee, que ficou quatro anos trabalhando na adaptação. “Passei por muitas fases”, explica. “Primeiro, pensei que funcionaria se a estrutura fosse alterada, com um narrador mais velho contando a história. Depois, passei um ano trabalhando com animação. A parte da aventura, no oceano, foi feita assim para que pudéssemos nos manter dentro do orçamento, o que foi um desafio. Aí fiz a pesquisa de efeitos visuais, o que me ajudou a entender que talvez conseguíssemos fazer o filme.”

Quando o caminho parecia tranquilo, foi Lee quem resolveu dificultar. “Concluí: teríamos de fazer tudo em 3D”, conta, rindo. “Pensei que já enfrentaríamos tantos riscos, mais um não faria diferença! Sou um idealista meio inocente. E foi isso que tornou o filme uma grande jornada, o público pode se aventurar pelo 3D.”

Trabalhando em Holywood, em um ambiente que não tem pudor em se entregar ao lucro fácil, Ang Lee acredita em um potencial ainda inexplorado das três dimensões no cinema. “É uma nova mídia sobre a qual ainda não sabemos muito. Não é uma forma de arte reconhecida, mas vai ser. Consigo enxergar isso”, ele defende, apostando em um desenvolvimento futuro dessa técnica. “Não conhecemos o equipamento muito bem ainda – ele é problemático, lento. Ainda não chegamos lá. Não é como o 2D, que é usado há mais de 100 anos. Tanto em termos técnicos quanto em reconhecimento por parte do público, o 3D ainda é muito novo.”

Ainda assim, Lee não tem um plano detalhado para se dedicar à novidade, dando um passo de cada vez. “Faço o que aparecer e me for atrativo”, ele conta, questionado sobre a escolha dos filmes que quer realizar. “Cada filme que fiz, naquele momento, era o meu projeto dos sonhos.”