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Música / Future of Music

A festa de quem nunca viu Assucena

Com Lusco-Fusco, a cantora baiana inaugura capítulo de sua trajetória e usa sua voz para um repertório próprio que passeia por musicalidades

por Ademir Correa Publicado em 05/04/2024, às 13h52

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Assucena (por Oitentaedois/ Natalia Mitie)
Assucena (por Oitentaedois/ Natalia Mitie)

"Quis trazer o lusco-fusco primeiro por entender a beleza dessa palavra que nomeia dois momentos muito bonitos, o amanhecer e o entardecer do dia. E ela vem ensimesmada pela contradição”, explica Assucena sobre seu primeiro álbum solo. “E também quis ainda entender o lugar de onde venho. Quis falar desta mulher que passou por uma transição, de uma artista que saiu de uma banda, estas cores que permeiam quem sou”, reflete a artista sobre sua incursão pessoal-musicada após a experiência de seis anos no trio As Baías - em que dividia as decisões estéticas e práticas com Rafael Acerbi e Raquel Virgínia (eles anunciaram a separação em 2021).

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Assucena (por Oitentaedois/ Natalia Mitie)

“Foi um processo difícil, voltei para a Bahia e decidi recomeçar”, conta. “É deste lugar que tive que partir. Não sabia se conseguiria fazer um show, as inseguranças mexiam comigo”, relembra ela, duas vezes indicada ao Grammy Latino. Deste retorno à terra natal, surgiu o projeto Rio e Também Posso Chorar, tributo aos 50 anos de Fa-tal - Gal a Todo o Vapor (disco de 1971). Após a homenagem musical a Gal Costa, Assucena passa por uma incursão no teatro, cria outro tributo à Gal – o show Baby, Te Amo e volta ao estúdio - agora bem acompanhada de Pupillo e Rafael Acerbi (o ex-colega de As Baías) na produção musical e dividindo a direção artística com a cantora Céu.

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Seu álbum se traduz como uma obra múltipla que passeia entre samba, rock, blues, baião, arrocha, pop e eletrônico e flutua entre temas como afetividade e política.

“Aprendi a depositar um pedaço de mim. Sou uma cantora muito romântica; e uma cantora trans pode ser muito romântica. É claro que tem a fase do grito, do entendimento de quem a gente é. A população trans ainda luta por empregabilidade, ainda não superou uma expectativa de vida de 35 anos”, comenta ela sobre sua existência artivista no mundo, um dos temas e lemas da banda anterior, um manifesto que permanece em sua vida artística e volta permeado de nuances e sensações ímpares.

Esse mesmo grito também se explica artisticamente em suas escolhas vocais e narrativas (construindo, a partir de experiências como a descoberta do amor-namoro, um imaginário único para as relações cantadas em verso). Conhecida por sua potência vocal, aqui Assucena explora ainda novas ambientações – às vezes sussurro e mistério (vai de encontro a Céu), noutras como uma voz-instrumento musical pleno (abraça Gal Costa). Com Assucena, ganha a canção. Sempre!