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Música / Fim do hiato

Banda Uó relembra preconceito enfrentado no início da banda: 'Algumas coisas eram colocadas debaixo do tapete'

Grupo retorna aos palcos pela primeira vez desde 2017 e dá detalhes de nova fase em entrevista exclusiva ao videocast 'Foquinha Entrevista'

Redação Publicado em 23/02/2024, às 15h38

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Banda Uó no videocast de Foquinha (Foto: Vinícius Costa)
Banda Uó no videocast de Foquinha (Foto: Vinícius Costa)

Foquinha recebe a Banda Uó no novo episódio do Foquinha Entrevista, videocast coproduzido com a Farra, que foi ao ar nesta quinta-feira, 22 no canal do YouTube. O grupo, considerado visionário pela abordagem da música pop no Brasil, volta aos palcos após sete anos, quando fizeram uma turnê de despedida e lançaram o single “Tô na Rua”, agora como headliner do festival LGBTQIAPN+  Hopi Pride e uma série de shows para serem anunciados.

“As pessoas pedem já desde que a gente terminou”, disse Davi Sabbag ao comentar como a vontade de retomar o trio surgiu com um tweet do também integrante Mateus Carrilho, que fora da Banda Uó teve sucessos comerciais como a parceria “Corpo Sensual” com Pabllo Vittar.

Na publicação, Carrilho afirmou que o disco Motel, lançado pelo grupo em 2012, era atemporal e faria sucesso ainda hoje, o que chamou a atenção dos fãs e teve grande repercussão entre os admiradores da Banda Uó. Com a recepção positiva, Mateus chamou Davi em setembro do ano passado para tratarem da ideia, depois falando com Mel Gonçalves

Sobre a estrutura dos shows, terão pela primeira vez uma banda de apoio e dançarinos os acompanhando. “O espetáculo que a gente está pensando é uma Banda Uó que [as pessoas] iam lá atrás nos shows pensavam ‘nossa’, porque não tinha tanto festival como tem agora. Então estamos entrando em uma cena que a gente estava ali [no início]”, completou Davi Sabbag

“Tudo pode acontecer”, respondeu Mel se realmente não pretendem lançar nenhuma música inédita ou até mesmo um novo projeto da banda. “A gente pode fazer um disco, um DVD de comemoração… tem muita coisa que a gente pode fazer e gostaria de trabalhar. Agora, se é uma realidade, não podemos afirmar.”

Esclareceram que querem primeiro se reconectar enquanto grupo e viver os ensaios que, no momento da entrevista, ainda não haviam começado para entender a nova dinâmica do trio. “As músicas são vivências nossas e dos nossos amigos, então se for ter [algum lançamento], o que a gente faria agora musicalmente? Sobre o que a gente falaria? São coisas que só se reconectando para saber ao certo”, explicou Davi.

Questionados se compreendiam a representatividade da Banda Uó para a comunidade LGBTQIAPN+ naquela época, o trio relembra como foram colocados em um nicho de artistas alternativos mesmo querendo estar no mainstream. “Era um lugar que a gente achava pouco. E hoje você vê que realmente era pouco quando se tem uma Pabllo Vittar, uma Gloria Groove atingindo o mainstream. Era algo que já vislumbramos lá atrás e sabia que era possível”, afirmou Mateus

“A gente foi tomando consciência com o tempo mesmo [...] A gente não quis separar nada [sexualidade e gênero do trabalho], e houveram propostas controversas, muitas. ‘Se ela ficar caladinha e não falar nada a gente passa batido’, ‘os meninos têm que vir mais assim para ninguém desconfiar de nada’. Tanto que a gente ignorou isso”, revelou Mel.

O grupo enfrentou o preconceito da indústria de formas diretas, como um empresário sugerindo que conseguiria uma namorada para Mateus e outra para Davi a fim de evitar qualquer suspeita de que eram dois homens gays, e outras veladas. “Lembro que na época, quando a gente teve música na novela [I Love Paraisópolis, 2015], que foi ‘Catraca’, a gente ia pagar para tocar como era jabá e eles não quiseram mesmo com a música na novela. Não quiseram tocar porque era muito ‘diferente’”, relembra Davi.