Na visão do vocalista do Capital Inicial, operação que acabou por prender Lula representou a “ascensão da extrema direita” no Brasil
Em 2016, Dinho Ouro Preto surpreendeu muitos fãs ao publicar uma foto ao lado de Sergio Moro. O então juiz federal no Paraná e responsável pelo julgamento em primeira instância dos crimes apurados pela Operação Lava Jato esteve em um show do Capital Inicial em Curitiba e foi ovacionado pelo público ao ter sua presença anunciada pelo vocalista no local.
Após a apresentação, Dinho divulgou a foto com Moro e, na legenda, fez elogios ao trabalho do juiz, que futuramente teria carreira política ao ser ministro da Justiça do agora ex-presidente Jair Bolsonaro e, atualmente, senador da República. Ele declarou, na ocasião:
“Acredito que o que ele está fazendo é importante pro nosso país. Acredito também que ele deve agir dentro da lei, como todo cidadão brasileiro. [...] Antes dos petistas se enfurecerem e me acusarem de parcialidade, acho que o PSDB também deve ser investigado. E mais: isso vale também para o candidato que eu apoiei nas eleições, Eduardo Campos e Marina Silva, cuja campanha, infelizmente parece ter deixado um rastro de histórias mal explicadas. Não ponho minha mão no fogo por ninguém. Temos que aproveitar esse momento difícil e traumático do nosso país para corrigirmos as práticas dos políticos que dizem nos representar. [...] Dito tudo isso, apoio Moro e as investigações.”
Hoje, o veterano do rock brasileiro parece ter se arrependido de apoiar o então juiz. Em entrevista ao podcast Superplá, de João Gordo (via Whiplash), ele definiu como “erro monumental” ter acreditado na idoneidade do agora senador.
Gordo, inicialmente, perguntou se Dinho havia falado bem de Moro. “O cara veio em um show nosso, mas isso foi em 2016”, respondeu o vocalista do Capital Inicial, que, perguntado se “chegou a acreditar” no juiz, respondeu: “Ali no começo, sim. Era 2016, dois anos antes do Lula ser preso, estava no meio dos poderosos… e verdade seja dita, o Supremo Tribunal Federal inteiro estava dizendo que sim…”
De acordo com João Gordo, “estava na cara que [o trabalho da Lava Jato] era um embuste para prender o Lula para ele não participar [das eleições]”. Dinho Ouro Preto, então, revelou não ter achado isso em um primeiro momento.
“Mas mordi minha língua. Esse foi um erro monumental”.
Ainda durante a entrevista, Dinho Ouro Preto definiu a Operação Lava Jato como “a responsável pela ascensão da extrema direita” no Brasil. Ainda assim, o vocalista do Capital Inicial preferiu encerrar o assunto com leveza: quando João Gordo disse que tal situação havia sido iniciada com o filme Tropa de Elite, de 2007, ele respondeu:
“Eu acho que tudo começou quando morreu o David Bowie. Daí o mundo começa a dar errado.”
Desde a publicação em 2016, Dinho Ouro Preto é questionado por seu posicionamento político. Repetidas vezes, porém, o vocalista do Capital Inicial se manifestou contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Sergio Moro foi ministro da Justiça.
Em 2021, por exemplo, ele disse em seu canal no YouTube que não tem “lealdade a político” e que gosta de se sentir “independente” nesse sentido. A declaração repercutiu nas redes sociais (via Tenho Mais Discos Que Amigos), a ponto do próprio se manifestar em uma conversa com Fernando Badauí, vocalista do CPM 22.
“Dá para você dizer pra eles que votei no Fernando Haddad, por favor. Não só isso, fiz campanha contra o ‘Bolsonazi’. É só entrar no meu Instagram. Please (por favor)... cada uma.”
