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Música / Rock

O forte relato de Vinny sobre declínio de carreira: “espécie de morte”

Músico conhecido pelo hit “Heloísa, Mexe a Cadeira” viu sua trajetória artística declinar após não conseguir lançar outros sucessos do mesmo porte

Vinny (Foto: Via Metrópole)
Vinny (Foto: Via Metrópole)

Quando se fala o nome do cantor Vinny, as pessoas que viveram a década de 1990 reagem de forma instantânea com alguma menção ao hit “Heloísa, Mexe a Cadeira”. Contudo, a carreira do cantor nascido em Leme, interior de São Paulo, vai muito além da canção lançada em 1997 como parte do álbum Todomundo.

Antes mesmo de estourar, no início da década de 1990, o artista fez parte de uma banda de hard rock chamada Hay Kay. O projeto lançou um álbum em 1992, com direito a emplacar uma música, “Segredos”, na trilha sonora da novela Vamp, da TV Globo. Porém, as vendas do disco não foram tão boas — e o cantor deixou a gravadora BMG para assinar com a Indie Records, lançando seu primeiro trabalho solo em 1995.

Todomundo é, na verdade, seu segundo álbum. E trouxe uma canção que se tornou maior que o disco ou até o próprio Vinny em termos de popularidade. Ainda que tenha emplacado outro hit no ano seguinte — “Shake Boom”, do álbum Na Gandaia —, a associação com “Heloísa, Mexe a Cadeira”, se tornou forte demais.

Outros trabalhos foram lançados, sem repetir o êxito do fim da década de 1990. Artisticamente, isso colaborou para que sua carreira fosse “condenada” ao ostracismo. Em entrevista ao podcast de Mateus Starling (via Extra), ele apresentou uma reflexão forte: em sua visão, era como uma “espécie de morte”.

“Você vê teu público diminuindo, a quantidade de shows diminuindo... Você vê tudo diminuindo. É uma espécie de morte. Todos nós vamos passar por uma espécie de morte, mesmo que biológica. O que não quer dizer que você precise morrer.”

A forma para Vinny evitar esse tipo figurado de “morte” foi o envolvimento com outras atividades fora da música com o passar dos anos. O músico graduou-se em Filosofia e fez mestrado em Ciências Sociais, além de ter concluído formação em psicanálise.

“Você pode se reinventar, pode refazer sua vida. Eu nunca me assustei porque eu previa isso. Eu sei que isso é assim.”

Vinny e “Mexe a Cadeira”

Ainda durante a entrevista, Vinny admitiu que até mesmo as pessoas que conversam com ele por aí não conseguem deixar de citar “Heloísa, Mexe a Cadeira”. O artista também revelou que muitos perguntaram se ele iria fazer outra canção como aquela. A resposta sempre foi negativa.

“A quantidade de vezes que eu ouvi alguém falar ‘mexe a cadeira’ é a mesma quantidade de vezes que vieram me perguntar quando eu ia fazer um novo ‘mexe a cadeira’. Nunca mais. Aquilo foi uma conjunção de coisas, de fatores, e fazia parte de um momento. Hoje se eu fizer algo parecido seria no mínimo ridículo, como se eu estivesse tentando recuperar algo que tive um dia. A onda passou, a vida continua.”

Consciência

Em outra entrevista, ao Estúdio 96 Ophicina (via O Tempo), Vinny garantiu que estava consciente de que seu sucesso seria temporário. Mesmo com toda a repercussão, o cantor buscava deixar seus pés no chão.

"Essa onda gigantesca durou três anos, foi um fenômeno, fui pro Japão fazer uma turnê dois meses. [...] Eu já tinha 30 anos, já estava na lida desde os 20. Uma coisa que nunca saiu do meu radar foi: 'Isso é uma onda, você pode surfar, mas é uma onda. [...] Me preparei pra essa subida por dez anos, mas pra queda me preparei a vida inteira. Desconfiava de alguma forma que era uma onda. A queda é inerente ao declínio. Falar em decadência, derrota, declínio, é quase um pecado, mas se a gente entender como funciona e usar isso a nosso favor, pode ser um impulso a outra coisa.”

Já em outro bate-papo, de 2011, ao jornalista Marcelo Vieira para o site Judão, o músico destacou que “Heloísa, Mexe a Cadeira” surgiu como um tipo de “piada”. Ela seria acompanhada de outras canções mais pesadas — contudo, como já pontuado, se tornou maior do que todo o trabalho.

“Essa música foi e sempre será uma piada! O disco dela era pesadíssimo, com participações pesadíssimas (B-Negão, Ostheobaldo etc). Achei que seria engraçado fazer uma música gaiata, que debochasse do próprio disco. Para o meu espanto, estourou no Brasil e no mundo. Freud talvez explique! (risos)”