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Música / Classicos

O que compositores de “Evidências” pensam sobre nunca serem citados

Hit de Chitãozinho e Xororó foi composto por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, mas muitos não sabem disso

Chitãozinho e Xororó (Foto: Divulgação)
Chitãozinho e Xororó (Foto: Divulgação)

Não dá para negar que “Evidências” é uma das canções mais populares da música brasileira em todos os tempos. O hit ficou consagrado nas vozes de Chitãozinho e Xororó, sendo divulgada como um dos singles do álbum Cowboy do Asfalto, de 1990.

Porém, muitos não sabem que a faixa não foi composta pelos próprios artistas. A autoria é de José Augusto e Paulo Sérgio Valle. Inclusive, chegou a ser gravada primeiro por Leonardo Sullivan, em 1989, como parte do disco Veneno, Mel e Sabor.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Augusto e Valle contam que já estão acostumados com o “anonimato”. Para o primeiro citado, inclusive, os artistas são como “embaixadores” de seu trabalho.

“A gente trabalha em silêncio. Para mim, os intérpretes dessa música no país e fora dele são como embaixadores que transformam meu trabalho num sucesso.”

Para alguns fãs, o desconhecimento se dá pelo fato de Chitãozinho e Xororó nem sempre citarem os nomes de José Augusto e Paulo Sérgio Valle quando apresentam “Evidências” ao vivo. Porém, o segundo mencionado comentou que a dupla sertaneja dá destaque aos autores sempre que possível, pois “os shows têm uma dinâmica própria e, às vezes, não dá”. No fim das contas, nada disso os incomoda. Valle comenta:

“Como autor, me sinto gratificado por ter composto uma música que ultrapassa gerações há 33 anos e é regravada por colegas no Brasil e no mercado hispânico. Com toda a humildade, eu e o Paulo criamos um fenômeno. Desconheço no mundo uma canção com tanto êxito.”

Origem da discussão

A autoria de “Evidências” passou a ser discutida nas redes sociais após o tecladista John Fossitt tê-la tocado durante os shows de Bruno Mars no The Town, festival em São Paulo realizado no último mês de setembro. Parte do público destacou que a dupla sertaneja deveria mencionar mais vezes os nomes dos autores. Na opinião de José Augusto, essa obrigação é dos veículos de comunicação, não dos cantores.

“Creio que os apresentadores, jornalistas, radialistas e a mídia em geral deveriam informar antes de quem é a música. Assim colocaríamos os pingos nos is. O intérprete não é obrigado a ficar dando crédito toda vez que for se apresentar.”

Em outra entrevista, ao jornal O Globo, Augusto disse que só ficou sabendo da homenagem feita por Fossitt no dia seguinte ao primeiro show. Ele ficou feliz com o tributo.

“Achei uma maravilha o instrumentista do Bruno Mars ter feito essa homenagem, né? Acho que a homenagem não foi nem a mim, nem ao Paulo Sérgio Valle. Também não foi ao Chitãozinho, nem ao Xororó. Ele homenageou a canção ‘Evidências’, que é uma música muito importante no Brasil. E eu fiquei felicíssimo, porque o tecladista tocou respeitando as harmonias. Foi uma coisa muito bonita.”

Ainda na ocasião, José Augusto declarou que compositores externos já estão preparados para receberem menos holofotes que os intérpretes. O autor destacou que nenhum cantor tem a obrigação de interromper um show para dizer quem criou a canção.

“O compositor já está preparado para isso. Ele é o cara que trabalha em silêncio e sabe que isso pode acontecer. Quem está fazendo um show não tem a obrigação de a todo momento dizer: ‘a música é do Fulano ou do Ciclano’. Ninguém tem a obrigação de parar o show para falar isso. Eu mesmo não faço isso, a não ser durante uma entrevista. É claro que seria melhor se todas as pessoas soubessem de quem é a canção. Há cerca de 30 anos, os radialistas diziam de quem era a música que estava tocando. Depois, isso foi acabando, como se aqueles dez segundos usados pelo radialista para falar o nome do compositor fossem muito preciosos. E tempo é dinheiro, né? Mas isso (de não ser reconhecido) é uma coisa que o compositor é obrigado a estar preparado.”