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Música / Cancelamento

O que diz Ed Motta sobre ter sido “cancelado” na internet

Músico compartilhou reflexões a respeito da reação do público geral a polêmicas recentes e sobre o momento presente da música

Ed Motta (Foto: Reprodução / Instagram)
Ed Motta (Foto: Reprodução / Instagram)

Nos últimos anos, Ed Motta se viu envolvido em algumas controvérsias nas redes sociais. Em 2015, por exemplo, o músico criticou compatriotas que resolviam acompanhar suas apresentações no exterior para “matar saudade” do país, os definindo como “gente simplória” e chamando o Brasil de “terra ignorante”. Já em 2022, durante uma live no YouTube, fez duras críticas a Raul Seixas, Johnny Cash, Elvis Presley e ao rock brasileiro como um todo. Foi criticado em ambos os casos e se retratou posteriormente.

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Apesar dos episódios com alguns excessos devidamente reconhecidos, Ed não é do tipo que busca podar sua própria expressão opinativa na web. Em entrevista à Veja, o artista declarou que não liga por ter sido “cancelado” — em suas contas, “umas quatro vezes”.

“Não muda nada. Eu já fui cancelado no Brasil umas quatro vezes. Sou contratado pela MPS, o selo mais importante de jazz da Europa. Então, eu vou dar ouvido a cancelamentos?”

Na visão do músico, que lançou recentemente o álbum Behind the Tea Chronicles, o “cancelamento” ocorre em um segmento do qual ele sequer faz parte.

“Sou cancelado numa área que eu nem trabalho. Estou cancelado no meio do jovem hipster. Não estou interessado nessas figuras também.”

Ed Motta, inteligência artificial e o presente

Ainda durante a entrevista, Ed Motta foi convidado a responder se acompanha o desenvolvimento de novas tecnologias na música, como o uso de inteligência artificial. Em sua resposta, deixou claro que não está de olho em nenhum tipo de manifestação artística popular no presente.

“Estou bem por fora disso. Tenho total desprezo pelo presente. O presente nunca é legal. Amo Beatles, mas não ouvi a música nova deles (‘Now and Then’, produzida com auxílio de inteligência artificial para melhorar a qualidade de gravações já existentes). Preciso decantar o que todo mundo está fazendo, esperar acalmar.”

O músico declarou não estar interessado no que “todo mundo quer”. E destacou o tipo de obra que atrai a sua atenção.

“Quando vou num restaurante e o garçom me diz que aquele prato é o mais pedido, será justamente esse que não pedirei. Vivo na minha bolha. Sou um estudioso profundo dos assuntos que me interessam: o cinema dos anos 1920 aos 1950, a música dos anos 1920 aos anos 1970 e histórias em quadrinho dos anos 1940 até os anos 1970. Não tenho interesse nenhum em saber o que é criptomoeda ou inteligência artificial. Não tenho interesse em NFTs. Só assisto YouTube porque tem os canais que eu gosto. Fico ali na minha bolha. Não preciso saber sobre o festival X com o DJ Y que tem um show não sei onde.”

“Behind the Tea Chronicles”

Disponibilizado nas plataformas digitais no último dia 20 de outubro, Behind the Tea Chronicles é o décimo quarto álbum de estúdio de Ed Motta. As composições são inspiradas em séries de TV e filmes que aprecia, também explorando uma gama de gêneros como funk, soul, jazz e musicais da Broadway. Em nota, ele comentou:

“Colombo, Barnaby Jones e Streets of San Francisco (no Brasil, São Francisco Urgente) são as minhas séries favoritas. Mas também gosto da inglesa Quatermass, a primeira série de ficção científica do mundo e produzida pela BBC, que foi uma inspiração direta para uma faixa do álbum. Também me inspirei em filmes antigos: especialmente o filme Gaslight, de George Cukor, e filmes de Jacques Tati, Jean-Pierre Melville e Basil Dearden, que são alguns dos meus diretores favoritos e me deram muitas ideias. Eu queria criar algo verdadeiramente único com Behind the Tea Chronicles. Filmes e séries de TV antigas sempre tiveram um impacto profundo na minha imaginação e musicalidade. Eu queria homenagear essas influências e usá-las como pontos de conexão para criar um álbum que não seja apenas musicalmente envolvente, mas também leve os ouvintes a uma jornada nostálgica e cinematográfica. É uma ode à liberdade e um compromisso com a arte”