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Por que o rock hoje é um “morto muito louco”, segundo Pitty

Cantora deu sua opinião a respeito do eterno debate se o estilo musical “faleceu” ou se continua com o fogo de sempre

Por Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 17/07/2023, às 12h22

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Pitty e Bernie Lomax (Terry Kisser), de 'Um Morto Muito Louco' (Lucca Moura Miranda [@luccamiranda]/Reprodução Instagram Pitty [@pitty] - Reprodução [Gladden Entertainment/20th Century Studios])
Pitty e Bernie Lomax (Terry Kisser), de 'Um Morto Muito Louco' (Lucca Moura Miranda [@luccamiranda]/Reprodução Instagram Pitty [@pitty] - Reprodução [Gladden Entertainment/20th Century Studios])

A discussão sobre a morte do rock existe há décadas. Inclusive, foi fomentada em períodos onde hoje, olhando em retrospecto, acredita-se ter ocorrido alguns dos auges do estilo musical em questão. Em meio a tantos artistas que deram sua opinião a respeito da longevidade do gênero, está Pitty, que tem uma posição bem particular quanto ao tema.

Em entrevista à Vogue Brasil, a cantora definiu o rock como “um morto muito louco”, em referência ao filme de mesmo nome no Brasil (Weekend at Bernie’s, no original), lançado em 1989. Para a artista, “todo mundo fica dizendo que ele morreu o tempo inteiro e, na verdade, ele só se transforma”.

“É como o David Bowie, que conseguiu atravessar tantos estilos, tantas gerações e transitar por tantas épocas se reinventando. É isso. Quando as pessoas dizem que ele morreu, o que morreu talvez seja o rock que aquela pessoa conhece. E aí ele se transmuta. E se transcende e se transforma em uma outra coisa que como aquela pessoa não conhece, ela se assusta e decreta a morte daquele mundo que ela não conhece.”
'Um Morto Muito Louco' (Reprodução)
'Um Morto Muito Louco' (Reprodução)

Na visão de Pitty, rock não é especificamente um estilo musical. Trata-se de um “jeito de viver, um estilo de vida”. Em seguida, ela apontou algumas características e citou até mesmo nomes fora da música que poderiam ser classificados como rock and roll.

“Também é uma coisa que tem a ver com visceralidade. Ainda digo na parte artística, mesmo na parte de criação, de existência. Para citar um episódio recente, infeliz, porém grandioso, Zé Celso [dramaturgo falecido no último dia 6 de julho] é rock ‘n’ roll. [O poeta Charles] Bukowski é rock ‘n’ roll. [O cineasta] Glauber Rocha é rock ‘n’ roll. Transcende a coisa da estética.”

Pitty vê rock and roll fora do rock

Por mais confuso que possa soar, Pitty destacou que consegue notar o rock and roll aparecendo em músicos fora do rock. Isso ocorre justamente por ela compreendê-lo como um estilo de vida, não necessariamente atrelado a uma estética musical.

“Tem vários tipos de estética, então hoje eu consigo enxergar essa atitude em muitas cantoras e muitos artistas que talvez não estejam nesse target, mas que estão trazendo a revolução, que estão trazendo propostas que estão fazendo as pessoas pensarem sobre os lugares preestabelecidos. Isso é rock ‘n’ roll.”

Por fim, apontou o que considera ser rock and roll:

“É mudar, é trazer mudança, é transgredir essa rebelião, mas não no sentido da rebeldia. É uma rebelião saudável no sentido de mudar as estruturas e de propor novos pensamentos e de propor novas posturas e diálogos.”

Presença na indústria musical

Outro ponto destacado por Pitty durante a entrevista tem a ver com sua presença de longa data na indústria musical. Embora esteja celebrando as duas décadas de seu álbum de estreia, Admirável Chip Novo (2003), a cantora de 45 anos iniciou sua carreira ainda na década de 1990.

“Acho que hoje as coisas estão mudando cada vez mais rápido por conta da tecnologia, obviamente. É alucinante o nível de mudanças. Sei lá, de cinco anos para cá foi tudo muito ligeiro. Mudou a forma de escutar música, de consumir entretenimento em geral. Não só música, mas até as próprias revistas, cinema, série e televisão, tudo mudou. A gente não consome mais entretenimento, não se informa mais da mesma maneira que 20 anos atrás, ou nem que há dez anos. Acho que isso que é o lance, é entender essas mudanças e caminhar com elas.”

Para ela, no entanto, a coerência deve estar sempre acima das mudanças em formatos e meios de se consumir arte.

“Mas o ponto crucial, digamos assim, para mim desde sempre, independentemente das mudanças, é sempre ter coerência nas escolhas. Que mudem as mídias, que mudem as formas, que mudem as linguagens, mas que a coerência artística permaneça dentro de qualquer dessas mudanças que são só a forma, mas não o conteúdo.”