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Scorpions chega ao Brasil com 'Rock Believer,' disco ‘focado nos fãs’

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Matthias Jabs, guitarrista do Scorpions, destacou gravação à moda antiga de Rock Believer antes de shows no Brasil

Scorpions (Foto: Frank Dunnhaupt / Divulgação)
Scorpions (Foto: Frank Dunnhaupt / Divulgação)

Na fria cidade alemã de Hanôver, Scorpions entrou em estúdio para gravar um disco como não faziam há tempos. Durante as restrições impostas pela pandemia, nasce Rock Believer (2022) - marcado por uma atmosfera crua, vinda de takes ao vivo, feitos com todos os músicos na sala de gravação ao mesmo tempo.

Diferente do habitual, Scorpions não trabalhou com um produtor. Os próprios integrantes se encarregaram da tarefa, o que, segundo o guitarrista Matthias Jabs, fez com que as faixas do disco se encaixassem perfeitamente no setlist da banda - embalado por sucessos como “Wind of Change.”

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Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Jabs destacou: “Nunca é fácil [montar o setlist]. Com tantas músicas clássicas, quando lançamos um álbum novo, pensamos: ‘Ok, queremos tocar duas ou três novas,’ como toda banda faz. Mas queríamos tocar seis ou sete, porque elas encaixam muito bem.”

Rock Believer foi descrito como um álbum feito para os fãs. Deixando de lado as baladas comerciais, Scorpions mirou no peso e em agradar seu fiel público. “Desde o início, definimos: ‘Vamos fazer um disco focado em nossos fãs.’ Sem baladas para tocar nas rádios. Gravamos da mesma forma que fazíamos nos anos 1980,” contou Jabs.

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A primeira turnê após período de quarentena começou em 2022, justamente para divulgar o álbum. “Subir no palco depois de tanto tempo foi simplesmente incrível,” descreveu o músico sobre o sentimento comum que atingiu artistas no último ano. É com essa empolgação que Scorpions chega ao Brasil em 2023 - país com quem mantém uma relação próxima. A turnê conta com datas em Manaus, Ribeirão Preto, Florianópolis, São Paulo e Porto Alegre. Relembrando outras passagens, Jabs ressaltou que a agenda raramente se limita ao eixo Rio-São Paulo.

Fomos ao Brasil muitas vezes. A primeira delas em 1985, no primeiro Rock in Rio. Não tocamos apenas em Manaus, Rio e São Paulo. Fomos a Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Belo Horizonte… muitos lugares. Temos uma boa quantidade de fãs no país. É ótimo poder ver vocês em breve.

Confira e entrevista completa de Matthias Jabs à Rolling Stone Brasil:

Rolling Stone: Como se sente voltando às turnês após o período de lockdown?
Matthias Jabs: Dois anos longe da estrada. Nunca passamos por isso antes, foi o intervalo mais longo para nós e outras bandas também. Nós aproveitamos isso da melhor forma possível. Você vê o fundo [apontando para o estúdio ao seu redor], aqui gravamos o nosso disco mais recente, Rock Believer, Passamos um ano gravando, por isso não sentimos como se estivéssemos sentados sem fazer nada. Também nos preparamos para a turnê e, em março do ano passado, voltamos a fazer shows. Subir no palco depois de tanto tempo foi simplesmente incrível.

Como se sentiram tocando Rock Believer ao vivo? Como o disco ganhou forma na estrada?
Por conta da pandemia, não pudemos ir a Los Angeles para gravar com nosso produtor californiano. Então, precisamos ficar aqui em Hanôver, nossa cidade natal, e não tivemos produtor algum, já que ninguém podia viajar. Essa foi a parte boa. Nós mesmos fizemos a produção e é por isso que o álbum soa assim. Essa é a razão para as músicas novas encaixarem tão bem no catálogo clássico. Podemos tocar qualquer faixa do disco novo, escolhemos cinco delas, e em qualquer ordem, elas funcionam.

Foi uma tarefa fácil montar o setlist então?
[Risos] Nunca é fácil. Com tantas músicas clássicas, quando lançamos um álbum novo, pensamos: “Ok, queremos tocar duas ou três novas,” como toda banda faz. Mas queríamos tocar seis ou sete, porque elas encaixam muito bem. Depois percebemos que, como elas são muito novas, nem todas as pessoas iriam conhecer…

Embora, como você disse, as faixas sem encaixam bem no catálogo, elas têm sonoridade distinta dos discos mais recentes. Como foi a decisão de partir para um som mais pesado?
Desde o início, definimos: “Vamos fazer um disco focado em nossos fãs.” Sem baladas para tocar nas rádios. Músicas de rock, algo que os fãs iriam curtir. Gravamos da mesma forma que fazíamos nos anos 1980: todos na mesma sala gravando ao vivo. 

Apesar de nem todos conhecerem as faixas novas na turnê atual, como foi a recepção de Rock Believer?
A recepção foi muito boa. Não demorou muito para a maioria das pessoas na plateia pegarem as letras e cantarem juntos, o que é um bom sinal. Com a ajuda da internet, as coisas são distribuídas mais facilmente.

Como é trabalhar com Mikey Dee? Qual foi a colaboração dele para o disco?
Mikey tem uma personalidade ótima. Ele se encaixa na banda e está conosco há seis anos. Este foi o primeiro álbum que gravamos juntos e ele é muito enérgico e tem muita força. Podemos gravar e ensaiar por oito horas diárias. Trabalhamos muito duro e dá para ouvir a energia dele nas músicas.

Queria que você falasse um pouco sobre a relação do Scorpions com o Brasil. Vocês estiveram aqui algumas vezes e procuram sempre vir a mais cidades além do Rio de Janeiro e São Paulo.
Fomos ao Brasil muitas vezes. A primeira delas em 1985, no primeiro Rock in Rio. Não tocamos apenas em Manaus, Rio e São Paulo. Fomos a Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, Belo Horizonte… muitos lugares. Temos uma boa quantidade de fãs no país. É ótimo poder ver vocês em breve.

Na última conversa do Scorpions com a Rolling Stone Brasil, vocês estavam celebrando 30 anos de Crazy World - um disco escrito sob outro contexto político. Em 2022, novamente em um contexto histórico atípico, vocês lançaram Rock Believer. O que mudou na banda de lá para cá?
Crazy World foi há muito tempo. Ele veio quando a polarização entre ocidente e oriente caiu, e “Wind of Change” se tornou a trilha sonora do momento - a abertura da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, na Alemanha. A música não foi escrita para esses eventos, mas foi perfeita para isso. 
Rock Believer foi produzido durante a pandemia, que mudou o mundo de forma drástica. O que vemos hoje, com a guerra na Ucrânia, é algo que nunca imaginamos ver no meio da Europa - uma guerra no estilo de 100 anos atrás - tão perto. É algo terrível. Espero que termine em breve, mas não parece que vai terminar.