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Bernardo Bertolucci, diretor do Último Tango em Paris, morre aos 77 anos

Polêmicas marcaram a carreira do cineasta italiano

Rolling Stone EUA Publicado em 26/11/2018, às 12h52

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O diretor italiano Bernardo Bertolucci (Foto: Divulgação)
O diretor italiano Bernardo Bertolucci (Foto: Divulgação)

O cineasta italiano, Bernardo Bertolucci, morreu nesta segunda, 26, aos 77 anos. Vencedor do Oscar por O Último Imperador e diretor do polêmico Último Tango em Paris, morreu em sua casa, em Roma, após uma breve batalha contra o câncer.

A conta oficial do Festival de Cannes tuitou: “Adeus a Bernardo Bertolucci, Palma Honorária em Cannes 2011 por toda sua carreira depois de presidir o júri em 1990. Antes da Revolução, O Conformista, Novecento, A Tragédia de um Homem Ridículo… Um gigante do cinema italiano, ele permanecerá para sempre uma luz de liderança no cinema mundial”.

Bertolucci ganhou o Oscar de melhor diretor e melhor roteiro adaptado no Oscar de 1987 por seu épico O Último Imperador, que na época foi o primeiro filme ocidental feito com a cooperação do governo chinês. O drama histórico ganhou nove prêmios totais da Academia, incluindo Melhor Filme.

O diretor italiano, no entanto, será mais lembrado pelo controverso Último Tango em Paris, estrelado por Marlon Brando e Maria Schneider, no qual forçou os limites do sexo no cinema.

Aclamado pela crítica como inovador e importante após seu lançamento, o filme gerou ainda mais controvérsias décadas após seu lançamento sobre se Bertolucci e Brando se desviaram do roteiro durante certas cenas, incluindo a sequência de manteiga do filme.

Anos após a produção, Maria Schneider admitiu que se sentiu "humilhada e um pouco estuprada" durante as filmagens de Último Tango em Paris.

Em 2016, o diretor revelou que Maria Schneider, na época com 19 anos, não foi informada sobre o que realmente aconteceria na famigerada cena. "Foi uma ideia que tive com Marlon na manhã antes da filmagem”, afirmou, dizendo que se sentia mal, mas não arrependido.

Bertolucci disse que gostaria da reação de Maria como mulher, não como atriz. “Queria que ela reagisse como alguém humilhada. Acho que ela nos odiou por não termos a avisado”.

Logo depois, Bertolucci esclareceu : “Eu especifiquei, mas talvez não tenha ficado claro, que eu decidi com Marlon não informar Maria que usaríamos a manteiga. Queríamos a reação dela pelo uso impróprio disso. Alguém pensou que Maria não sabia da violência com ela, mas isso é falso!”. 

Maria Schneider morreu em 2011 por conta de um câncer, mas teve vários problemas psicológicos ao longo da vida. 

"Acho que o sucesso do Último Tango em Parisfoi, em parte, devido ao escândalo, à sodomia, à manteiga, mas, na verdade, é um filme tremendamente desesperado", disse Bertolucci à Variety em uma entrevista em 2011. "É muito raro que um filme tão desesperado consiga ter uma audiência tão ampla".

Um amigo de Marlon Brando disse à Rolling Stone em 1976: “Inconscientemente, Marlon assume o papel que está interpretando. Para O Poderoso Chefão, ele era muito gentil, muito carinhoso, sempre dando pequenos presentes às pessoas. Mas durante o Último Tango em Paris, ele era uma merda.”

Enquanto Último Tango em Paris foi um sucesso de bilheteria surpresa nos Estados Unidos, em sua terra natal, Itália, Bertolucci enfrentou um julgamento de obscenidade sobre o filme; quatro anos após seu lançamento, a Suprema Corte italiana ordenou que todas as cópias do filme fossem destruídas e que o diretor recebesse uma sentença de suspensão de quatro meses, segundo o New York Times.

Bertolucci, que começou em 1962, quando ele tinha 22 anos, fez sua obra-prima política em 1970, O Conformista, o épico histórico Novecento em 1976, O Pequeno Buda, em 1993 e, em 2003, Os Sonhadores.

O cineasta, que ficou confinado a uma cadeira de rodas desde 2003, após uma cirurgia fracassada para consertar uma hérnia de disco, dirigiu por último o filme Eu e Vocêem 2012.

Apesar de sucessos como O Último Imperador e o Último Tango em Paris, Bertolucci permaneceu longe de Hollywood ao longo de sua carreira.

"Eu vou te dizer o que eu vejo aqui no coração do Império, em Hollywood", Bertolucci disse à Rolling Stoneem 1979. "Há muita energia, muito dinheiro... Mas eu realmente acho que não há muitas ideias e não há muitos filmes bons por aí. Há uma proporção inversa entre a excitação e o resultado, dinheiro e ideias.”