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Após negar saída do Blink 182, Tom DeLonge comenta acusações dos companheiros de banda; entenda a confusão

Mark Hoppus e Travis Barker explicam o lado deles em entrevista

Redação/Rolling Stone EUA/Jason Newman Publicado em 28/01/2015, às 13h08 - Atualizado às 15h52

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Blink 182 - Mark J. Terrill/AP
Blink 182 - Mark J. Terrill/AP

Um turbilhão de acontecimentos atingiu o Blink 182 desde a última segunda, 26. Primeiro, o baixista Mark Hoppus e o baterista Travis Barker divulgaram um comunicado informando que o vocalista e guitarrista Tom DeLonge deixaria o grupo por tempo indeterminado. Em seguida, o próprio DeLonge respondeu, na internet, dizendo que “nunca saiu da banda”.

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Na terça-feira, 27, em entrevista exclusiva à Rolling Stone EUA, Hoppus e Barker decidiram se abrir sobre os últimos conturbados anos do trio. O baterista chegou a afirmar que DeLonge estava sendo “desrespeitoso” e “ingrato” com os amigos.

Na internet, novamente, o guitarrista se defendeu, dizendo que, em 2012, durante a gravação do EP Dogs Eating Dogs, os companheiros não estavam se esforçando o bastante e estavam “falhando em dar o melhor de si”. “Nunca planejei sair da banda, só achei bem difícil me comprometer”, encerrou ele na carta aberta.

Abaixo, entenda a confusão.

Contextualização de Hoppus

“Vou te contar sobre os últimos dois anos da história do Blink 182”, disse Mark Hoppus em entrevista à RS EUA. “Neste período, trabalhamos com diversos selos para tentar um contrato de disco, porque nós três decidimos coletivamente que queríamos fazer o álbum com um parceiro. Alguns meses atrás, Travis falou desse festival que ele é um dos donos e perguntou se nós tocaríamos e dissemos: ‘Sem problemas’.”

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“No fim de dezembro”, seguiu Hoppus, “Estávamos finalizando nosso contrato de disco e, na noite de Natal, nós três assinamos o acordo. Discutimos sobre onde iríamos gravar, que produtores chamar, em que dia começar. Isso tudo por e-mail. Não acho que algum de nós tenha conversado pessoalmente com Tom em meses, mas tudo estava caminhando positivamente.”

“Escolhemos o dia 5 de janeiro para entrar em estúdio. Em 30 de dezembro, recebemos um e-mail do empresário do Tom dizendo que ele não estava interessando em gravar e que ele queria dar sequência aos projetos não-musicais dele. Além disso, o e-mail dizia que ele estava fora por tempo indeterminado. Há uma grande quantidade de e-mails indo e voltando para esclarecimentos sobre as gravações e sobre o show. Então, o agente envia [um e-mail] dizendo: ‘Tom. Está. Fora.’. Desse jeito. É exatamente o mesmo e-mail que recebemos em 2004, quando Tom saiu por tempo indefinido”, disse Hoppus.

Reação de Travis

“Acho que ele está desapontado porque Mark e eu finalmente fomos sinceros” disse Barker. “Sempre cobrimos para ele. Foi sempre tipo ‘Vamos gravar um álbum’, e então ‘Tom se recusa a entrar em estúdio sem um contrato com um selo’. Então todo mundo faz um puta esforço para conseguir um contrato com um selo e agora Tom não está mais no Blink 182.”

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O baterista acrescenta: “É difícil cobrir para alguém que é desrespeitoso e ingrato. Você não tem coragem de chamar seus colegas de banda e dizer a eles que não vai mais gravar ou fazer qualquer coisa relacionada ao Blink. Seu empresário tem que fazer isso. Todos deviam saber como as coisas são com ele e já está há anos assim.”

“Quando voltamos a tocar juntos depois do meu acidente de avião, talvez tenha sido porque eu quase morri. Mas ele nem sequer ouviu as mixagens ou masterizações daquele disco. Ele nem se importou com isso.”

Novo disco e futuro

“Tenho algumas coisas na minha casa”, conta Hoppus. “Travis tem ideias no estúdio dele. E tenho certeza de que Tom tem música em algum lugar do estúdio dele. Estávamos prontos para entrar em estúdio em 5 de janeiro. Esta é exatamente a mesma ordem de eventos que aconteceu quando o Blink se separou, dez anos atrás.”

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Segue o baixista: “Tínhamos coisas agendadas e recebemos um e-mail do agente do Tom dizendo: ‘Tom está fora por temo indeterminado’. Mas, da última vez, Travis e eu demos um passo para trás e dissemos ‘OK’, e simplesmente calamos nossas bocas. Mas nós três concordamos em tocar esse show no Musink. Então, da mesma forma como Travis não poderia ir à Austrália e nós conseguimos um baterista substituto, encontramos um guitarrista para substituir Tom neste show.”

“Quando saiu o comunicado de imprensa, foi como se um peso gigante saísse das minhas costas. Finalmente as pessoas sabem o que acontece com nossa banda. Além disso, vamos ver o que acontece. Da última vez que isso aconteceu, Travis e eu não dissemos nada e fizemos o +44 (vídeo acima), que não era o Blink 182 porque não tocávamos músicas do Blink. Mas eu e Travis temos a intenção de proteger o legado do Blink 182 e continuar a fazer o que temos feito durante as duas últimas décadas: tocar as músicas.”

Blink sem Tom

“Há coisas legais envolvidas” afirma o baixista. “Como Tom disse, tecnicamente, ele não saiu da banda. Então isso ganha aspectos judiciais, os quais eu prefiro deixar para os empresários. Só quero sair e tocar as músicas do Blink.”

“Quero sair e tocar as músicas as quais passamos os últimos 20 anos das nossas vidas compondo. Isso é o que eu Travis queremos. Se Tom não quer, o que é óbvio, tudo bem. Ele não precisa ficar envergonhado ou tentar dizer que ele está trabalhando secretamente no Blink. As pessoas sabem o que acontece, qual é?”

Resposta de Tom

“Amo o Blink e sou incrivelmente grato por tê-lo em minha vida”, escreveu o guitarrista em uma carta aberta no Facebook. “O grupo me deu tudo o que tenho. TUDO. Comecei essa banda na minha garagem, onde eu sonhei com essas travessuras.”

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Ele disse que uma reunião que tentou organizar para resolver as discordâncias do grupo transformou-se em “três horas no vestiário de alguém em um cassino de merda”. “O que eu achava que seria uma maneira de nos livrarmos juntos disso tudo passou a ser um encontro esquisito em um vestiário fedido”, escreveu.

“Mas foi lá que eu disse ao Mark e ao Travis que, assim como conversamos, e as coisas estavam boas entre nós – amigos de verdade –, que iríamos nos comprometer e trabalhar com afinco”. As coisas logo desmoronaram, entretanto, segundo DeLonge, enquanto a banda estava gravando o EP Dogs Eating Dogs, em 2012, uma época em que o guitarrista afirmou que o trio começou a se autossabotar e os outros integrantes falharam em “dar o melhor [deles].”

DeLonge diz que Hoppus e Barker tentaram atrasar um álbum do projeto paralelo do guitarrista, o Angels & Airwaves. Para DeLonge, isso causou várias quebras do contrato. Ele ainda alegou que a dupla tentou força-lo a gravar o novo disco do Blink 182 em seis meses. “Todos os outros projetos nos quais tenho trabalhado, existem em forma de contrato”, escreveu ele.

“Não posso simplesmente travá-los e derrubar anos de desenvolvimento, parcerias e compromissos no estalar de um dedo. Disse ao meu agente que eu faria as coisas do Blink 182 enquanto isso fosse divertido e desse certo com os outros compromissos da minha vida, incluindo minha família.”

“Na visão deles, eu esteva controlando tudo”, seguiu. “Na realidade, eu estava com medo de me expor novamente. De repetir a experiência do EP”. Ele encerrou a carta aberta afirmando que não é “do meu feitio colocar negatividade no legado da banda.”

DeLonge concluiu: “Tudo isso me deixa muito triste. Triste por nós. Triste por você – que está testemunhando essa imaturidade”. “Os conheço muito bem, e as ações deles são defensivas e e de caráter divisor. Suponho que estejam fazendo isso como um jeito de se proteger. Como todos nós fazemos. E até mesmo vendo eles agirem de maneira tão diferente do que conheço deles, continuo me importando profundamente com eles. Como irmãos, e como antigos amigos. Mas nossa relação foi envenenada ontem. Nunca planejei sair, só achei bem difícil me comprometer.”