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Depois de cinco anos em silêncio, Beck retorna com disco de psicodelia dylanesca

“Só estou começando. Tenho algum tempo para compensar”, afirma o músico, que lança Morning Phase neste mês

David Fricke | Tradução: Ligia Fonseca Publicado em 05/02/2014, às 16h42 - Atualizado às 16h57

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Beck - Autumn De Wilde
Beck - Autumn De Wilde

“Notei esta palavra aparecendo várias vezes, subconscientemente, no início”, conta Beck com uma voz pensativa, explicando como acabou com 12 músicas sobre manhãs – a afirmação e a renovação no começo de cada dia – em seu novo álbum, Morning Phase, que deverá ser lançado no próximo dia 25. “Quando você está trabalhando em cada faixa, está tão profundamente nela que não consegue ver a floresta através das árvores. Então, percebi: ‘Ah, essas imagens, a luz’.”

Show: com cover de Michael Jackson e hits próprios, Beck conquistou o Planeta Terra.

“Fiquei remoendo sobre o título”, diz o cantor e compositor de 43 anos, que passou por São Paulo no último mês de novembro, no Festival Planeta Terra. “Só que o nome fala sobre as músicas e de onde elas vêm” – uma sensação de “tumulto e incerteza” e, depois, de “sair disso, que as coisas melhoram.”

Morning Phase é o primeiro disco de Beck desde Modern Guilt (2008). Também é um dos melhores do artista: um ciclo docemente impressionante de músicas de psicodelia lânguida e bucólica que lembra o clássico Sea Change (2002), mas também retoma o rock cósmico californiano de Byrds, Gram Parsons e Crosby, Stills and Nash. “Blackbird Chain” soa como um pedaço reluzente de The Notorious Byrd Brothers (1968). “Waking Light” evoca o LP If I Could Only Remember My Name (1971), de David Crosby, e “Country Down” é uma faixa parecida com Bob Dylan do final dos anos 60.

“Não cresci com essas músicas”, admite Beck, nascido em Los Angeles. “O que me atraía eram as coisas mais obscuras, pesadas – o Velvet Underground era uma grande banda para mim na adolescência, mas, mais tarde, aquela coisa da Califórnia ressoou. Minha intenção sempre é que discos como este ou Sea Change sejam simples, meio crus. Eles acabam sendo mais expansivos sonicamente. Quase não consigo evitar que sejam assim.”

Morning Phase, que Beck produziu, marca o ressurgimento do cantor depois de meia década sem gravadora, um período no qual se concentrou em projetos paralelos e em se recuperar de um problema sério na coluna. Em 2011, ele gravou algumas músicas em Nashville que se tornaram parte de Morning Phase, incluindo “Waking Light” e “Blackbird Chain”. Retomou o projeto no começo de 2013, editando as faixas mais básicas em três dias, depois passando meses manipulando os resultados.

Beck fará uma turnê para promover Morning Phase. Está a meio caminho andado em outro disco de estúdio e há uma gravação em andamento de outros artistas fazendo covers de faixas do livro de partituras Song Reader, que ele lançou em 2012. “Só estou começando”, diz sobre a grande carga de trabalho. “Tenho algum tempo para compensar.”