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Excesso de virtuosismo

Peter Frampton fez um show bom em São Paulo, mas um tanto cansativo

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 18/09/2010, às 15h31

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Peter Frampton tocou alguns hits de sua carreira durante show em São Paulo - Stephan Solon / Via Funchal
Peter Frampton tocou alguns hits de sua carreira durante show em São Paulo - Stephan Solon / Via Funchal

Ás vezes dá a impressão que o grande empecilho da carreira de Peter Frampton foi ele ter nascido bonito e ter se tornado objeto de desejo de garotas dos quatro cantos do mundo. Claro, isso foi há muito tempo, quando ele tinha 20 e poucos anos e possuía longas madeixas loiras. Mas o cantor e guitarrista inglês nunca perdeu a mania de querer provar que sempre foi mais do que um rostinho bonito e sim um músico habilidoso e sério. Isso emperra um pouco suas apresentações.

Em São Paulo, na sexta à noite, 17, na Via Funchal, o agora calvo e sessentão Frampton fez um show longo, tecnicamente impecável, mas um pouco arrastado, onde preferiu mostrar suas habilidades como instrumentista e deixar de lado sua antiga faceta de hitmaker que se fez presente no final dos anos 70 e começo da década de 80. Claro, ele tocou vários hits óbvios, mas deixou vários sucessos de fora do set list. Ao invés disso, deu destaque para canções de seu disco instrumental Fingertips (2006). Houve um excesso de jams e improvisos, o que cansou o bom público presente a casa de espetáculos. Pelo menos Frampton compensou com uma boa dose de simpatia e carisma.

Logo no começo tocou "Four Day Creep", do Humble Pie, grupo que formou com Steve Marriott no começo dos anos 70. Mas logo ele já queimou o megahit "Show Me The Way", consagrada no milionário álbum Frampton Cames Alive (1976). Essa foi a terceira música a ser apresentada e Peter a cantou de uma maneira muito apressada e burocrática, como se quisesse se livrar logo dela. Mas quando fez os efeitos vocais no talk box, arrancou gritos do público. Frampton está com um disco novo no mercado chamado Thank You Mr. Churchill. Dele, o músico executou "Restraint", "Vaudeville Nanna and the Banjolele" e praticamente mais nada.

Então começou a sucessão de músicas instrumentais e obscuridades. Isso durou quase uma hora. Foi muito bom ver a maestria de Peter na guitarra, mas ninguém escondeu que foi cansativo. Pelo menos a versão dele para "Black Hole Sun", do Soundgarden foi bem recebida - afinal, essa muita gente conhecia. O show ganhou pique quando Frampton veio como a balada "Baby I Love Your Way" e as agitadas ("I'll Give You) Money", e "Do You Feel Like We Do". O bis foi apoteótico, com "Breaking All The Rules" (o maior hit de Frampton em nossa terra) e uma excelente versão para "While My Guitar Gently Weeps" do Beatles. Mas no final da apresentação vários fãs reclamaram da ausência de grandes hits aqui no Brasil como o rock "I Can't Stand it no More" e as lentas "I'm in You" e "It's a Sad Affair". Neste sábado, 18, Peter Frampton toca em Belo Horizonte.