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Luísa Sonza lança ‘Anaconda *o* ~~~’, feat. com Mariah Angeliq: “Fiz a cama; e ela deitou” [ENTREVISTA]

A cantora e compositora Luísa Sonza libera o segundo single bloqueado do álbum “Doce 22” - o mais reproduzido do pop no streaming

Ademir Correa Publicado em 08/12/2021, às 09h00 - Atualizado em 09/12/2021, às 11h23

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Luísa Sonza para Rolling Stone (Foto: Higor Bastos)
Luísa Sonza para Rolling Stone (Foto: Higor Bastos)

Luísa Sonza injeta veneno no pop. E também o seu antídoto. Após conquistar a crítica em julho último com Doce 22(2021), seu diário sonoro perigosamente autoral, alcançou ainda o amor do público – sensação que, em nossa entrevista inicial, admitiu sentir pela primeira vez após trajetória rápida marcada por uma lente de aumento focada em sua vida pessoal - acumulando likes e hate(r)s. Êxito em números nunca foram uma questão aqui. Colecionadora de hits, carrega o título de artista pop mais reproduzida de 2021 no streaming e ainda o álbum mais ouvido do gênero, segundo ranking recente do Spotify Brasil. “Siiim, eu esperava”, comenta sobre o recorde alcançado – mesmo estando diante de um disco que ainda não foi ouvido em sua totalidade porque foi disponibilizado com três singles anunciados e bloqueados. Dois deles já no ar: “Fugitivos”, com Jão, e “Anaconda *o* ~~~”, feat com a norte-americana de ascendência porto-riquenha Mariah Angeliq  - liberado hoje com clipe (que assistimos em primeira mão no celular da artista) em alta temperatura e potencial imediato para hitar. 

“Eu sou do tipo que não dá para decifrar... Sei que todo mundo quer um ‘pedacin’” (“Braba”)

Assim “Braba”, porém “Mulher do Ano”, Luísa dirige mais um capítulo de sua história que, aos poucos, muda o foco para o que ela canta e não para quem ela beija. Já vista por parte da audiência como uma vilã de um conto cruel irreal, título que catapultou parte de sua ascensão ao estrelato por mantê-la na mídia, pagou um preço alto fora dos palcos e longe das redes. Protegida em sua individualidade, a cantora e compositora reivindicou para si a escrita de seu livro da vida – se expondo musicalmente com um setlist íntimo com nuances de direito de resposta que mostra (muitas outras de) suas facetas – estas que vêm desde os tempos de criança em que cantava em banda de baile em Tuparendi, no Rio Grande do Sul. “Nunca eu não fui cantora”, relembra quando colocada de frente a comentários que a apontavam apenas como uma celebridade ou que descreviam suas relações como uma escada para a fama.

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“Puta, vagabunda, interesseira”, palavras malditas que leu de vozes anônimas, tornaram-se o verso inicial de “Intere$$eira”, a abertura de DC22, simbolizando a retomada de sua narrativa – que ela mesma conta agora, ainda que sempre de forma indomável. “Penhasco”, single do lado B, tornou-se hino embalado por uma melodia crua para corações partidos. “Provei que as pessoas querem escutá-la e querem ouvir ‘Melhor Sozinha’”, avisa sobre o entendimento que adquiriu observando outras estrelas e também testando suas habilidades vocais como intérprete de covers. “O pop não é só a música, é uma cultura que abrange tudo. É como uma bolsa de valores. Você sabe quando tem um spikezinho ali. Aprendi a mexer nesta máquina. ‘Modo Turbo’, por exemplo [que faz parte do álbum e saiu em 2020], com a Pabllo Vittar e a Anitta. Sabia que podia gastar R$ 1,5 milhão no vídeo; em ‘Toma’ estava protegida com uma coreografia e um clipe supercolorido; e usei funk com o brega funk, melodia de r&b, pop e produção seca em ‘Braba’”, conta ao explicitar a visão sobre o seu trabalho e o domínio que exerce no mercado musical e no de notícias. Quando indagada em vídeo sobre que fake news inventaria sobre si mesma, disparou em tom de brincadeira que seria algo como “zerou o Spotify mundial e é mais ouvida do que a Beyoncé. E ia querer fazer acontecer”.

“Me mostra a Anaconda da Nicki Minaj quando for a hora” (Anaconda *o* ~~~’)

Alçada ao patamar de diva, sua aposta atual atende pelo nome de “Anaconda *o* ~~~” (assim mesmo, com os caracteres de cobrinha) e surgiu de um caminho sem fórmulas. “É uma música especial que passou por muitas transformações. Assim como eu. Comecei ela há dois anos no dia em que fiz ‘Braba’, ‘VIP *-*’  e ‘Toma’. Deixei ali. Demorou para maturar, envelheceu como um vinho (risos).E me provocava em algum lugar.... Achava a letra diferente, de um feminino agressivo que me instigava”, comenta. “Eu canto ‘Me mostra a Anaconda da Nicki Minaj quando for a hora / Só não se apaixona que é mais um pra conta’, cita o verso e comenta quando resolveu refazer o som com uma empolgação de quem tomou a decisão certa (antes e depois de tudo resolvido). “Decidi: ‘Quer saber, vou fazer eu mesma’. Então chamei a Jenni [Mosello, cantora e compositora] e o Lucas [Vaz Machado, produtor musical] no estúdio,  porque ninguém faz nada sozinho e sou muito aberta a ideias”, dispara. Diante desta canção que estava pronta, e ainda finalizando outras partes do trabalho, Luísa foi buscar o que queria musicalmente falando. “Sei usar o Pro Toolls, no entanto, prefiro que alguém faça isso porque penso mais rápido do que o jeito que eu opero [o software]. E minhas unhas não permitem que eu mexa muito no computador”, ri com suas garras que ela movimenta constantemente arranhando o ar. 

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Estamos no camarim enquanto ela toma chimarrão nesta tarde de sábado e, diante do espelho, aponta o rumo que tomou. “’Anaconda *o* ~~~’ muda de bpm [batidas por minuto] quatro vezes, o que não é comum. O Lucas falava: ‘isso não existe’. E eu respondia: ‘vai passar a existir, sabe’. No começo tem uma batida de funk que gravei com a boca; quando parece que vai acabar, entra um funkzão do nada. Tem acidente de carro, barulho de cinto de segurança. Não vai tocar em rádio, não é óbvia. Virou uma produção visual de ouvir. Vi o clipe praticamente na produção. Na minha opinião é uma das mais diferentes que fiz”, revela sobre o som que ganhou mais camadas com a chegada de Mariah Angeliq. “A conheci em ‘El Makinon’ com a Karol G e sou muito fã das duas. Mandei e nem contei tanto com a possibilidade. Na minha cabeça não achei que ia rolar, embora imaginasse que gravaríamos juntas em algum momento. E ela topou muito rápido. A parte dela virou a melhor - a Mariah entra exatamente na mudança de andamento de uma maneira que acaba comigo, me deixa no chão – e faço a coreografia ali nesta hora também”, pontua citando o vídeo. “É de uma sensualidade surreal. Fiz a cama; e ela deitou. A voz dela se encaixou muito bem na produção. Como se a gente tivesse se abraçado [sonoramente]”, comemora. 

Toda essa liberdade de fazer escolhas vem acompanhada de orgulho para Luísa Sonza - “Quando atinjo esta catarse na arte, vira um xodó muito grande. É o meu bebê do Lado A. Assim como ‘Penhasco’ é o do B” - e também de certo medo - “daqueles de não dormir e ter crise de ansiedade”. Ao entender seu caminhar até aqui, ela também se depara com o fato de se repetir ou não – o que pode ser esperado em um mercado que não necessariamente responde de forma positiva às novidades apesar de pedir incessantemente por elas. “Aprendi a fórmula. Simplesmente não tenho vontade de reproduzi-la. Será que vou virar muito underground? As pessoas vão parar de me entender?”, indaga e continua “Consigo criar 50 ‘Brabas’, que eu amo, mas não vejo mais graça. E só tenho 23 anos (risos). Com 27 vou ter o mesmo tesão de fazer o que tenho que fazer? Às vezes só quero lançar um EP de rock brasileiro anos 80”, arrisca sobre o receio do que é certo para ela e do que é duvidoso (o terreno que busca). 

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Dúvidas à parte, Sonza nos ensina de onde vêm tantas perguntas sem resposta: “Quando você não tem respeito e nem um nome a zelar, você vai, amor. Já eu estou no meio, não posso estragar tudo. E quanto mais você entrega, mais insegurança aparece”, confidencia ao experimentar o sucesso comercial e o carinho dos seguidores. “É muito bom ver as pessoas te elogiando. Doce 22 (2021) me trouxe este lugar. Não quero parar de ter isso’, reconhece ao mesmo tempo em que admite que esta sensação levemente aterrorizante não é daquelas que paralisam - porque nunca deixou de fazer o que queria por causa dela. “É só um medo mesmo. Todo mundo tem. Sempre tive. Estou com medo agora, desta entrevista. Só que a minha coragem é maior. Espero seguir assim”, conclui minutos antes de posar para a primeira série de capas digitais da Rolling Stone Brasil.


  • Texto: Ademir Correa (@ademircorrea)
  • Fotos: Higor Bastos (@higorbastos)
  • Styling: Victor Miranda (@victorfdmiranda)
  • Beleza: Pedro Moreira (@pedromoreiramake)

  • Set Designer: Felipe Tadeu (@fetadeu)
  • Produção Cenográfica: Galpão Oito (@galpaooito)
  • Design de Capa: Daniel S. B. Mangione
  • Light Designer: Michael Willian (@michaelwillianphoto)
  • Tratamento de Imagem: Caroll Ferreira (@caroullis)
  • Making Of: Leonardo Cordeiro (@leocordeiiro)
  • Produção de Moda: Jorge Moura (@jorgmoura) e Tainá de Castro (@tainadecastroo)
  • Assistente de Beleza: Daniel Cannavan (@dancannavan)
  • Agradecimento: Melina Tavares Comunicação (@melinatavarescomunicacao)