Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Por que Renato Russo proibia que músicos da Legião Urbana rissem no palco

Regra estabelecida pelo cantor foi compartilhada em entrevista pelo tecladista e produtor musical Carlos Trilha

Legião Urbana (Foto: Divulgação)
Legião Urbana (Foto: Divulgação)

“Sem risadola”, já diria o humorista. Essa era a regra estabelecida pelo vocalista Renato Russo a qualquer músico que tocasse na Legião Urbana.

Em entrevista de 2021 ao podcast Papo com Clê, o tecladista e produtor musical Carlos Trilha revelou tal determinação e comentou a respeito. Embora não tenha sido integrante oficial da Legião Urbana, Trilha tocou com a Legião tanto ao vivo quanto em estúdio, em discos como A Tempestade ou O Livro dos Dias (1996) e Uma Outra Estação (1997).

+++LEIA MAIS: 26 anos sem Renato Russo: relembre sua trajetória

A norma era estabelecida porque a banda buscava discutir temas profundos em suas letras. Não era como uma banda de rock convencional, com versos mais mundanos, por assim dizer. Trilha afirma:

"Aquilo ali para o Renato era uma coisa muito séria. Tem um nível de entrega muito grande dele ali também. A gente ficar gargalhando é quase desrespeitoso com a entrega, o que querem dizer as letras. [...] O show da Legião tinha essa coisa. O Renato falou: ‘Gente, é uma banda espartana. Não é para ficar gargalhando no palco, ficar rindo’.”

+++LEIA MAIS: Legião Urbana: em 1984, o punk brasileiro surgia das entranhas endinheiradas de Brasília

Ainda de acordo com o tecladista, levou algum tempo até a plena compreensão do que significava tudo aquilo. Não era apenas tocar e fazer som: existia uma questão política e filosófica por trás do grupo.

“Fui passar a entender essa vibe do punk, pós-punk, essa posição política, musical e filosófica com o passar do tempo. Não foi só chegar. Achava que era meio ruim, meio frouxo, depois fica legal, depois fica ruim de novo... mas depois fui entender o valor artístico e tudo o que significava.”

+++LEIA MAIS: Do punk ao fenômeno: como o disco 'Dois' transformou o Legião Urbana em ícone de uma geração

Legião Urbana e a barulheira

Também durante a entrevista, Carlos Trilha refletiu sobre o momento em que começou a tocar com a Legião Urbana. Uma experiência anterior com outro projeto que não o agradou quase o afastou da banda.

“Um pouco antes da Legião me chamar, fui chamado para fazer um show tributo ao The Clash. Fui ensaiar, achei uma barulheira e não quis mais. Aí de repente parto lá na Legião: mesma barulheira, muito alto. E tinha equipamento, então era o ‘Esquadrão Suicida’.”

+++LEIA MAIS: Eduardo e Mônica: Música icônica do Legião Urbana foi inspirada em casal real; conheça

Além do trabalho com a Legião, Trilha esteve envolvido com a carreira solo de Renato Russo. Foi ele o arranjador de três álbuns do cantor: The Stonewall Celebration Concert (1994), Equilíbrio Distante (1995) e O Último Solo (1997). Também trabalhou com Lobão, Jerry Adriani, Marisa Monte, Dazaranha, Danni Carlos, entre outros.