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Rammstein faz "show de fogo" em São Paulo

Com chamas por todos os lados do palco - e até nos integrantes -, banda alemã promoveu espetáculo de pirotecnia diante de seis mil fãs, na Via Funchal

Por Bruna Veloso Publicado em 01/12/2010, às 21h55

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Fogo, muito fogo. Na noite desta terça, 30 de novembro, a banda alemã Rammstein lotou a casa de espetáculos paulistana Via Funchal (os ingressos acabaram há tempos) não só para mostrar uma boa seleção de seus seis álbuns de estúdio, como também para uma aula de pirotecnia - e chamas por todos os lados: no palco, no microfone, controladas pelos integrantes, e até em um homem da equipe. Tudo isso em um lugar fechado e abarrotado por seis mil fãs, alguns deles tendo chegado ao local um dia antes da apresentação, segundo a assessoria de imprensa.

O sexteto de metal industrial chegou ao palco por volta das 22h15, com 15 minutos de atraso. Ao som de "Rammlied", a banda permanece escondida atrás de um grande pano que lembra a bandeira da Alemanha, exceto pela ausência da faixa amarela. A cor, no entanto, aparece no jogo de luzes. Quando o pano cai, revela o vocalista Till Lindemann com um avental vermelho, os lábios pintados de preto e os braços sujos; no pescoço, uma "coleira" de penas vermelhas e dentro da boca uma pequena lanterna branca, imperceptível, que ilumina a cavidade bucal do cantor (e principal compositor do grupo) a cada palavra pronunciada.

Na linha de frente do palco, Lindemann é acompanhado pelos dois guitarristas, o fundador Richard Z. Kruspe e Paul H. Landers. Mais ao fundo, em uma parte mais alta, estão baixista, baterista e o performático tecladista (Oliver "Ollie" Riedel, Christoph "Doom" Schneider e Christian "Flake" Lorenz, respectivamente). Flake protagoniza dois dos grandes momentos do show. Na polêmica "Mein Teil", escrita com base no caso de canibalismo do alemão Armin Meiwes (que foi condenado à prisão perpétua depois de, em 2004, ter castrado - com suposto consentimento da vítima -, assassinado e comido a carne de um homem de 43 anos), Flake surge dentro de um caldeirão enfumaçado; Lindemann, vestido de açougueiro, com sangue falso nos braços e microfone em forma de facão, incendeia - literalmente - o caldeirão. Mais tarde, quase no final do show, em "Haifisch" (tubarão, em alemão), Flake sobe em uma espécie de bote e se deixa levar pelas mãos da plateia.

A lista de músicas passeou por toda a discografia do Rammstein - de Herzeleid, o disco de estreia, lançado em 1995, a Liebe Ist Für Alle Da, de 2009 (das 18 músicas do set list, sete foram desse CD). Lindemann, aos 47 anos, comanda o espetáculo e é recebido pelo público quase com devoção. O timbre extremamente grave e os vocais que ficam entre o alto e o sussurro fazem dele um grande cantor. Além de seu idioma caber perfeitamente nas canções pesadas da banda, o jeito de cantar se difere de outros vocalistas de metal, já que ele não desfere agudos, nem gritos guturais.

O "potente" frontman, aliado às guitarras distorcidas e aos sintetizadores do Rammstein, que também é classificado, por alguns, como tanz-metall (algo como dance metal), e às letras que passam longe do politicamente correto - tendo sexo, violência, e muitas vezes misturando os dois - levaram o grupo ao posto de banda de língua alemã mais bem-sucedida no mundo, em 2004, segundo as paradas da Billboard.

Mas, claro, nem só a música faz do show do Rammstein um evento imperdível. Praticamente todas as faixas trazem algum efeito visual, à exceção de "Fhrüling in Paris", que tem até - surpresa - violão. Em "Waidmanns Heil", Lindemann empunha uma grande espingarda, enquanto labaredas de fogo "correm" pelo palco e fogos de artifício vermelhos caem do topo da estrutura para o chão; pequenas chamas saem dos braços dos guitarristas em "Du Riechst So Gut" (o primeiro single da carreira da banda); em "Benzin", com a ajuda de uma bomba de combustível fictícia, Lindemann usa a mangueira como um grande lança-chamas, antes de tacar fogo em um homem no palco (obviamente, ele estava com uma roupa especial); no mega-hit "Du Hast", o vocalista aparece com uma arma com a qual "atira" fogos para os fundos da casa - os mesmos voltam para o palco e provocam uma chuva luminosa sobre os integrantes. Isso sem contar "Pussy", em que o baterista usa um dildo que dispara fogos (e a chuva de papeis picados, brancos, que finaliza a canção), e o fogo lançado por um dispositivo próximo à boca de Lindemann e dos dois guitarristas em "Feuer Frei!".

Quando o calor na Via Funchal beirava o insuportável - o chão e as paredes já estavam molhados pelo suor do público -, os alemães aparecem para o bis final com a nada singela "Te Quiero Puta". Às 23h55, já com todos os integrantes na frente do palco, Lindemann agradece bradando "Viva Brasil!" e "Muito obrigado!".

O Rammstein volta à Via Funchal nesta terça, 1. Os ingressos ainda estão disponíveis e custam entre R$ 200 e R$ 300.