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Notícias / Entrevista

Brasileiro arremata peças de Freddie Mercury e planeja exposição em shoppings: 'A ideia não é um museu'

Rafael Reisman garantiu itens como a coroa e o manto vermelho de Freddie Mercury

Rafael Reisman ao lado de itens de Freddie Mercury (Foto: Divulgação)
Rafael Reisman ao lado de itens de Freddie Mercury (Foto: Divulgação)

Mary Austin, que foi namorada de Freddie Mercury e inspirou a música "Love Of My Life", herdou a mansão onde o artista vivia, com tudo o que havia dentro. Além disso, ela ficou com ao menos metade da fortuna de Mercury e é quem recebe atualmente os dividendos dos direitos autorais do cantor. No entanto, a melhor amiga do vocalista do Queen decidiu que era o momento de dar um novo destino aos itens que lhe foram deixados.

Diante desse contexto, o empresário brasileiro Rafael Reisman viu a oportunidade de garantir peças icônicas do astro — no total, ele arrematou 45 lotes com mais de 500 itens. Em um leilão, finalizado nesta quarta-feira, 13, e dividido em seis partes — três em Londres e três online — cerca de 1500 objetos foram disponibilizados. Reisman levou os dois que acredita serem os mais importantes: a coroa e a capa vermelha que Freddie usou em todos os shows da turnê Magic. Para isso, foi necessário desembolsar 500 mil libras. Parte do valor arrecadado na iniciativa vai para organizações dedicadas ao combate a aids.

"Eu tenho uma história antiga [com o Queen], porque em 1985 eu fui ao Rock in Rio. Tive a oportunidade de ver duas vezes o show do Queen, acho que foi 11 de janeiro e 18 de janeiro. O Queen, sem dúvida nenhuma, foi a grande banda do Rock in Rio 1. [...] A apresentação deles lá foi memorável, eu já gostava, mas virei um super fã", contou Rafael sobre sua relação com a banda.

Ainda que ele já seja o dono do que arrematou, as peças continuam em Londres. De acordo com o empresário, o processo para trazê-las ao Brasil é relativamente demorado, chegando a levar meses: "Tem todo um processo de importação e de documentação, então não é uma coisa rápida. O leilão ainda está acontecendo. Eu estou falando com você e estou de olho em algumas peças".

Rafael confessou que estava brigando por um disco de ouro e um de platina, mas está satisfeito com o que conseguiu. "Vamos ver como é como é que fica, mas já é um acervo muito forte, com as peças mais importantes dele, ou parte das mais importantes. Sem dúvida, a mais importante está no meio, que é a coroa e a capa", disse. A camiseta do Super-Homem e a que foi desenhada pelo próprio Freddie Mercury para presentear Mary Austin também estão inclusas na coleção. Além delas, vale citar o tênis Adidas, um dos colares preferidos do músico e um telefone. 

Embora a curadora do leilão, Sarah Hodgson, tenha afirmado que a estrela do rock não queria ser homenageada, um dos objetivos de Reisman é promover exposições com o acervo de Freddie Mercury que conseguiu formar. Ele é um dos responsáveis pelas experiências imersivas com obras de artistas muito famosos.

"A gente já é experiente na área de exposições. Fizemos exposições de Frida Kahlo, Banksy,Van Gogh, que estão rodando o Brasil. Inclusive, vai abrir agora no Lar Center, no Center Norte, a nova versão do Van Gogh imersiva. A gente faz o Space Adventure, que estava em São Paulo e foi para Canela. Agora é uma exposição fixa", explicou.

O intuito, portanto, não é ocupar espaços de museus, mas sim tendas de shoppings ou lugares semelhantes: "Não é um museu, é uma exposição interativa imersiva com peças originais para rodar cidades em várias partes do mundo. [...] A ideia não é um museu".

Controvérsia

Os compradores provavelmente ficaram felizes por poderem ter o que algum dia foi de Freddie, mas nem todos os fãs reagiram bem ao leilão. O guitarrista Brian May se envolveu na polêmica e opinou no Instagram:

Pensando muito em Freddie nesses dias estranhos. Quando essa foto foi tirada, tenho certeza que não parecia tão importante ver os dedos de Freddie dançando na minha própria guitarra caseira. Agora ela evoca ondas de afeto e ótimas memórias. Ele faz muita falta. Amanhã, enquanto eu estiver falando apaixonadamente aos agricultores galeses sobre vacas, texugos e tuberculose bovina, os bens pessoais mais íntimos de Freddie, e escritos que fizeram parte do que compartilhamos por tantos anos, passarão pelo martelo, para serem levados pelo lance mais alto e serem dispersados para sempre. Não consigo ver isso. Para nós, os amigos próximos e a família, é muito triste.

Rafael Reisman não levou a declaração de May para o lado pessoal. Na visão do empresário, o recado não foi para ele: "A crítica dele não foi feita para mim, obviamente foi feita para os outros 95% de compradores que diluíram [o acervo] em 60 países. Eu fui o único comprador que está analisando um acervo extremamente importante para levar ao público e aos fãs. Então, na verdade eles estão do meu lado. Eles não estão contra mim. A preocupação dele era exatamente sobre pulverizar [a coleção], e é o que está acontecendo: 90%, 95% foi pulverizado no mundo. Eu sou o maior comprador, são quase 50 peças — 50 peças importantes — que trazem a chance de conseguir a oportunidade de levar aos fãs essa memória".

Reisman afirmou que há propostas estrangeiras de interessados em levar os bens de Mercury a outros países, mas ele assegurou que irá priorizar o Brasil. "A gente vai fazer o máximo para conseguir desenvolver essa exposição e a gente vai fazer o máximo para que ela seja no Brasil. [...] Por incrível que pareça, já tem mais de dez propostas de fora para levar essa exposição, mas a gente vai fazer o máximo para que seja no Brasil primeiro", revelou.