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O guitarrista demitido do Iron Maiden por gostar demais de Queen

Até estabilizar formação que dominou o mundo, Iron Maiden teve série de músicos que não permaneceram na formação por tanto tempo

Dennis Straton (Foto: Reprodução), Brian May (Foto: Getty Images)
Dennis Straton (Foto: Reprodução), Brian May (Foto: Getty Images)

Antes de contar com um dos guitarristas mais talentosos do heavy metal, Adrian Smith, o Iron Maiden teve Dennis Straton fazendo dupla com Dave Murray. A participação de Stratton na discografia de estúdio da banda ficou restrita a um álbum: o de estreia, homônimo, lançado em 1980.

Sua entrada para o grupo ocorreu de forma um pouco “atropelada”, em meio às gravações do disco. Até então, o projeto estava na configuração de quarteto, apenas com Murray na guitarra. Acabou não durando muito por uma razão curiosa: ele não era tão fã de heavy metal e curtia mais o som de bandas como Queen, o que não é nenhum demérito, mas não combina com o Maiden.

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Em declaração ao canal The Metal Voice (via SleazeRoxx), no ano de 2018, Stratton relembrou as circunstâncias de sua entrada para a banda.

“Eles precisavam de um guitarrista que conseguisse cantar, pudesse fazer segunda guitarra e tivesse experiência. Eles me deram as demos do ‘Soundhouse Tapes’ e fui ouvindo. Percebi que só tinha uma guitarra. Soava como uma banda de garotos, mais punk. Eu estava acostumado a trabalhar com duas guitarras e três vocais. Fui chamado para entrar na banda e aceitei.”

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O guitarrista não apenas se mostrou disposto a se acertar com Dave Murray, como também trouxe o baterista Clive Burr (ex-integrante do Samson) para a formação.

“Falei para Dave Murray: ‘estou acostumado a tocar com duas guitarras em harmonia e sei que você costuma tocar por sua conta, você é um guitarrista solo, mas vamos fazer harmonias e deixar o som maior’. Ele topou e eu perguntei a Steve [Harris, baixista e líder], que também aceitou. Daí, chamei meu amigo Clive Burr para ser o baterista. A partir de então, a banda estava formada.”

Dennis Stratton e “a p*rra do Queen”

Uma situação em especial mostrou como Dennis Stratton estava em desacordo com o restante do Iron Maiden. Na gravação da música “Phantom of the Opera”, ele tentou incluir backing vocals em falsete, na pegada do Queen, e harmonias de guitarra mais ao estilo do Wishbone Ash, algo que foi parcialmente mantido já que o baixista e líder, Steve Harris, era fã do grupo.

Em entrevista à Rock Candy Magazine, no ano de 2017, o próprio Stratton relembrou:

“Peguei ‘Phantom of the Opera’, que sempre foi uma ótima música no seu núcleo, e coloquei várias harmonias de guitarra e vocais em falsete. O engenheiro de som ajudou a criar as camadas. Quando tocamos o resultado final, soava como Queen. Achei fantástico. Mas enquanto ouvíamos a gravação, (o empresário) Rod Smallwood chegou atrás de mim na sala de controle - eu não sabia que ele estava lá - e falou: ‘você pode se livrar de tudo isso, soa como a p*rra do Queen’. Então, não a fizemos assim.”

Já ao The Metal Voice, ele complementou: “Rod Smallwood pediu para tirar tudo e nós falamos: ‘ok, é sua banda, mas podemos deixar os vocais em harmonia e uma harmonia para guitarra?’. Ele concordou, mas disse que só poderia manter aquilo, para não ficar tão Queen.”

O que diz Steve Harris

Na biografia Iron Maiden: Run to the Hills, escrita por Mick Wall, Steve Harris deixou claro que Dennis Stratton não se encaixava tão bem à proposta do Iron Maiden. Ele exemplificou mencionando que o guitarrista tocava “com paixão bem diferente” as músicas mais melódicas do grupo, como “Strange World”. Já nas faixas de peso, não se empolgava tanto.

Outro ponto destacado por Harris é que durante uma turnê abrindo para o Kiss, em 1980, Stratton preferia viajar com os roadies do que com os próprios colegas de Maiden. Era um sinal de que eles não se davam tão bem assim.

No fim das contas, Dennis foi demitido e deu lugar a Adrian Smith, que formou a histórica dupla de guitarras com Dave Murray. O músico dispensado integrou bandas como Praying Mantis e Lionheart, mas sem o destaque de outrora.