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Vencedor do Oscar 2021, Druk: Mais Uma Rodada questiona o uso do álcool como fuga da vida monótona [REVIEW]

O longa com Mads Mikkelsen é divertido e traz uma discussão pertinente sobre estar entorpecido para a realidade

Vitória Campos (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 29/04/2021, às 17h45

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Druk: Mais Uma Rodada (Foto: Divulgação)
Druk: Mais Uma Rodada (Foto: Divulgação)

Vencedor em Melhor Filme Internacional no Oscar 2021Druk: Mais Uma Rodada (2020), ou Another Round, fala diretamente sobre a influência do álcool no corpo e na sociedade. Porém, aprofunda-se ainda mais no tema e o mostra como escapatória de uma vida entediante e da crise de meia-idade. 

O longa de Thomas Vinterberg - também indicado como Melhor Diretor - se destaca como segunda parceria com o ator dinamarquês Mads Mikkelsen. Agora no papel de Martin, o artista dá vida a um professor, quem, junto de três amigos, decide testar a teoria de estar sempre com um teor de álcool no sangue para ser mais feliz e bem-sucedido. 

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A produção não quer incentivar o uso desenfreado das bebidas alcoólicas e drogas. Aliás, procura mostrar os efeitos negativos de estar entorpecido para aguentar a realidade - crítica ligada diretamente com os hábitos da Dinamarca. Contudo, usa essa ideia, misturada a várias discussões filosóficas, para representar uma fuga daquela vida no automático, sem emoções, na qual os próprios personagens parecem não ter controle nem ânimo. 

O álcool surge no filme com uma salvação temporária, torna os professores muito mais soltos e queridos entre os alunos. A princípio, a bebida não é o problema em si, mas é responsável por evidenciar as crises pessoais de cada personagem, como problemas no casamento, falta de comunicação e, até mesmo, solidão. Eles enxergam a bebida como uma forma de se tornarem livres, e viram escravos do próprio álcool para terem coragem de viver como sonham. 

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Druk: Mais Uma Rodada mostra de maneira bem-humorada como os personagens precisam começar a viver de verdade, mas arrumar novos problemas e vícios não é a solução ideal. Mesmo com sequências dramáticas, as quais perdem um pouco a profundidade e logo são esquecidas, o filme não quer ser pesado, e aposta em muitos momentos cômicos. 

O longa acerta em usar closes nas ótimas expressões faciais do personagem Martin - muito bem interpretado por Mads Mikkelsen, quem mesmo com uma atuação contida, traz o tom certo entre comédia e drama, além de ter o carisma necessário para o filme caminhar. 

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Todo o elenco acrescenta positivamente na narrativa, e os três professores amigos de Martin - Nikolaj (Magnus Millang), Thommy (Thomas Bo Larsen) e Peter (Lars Ranthe) - possuem um arco importante e bem estruturado. Cada um contém os próprios dramas realistas, os quais nos fazem entender o porquê de tentarem dar um novo rumo a história deles. 

A cena final quer trazer conforto e aconchego ao encerrar o filme, e, mesmo que muito divertida por ser mais um show de atuação de Mads Mikkelsen, corta um pouco o momento de tensão construído no terceiro ato. 

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A produção chama atenção pela trilha sonora com músicas clássicas de Mikkel Maltha e uma fotografia suave de Sturla Brandth Grøvlen, a qual mesmo com cores frias deixa o astral do filme alto com muitos raios de sol na tela.   

Mesmo com falhas nas sequências mais dramáticas, Druk: Mais Uma Rodada diverte e traz à tona uma discussão pertinente sobre os efeitos de usar o álcool para fugir da realidade. Você não precisa estar bêbado para rir, ou chorar, com o grupo de professores, e entender o motivo do filme ganhar o Oscar de Melhor Filme Internacional

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