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Como o brasileiro Kiko Loureiro ganhou tanto espaço no Megadeth

Apesar da fama do líder Dave Mustaine em não aceitar colaborações, guitarrista é coautor de oito das 12 músicas de novo álbum da banda

Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 04/01/2023, às 16h22

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Kiko Loureiro (Foto: Divulgação)
Kiko Loureiro (Foto: Divulgação)

O Megadeth é a banda de Dave Mustaine. Formado em 1983 logo após a expulsão do então guitarrista pelo Metallica, o grupo teve seu líder também assumindo vocais, composições e todo o direcionamento artístico. Por isso surpreende que o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro, um integrante que entrou para a formação em 2015, tenha conquistado tanto espaço em tão pouco tempo.

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Logo em seu primeiro álbum com o Megadeth, Dystopia (2016), Loureiro colaborou com a criação de três músicas: “Post American World”, “Poisonous Shadows” e a instrumental “Conquer or Die”. No disco seguinte, o recente The Sick, the Dying... and the Dead! (2022), ele ajudou com a composição de oito das 12 canções do material: “Night Stalkers”, “Dogs of Chernobyl”, “Sacrifice”, “Psychopathy”, “Killing Time”, “Célebutante”, “Mission to Mars” e “We’ll Be Back”. Todas as faixas foram concebidas em parceria com Mustaine.

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A marca é muito importante, já que nenhum músico fora o próprio líder conseguiu tantas colaborações em um mesmo trabalho do Megadeth - exceção feita a Youthanasia (1994), onde todos foram creditados por tudo, ainda que possa ter sido apenas uma medida para agradar a todos os músicos da formação à época. Também ajuda a desmistificar a ideia de que Dave não está aberto a novas ideias em seu grupo: o músico tem fama de “durão” e impiedoso com seus contratados.

Em entrevista ao canal IgorMirandaKiko Loureiro disse que reflete bastante sobre a conquista de espaço no Megadeth. O guitarrista ponderou que o atual “patrão” pode ter mudado, portanto, não descredibiliza o relato de antigos membros. Contudo, a realidade atual é de um espaço bastante fértil em termos colaborativos.

“Não sei como era no passado. O Mustaine pode ter mudado também. As pessoas ficam mais velhas e pensam de forma diferente. Mas não acho que foi isso.”

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O brasileiro entende que sua experiência anterior de aproximadamente 25 anos como um dos líderes criativos do Angra, banda de power metal renomada dentro e fora do país natal, pode ter ajudado no trato com Dave Mustaine.

“Acho que é a questão de você conversar de criador para criador. O Mustaine sabe o que é Megadeth. Para contribuir, você tem que saber muito bem o que é Megadeth e o tipo de música, o público. Tem que conversar de uma forma que um criador conversa com outro criador.”

Dessa forma, Kiko sempre deixou claro ao colega que quer ajudar com o resultado final da obra em vez de apenas tentar “abocanhar” créditos - e, consequentemente, dinheiro com direitos autorais - nas músicas do grupo.

“Quando é nitidamente em prol do álbum, da música, da arte, do negócio – e você consegue ao longo do tempo mostrar isso e trabalhar dessa forma –, começa a tirar essas barreiras, esses muros. Começa a transitar melhor a conversa da criação e aí você tem o resultado.”

O êxito do Megadeth em The Sick, the Dying… and the Dead!

O resultado citado por Kiko Loureiro é o melhor possível. Mesmo tendo sido gravado em meio a problemas como um câncer já curado de Dave Mustaine e um escândalo sexual que rendeu a saída do baixista David Ellefson, The Sick, the Dying... and the Dead! registrou ótima repercussão em números e crítica. O 16º álbum de estúdio da carreira do Megadethatingiu o top 10 das paradas de quase 20 países, com destaque à terceira colocação nos Estados Unidos e Reino Unido. Além disso, a música “We’ll Be Back” foi indicada à edição 2023 do Grammy, na categoria Melhor Performance de Metal.