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The Boys: 3ª temporada peca nas repetições, mas acerta no desenvolvimento de personagens e conflitos [REVIEW]

À Rolling Stone Brasil, Amazon Prime Video concedeu acesso a todos os oito episódios da 3ª temporada de The Boys - e contamos o que achamos sem spoilers

Felipe Grutter (@felipegrutter)

por Felipe Grutter (@felipegrutter)

felipe.grutter@rollingstone.com.br

Publicado em 02/06/2022, às 13h00 - Atualizado em 03/06/2022, às 13h15

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The Boys (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)
The Boys (Foto: Divulgação/Amazon Prime Video)

The Boys é uma daquelas séries que chegaram para ficar na cultura pop. Veio de surpresa, em 2019, como uma novidade em um saturado gênero de super-heróis. A série levada à televisão por Eric Kripke surpreendeu pela violência e uma ideia de como heróis realmente seriam se existissem no mundo real: corruptos, maldosos e cheios de si - e isso não é difícil de se imaginar, infelizmente.

Vale lembrar como a produção tem como base os quadrinhos homônimos criados por Garth Ennis e Darick Robertson, e se passa em um mundo no qual os Sete são os heróis mais poderosos. No entanto, a maioria esmagadora deles usam os poderes para o mal, então Hughie (Jack Quai), Bruto (Karl Urban) e o resto dos “rapazes” têm a missão de detê-los.

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A terceira temporada do seriado se passa exatamente um ano depois da segunda. Hughie continua no gabinete de Victoria Neuman (Claudia Doumit) para tentar derrubar a Vought/Sete por vias legais, Bruto e os outros “rapazes” continuam a deter supers (mas sem matá-los), Homelander (Antony Starr) continua cada vez mais maluco e Luz-Estrela (Erin Moriarty) segue a evoluir cada vez mais nos Sete, um contraponto grande em relação aos outros colegas de equipe.

Nas primeiras temporadas, The Boys focou bastante em apresentar esse mundo e personagens com perfeição, enquanto a segunda se aprofundou mais na crítica social com bastante humor. Com bastante exagero, o maior alvo são produções de heróis, sejam ela Marvel, DC, etc. Já o terceiro ano acerta no desenvolvimento de personagens e conflitos (internos e entre grupos), mas peca na repetição constante desses exageros e críticas.

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Porém, não tem como a série simplesmente deixar de fazer sátiras ao gênero, está no cerne dela e dos quadrinhos. Mesmo fazendo isso bem, a narrativa se torna, muitas vezes, previsível. Ou seja, o público sabe quando esperar explosão de corpos, rios de sangue e críticas sociais e políticas. O legal é que a terceira temporada atualiza isso, e tira sarro da extrema-direita, com discursos racistas, homofóbicos e neonazistas.

Mesmo com esse problema, o saldo da 3ª temporada continua positivo. Nos primeiros seis episódios, principalmente, diversos personagens começam a ganhar mais profundidade, como Leitinho (Laz Alonso) com o passado traumático com Soldier Boy (Jensen Ackles), Hughie na tentativa se de provar forte, o relacionamento entre Francês (Tomer Capone) e Kimiko (Karen Fukuhara), entre outros. Mas, isso significa deixar outros de lado, como Maeve (Dominique McElligott), quem aparece apenas em pontos importantes, e Black Noir (Nathan Mitchell), por exemplo.

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Como os trailers revelaram, Bruto consegue acesso ao Composto V para ter poderes (não revelaremos como), e isso tem impacto direto na relação dele com os rapazes, com diversas discussões sobre moralidade e combater aquilo que você sempre foi contra “se rebaixando” ao nível dos antagonistas. É bastante legal ver essa dualidade, principalmente pela atuação irônica e divertida de Karl Urban, sempre um dos destaques.

Um ponto interessante é como a nova temporada desvia um pouco do foco na ação (ela continua bastante presente, mas com menos tempo de tela), para mostrar esses conflitos e desenvolvimento de cada personagem escolhido para progredir na narrativa. Uma das partes mais importantes para isso são vislumbres da relação de Bruto com o pai e irmão na adolescência, e como isso reflete na maneira como o personagem interage com Ryan (Cameron Crovetti) e o próprio Hughie.

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Infelizmente, alguns personagens deixam bastante a desejar. Até o momento, The Deep (Chace Crawford) continua como alguém totalmente descartável, sem nenhuma relevância à trama. O mesmo vale para A-Train (Jessie T. Usher), quem precisa da temporada inteira para resolver um conflito que poderia ter sido resolvido em questão de poucos episódios.

Diferença em relação aos quadrinhos

Não é segredo que a série de The Boys segue rumos bastante diferentes das HQs, como Becca (Shantel VanSanten) sobreviver após ter Ryan, a mudança de sexo de Tempesta (Aya Cash), entre outros. Uma das mudanças mais fundamentais da terceira temporada é com Soldier Boy, interpretado muito bem por Jensen Ackles.

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Nos quadrinhos, Soldier Boy teve mais de uma versão - e o último a assumir o manto era uma pessoa extremamente medrosa. Na série, é diferente: o “herói” é muito mais destemido, além de ter referências que nenhum personagem entende por ser de uma época diferente. Ele é bastante parecido com Homelander por ser carregado de preconceitos, mas usa muitas drogas.

No entanto, o showrunner Eric Kripke não soube aproveitar um dos elementos mais importantes de Black Noir dos quadrinhos. O personagem, no fim das contas, foi jogado de escanteio muito rapidamente - e um dos maiores potenciais de The Boys falhou miseravelmente.

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Vale a pena assistir à 3ª temporada?

The Boys, como sempre, segue com bastante excelência. Com boa direção, roteiro e atuações, o seriado segue uma opção segura que definitivamente irá te entreter e prender sua atenção, mesmo com chances desperdiçadas, atalhos no roteiro e repetições de fórmulas.

Vale lembrar que os três primeiros episódios serão disponibilizados na próxima sexta, 3. O restante dos capítulos serão disponibilizados uma vez por semana, toda sexta-feira, no catálogo do Amazon Prime Video.

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