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Aves de Rapina: bombas de glitter ofuscam homens idiotas e exaltam Arlequina como dona de Gotham [ANÁLISE]

A produção, dirigida por Cathy Yan, ressignifica a trajetória da personagem ao lidar com traumas e fragilidades

Nicolle Cabral Publicado em 05/02/2020, às 15h02

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Margot Robbie como Arlequina em Aves de Rapina (Foto: Reprodução)
Margot Robbie como Arlequina em Aves de Rapina (Foto: Reprodução)

[Atenção! Esta publicação contém spoilers de Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa] 

Como pensar na história de Arlequina? Para isso, esqueça qualquer primeira impressão de Margot Robbie que deu vida a personagem no primeiro filme de supervilões secretos da DC, Esquadrão Suicida (2016). Neste primeiro voo solo, em Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, a atenção que era voltada para a hiperssexualização da atriz - e da personagem - se despede com o novo olhar da diretora Cathy Yan

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Depois, se desprenda da noção de que Arquelina precisa de uma plateia e um mestre para domá-la, neste caso, o Coringa. Porque nos primeiros instantes, ela nos coloca para refletir sobre quem é a personagem depois de viver uma jornada na sombra do supervilão de Gotham. "Sabe aquela história que sempre dizem? Atrás de um grande homem, sempre existe uma mulher muito poderosa". Essa mulher, é claro, é Harley

Com retrospetivas da produção anterior, Aves de Rapina apresenta a personagem após o desastroso término com o Coringa - e tudo o que ela precisaria fazer para enfim se desligar da imagem do temido vilão da cidade.

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No momento em que ela decide por um fim nessa relação - que para o resto de Gotham ainda existia -, ela decide explodir a Ace Chemicals, fábrica de produtos químicos em que estiveram juntos. Ali, o primeiro passo da Emancipação de Quinn acontece.

Todos os inimigos que antes não se vingaram dos crimes em "respeito" ao Coringa, vão atrás da personagem e ela prova, depois de alguns tropeços, que nunca precisou ser protegida por ninguém. 

Com a habilidade em luta já mostrada anteriormente, Arquelina adere a mais glitters e purpurina e transforma Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa em uma ação muito divertida.

Uma ressalva apenas ao direcionamento escolhido por Yan e Christina Hodson com quebras da quarta parede e narrações over - que geralmente parecem uma boa ideia - talvez não tenha sido exatamente a escolha ideal para construir essa história, já que no primeiro ato, a produção pode confundir um pouco o público com os flashbacks para introduzir cada personagem. 

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Com a trupe formada por Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain (Ella Jay Basco) e Renee Montoya (Rosie Perez), a nova produção da DC se empenhou em subverter a imagem das mulheres como ícones sexuais e é amparado por grandes momentos de união entre essas personagens - todas com os próprios traumas e jornadas individuais, mas que conseguem reconhecer os próprios erros e fragilidades. 

As várias cenas de luta são vibrantes e o elenco principal (formada em grande parte por mulheres) é uma verdadeira máquina de matar. As tensões propostas pelos dois grandes vilões, Máscara Negra (Ewan McGregor) e Victor Zsasz (Chris Messina), giram em torno da busca pelo diamante que tem o código da fortuna da família Bertinelli - que sofreu um massacre em que apenas a Caçadora sobreviveu.

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Apesar das expectativas para a aparição de Ewan McGregor como o supervilão, todos os homens parecem bobos perto da força da trupe de Aves de Rapina - e talvez seja essa a intenção.

Chega a ser constrangedor a cena em que o Máscara Negra, depois de receber a notícia que Arquelina fugiu com a jovem Cassandra Cain que está com a joia, veste a roupagem do vilão egocêntrico e pede para que uma das clientes que está na boate suba em cima da mesa e tenha a roupa rasgada com uma faca por um dos amigos. Nesse momento, damos mais um passo para entender que a produção não foi feita para que um homem, com sensos e atitudes patriarcais, se sinta confortável. 

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa  estreia nesta quinta, 6, nos cinemas brasileiros e cumpre o retrato pintado por Margot Robbie nas primeiras convenções de divulgação da produção: "é um filme sobre mulheres fortes e imperfeitas" - com muito glitter.