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Há 44 anos, Patti Smith revolucionava o punk ao lançar Horses, primeiro disco da carreira

Poesia chama mais atenção que a música - e essa foi a inovação de uma das maiores mulheres da história da música

Yolanda Reis Publicado em 13/12/2019, às 18h01

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Capa de Horses, estreia de Patti Smith (Foto: Reprodução)
Capa de Horses, estreia de Patti Smith (Foto: Reprodução)

No dia 13 de dezembro de 1975, - exatos 44 anos - Patti Smith lançou Horses, seu disco de estreia. Naquele dia, a garota não era ainda a poetisa punk - mesmo porque o mundo nem sabia o que era o punk. Tampouco era conhecida por sua lingua solta, pela imprudência, pela petulância - e pela graça de mostrar tudo isso. Mas esta foi a porta para que fosse definida assim.

Criada na pacata Nova Jersey com pouco dinheiro e muita responsabilidade sobre os três irmãos mais novos, Smith aprendeu cedo a ficar indignada. Quando foi morar em Nova York, aos 21 anos, já era para explorar o rock & roll maquinário das metrópoles - mas não do jeito mais bruto possível (embora ainda fosse extremamente duro) e sim da sua própria maneira de palavras.

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Em Horses, provou que queria falar, declamar, desabafar e transbordar. Nesse disco - e aqui entregamos as palavras escritas pelo repórter da Rolling Stone EUA que analisou o trabalho em fevereiro de 1976 - Smith explorou “uma variedade de problemas enormes, muito mais do que a maioria dos discos de rock sequer sonhou.” 

“‘Gloria' é sobre sexo (com Patti desafiadamente colocando-se como homem), glória pop e redenção. ‘Redondo Beach’ é sobre um suicídio lésbico. ‘Birdlan’ sobre a morte do pai de um menino, e a visão do garoto de ser ‘levado à barriga de uma nave’ e juntando-se ao pai como extraterrestre. ‘Free Money’ é anarquismo cósmico. [...] e ‘Break It Up’ é sobre Deus sabe lá o que (sem duvida, ele/ela contou pra Patti!) - para mim, uma destruição esquizofrênica da identidade como um prelúdio para partir para uma realidade maior.”

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Seja como for - a música que for, qualquer assunto, real ou psicodélico - Smith encantou ao declamar suas músicas, medos, pudores. Nos três discos seguintes, lançados nos três anos posteriores, a música-poetisa provou tudo o que imaginavam de alguém que criou Horses:

Patti Smith é a melhor poetisa do rock a surgir dos restos fecundos do lixo de Nova Jersey desde Bruce Springsteen. Mas ela não parece com ele em mais nada. Springsteen é um roqueiro; Smith, uma poeta cantora do rock. Os seguidores de Springsteen pensavam que ele era um poeta, também, [...] mas ele revela que as palavras dele são apenas molduras onde os compositores exibem a arte.

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Para Smith, as palavras que geram tudo o mais. Sua música seria impensável sem as palavras e seu jeito de articulá-las - e isso sempre é verdade, mesmo que sejam abafadas por sons. Patti Smith é um xamã do rock n’ roll, e precisa da música como tanto quando os xamãs precisam do som de seus mantras.”

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