- Capa de Calm, 5 Seconds of Summer (Foto: Divulgação Universal Music)

Calm, do 5SOS, tem a missão de trazer guitarras de volta ao pop - e construir a identidade geracional da banda [REVIEW]

O disco, lançado na sexta, 27, é o resgate do pop rock da década de 2000 com a introdução da música de 2020 - perfeito para geração dos integrantes da banda

Yolanda Reis Publicado em 29/03/2020, às 16h00 - Atualizado em 29/10/2021, às 16h28

Os millennials mataram tudo o que podiam. A indústria de diamantes. As fábricas de plástico descartáveis. Até, quem diria, muitas das fazendas de abate de animal. Podem ter matado, no caminho, o ânimo da vida - ou, pelo menos, essa é a mensagem de Calm, novo disco do 5SOS, escancara - e num modo positivo.

A banda, mostra, no novo trabalho, a tradução da apreensão da geração. As músicas falam sobre medo, controle, nostalgia e o trabalho constante de não perder-se em si mesmo. Fica no caminho entre o pessimismo e a terapia - retrato perfeito para quem não encontra, no mundo, uma perspectiva clara do caminho futuro. A introspecção psicológica é marca registrada do 5 Seconds of Summer, mas Luke Hemmings, Michel Clifford, Calum Hood e Ashtow Irwin, disco a disco, amadurecem essas questões.

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Geracional, também, é a música. Calm junta o pop atual, carregado de beats computadorizados e bateria eletrônica, ao pop rock tão anos 2000: a guitarra, o baixo, os vocais altos, elementos um pouco esquecidos nos últimos quatro ou cinco anos, retornam com tudo. Mas equilibram bem a música a qual pessoas de 20 e poucos anos, idade dos integrantes, estavam acostumadas a ouvir quando mais novas com algo completamente atual - e necessário para evolução. Uma harmonia perfeita.

Algumas músicas dialogam bastante com Youngblood (2018), um completo pop-para-tocar-no rádio. É o caso de “Easier”, primeiro single de Calm. Vocais agudos cheios de falsetes, palavras separadas sílaba por sílaba, declaradas e não cantadas - um toque da década 2020 à Billie Eilish. “Best Years” repete a fórmula do sucesso mainstream. Parecem ser a parcela comercial - e transacional - do disco.

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No miolo do álbum, porém, apresentam “Teeth” (segundo single). Contraste maior não existe. A faixa, gravada em parceria com Tom Morello (Rage Against the Machine e Nine Inch Nails) é explosiva, raivosa - os aspectos do rock anos 1990 tão destoantes do pop. Quase parece deslocada em Calm, chega ao limite da falta de sintonia. Mas, aí, as origens da música do 5 Seconds of Summer faz o papel de colocá-la dentro do escopo da banda.

Na maior parte, porém, 5SOS acha um bom equilibrio entre o antigo rock da banda e o novo pop das rádios. Reencontra o pop rock, tão popular na última década: músicas sem medo de pesar na guitarra, baixo e bateria, mas sem a preocupação de não soar leves. Se o disco fosse uma uma linha reta, começaria no pop, terminaria no rock. Mas toda a trama seria essa mistura.

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Ótimo para o 5 Seconds of Summer. A banda nasceu, afinal, com o estilo pop rock. Migrou, aos poucos, para o pop - mas destoava de toda a imagem que construíram para si. Voltaram às origens e exploram um estilo totalmente deles com faixas “Red Desert” (abertura), “No Shame” (tão autodestrutiva) e “Wildflower” (oitentista e animada, mas tão propositalmente vaga que requer interpretações individuais). Nisso alcançaram, finalmente, o patamar da identidade - você ouve o disco e percebe, claramente, que aquele trabalho não poderia ser de nenhum outro artista - só do 5SOS. 

Calm é, então, um daqueles discos deliciosos e ondulantes. Bom para ouvir no carro, na esteira, no ônibus - e ao vivo, pois é dançante para quem tiver vontade, e faz o coração bater no ritmo do baixo para quem gosta daquela sensação de sentir o corpo vibrar com caixas de som estourando e tremulando o coração. O equilíbrio idealdo novo e do antigo, perfeito para quem sai de vez da caixa-adolescente e encara o pessimismo da vida adulta.

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