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Diários de Intercâmbio é uma festa de narrativas mal construídas [REVIEW]

Nova aposta da Netflix com Larissa Manoela, Diários de Intercâmbio não encanta e depende da espontaneidade de Thati Lopes para entreter

Isabela Guiduci Publicado em 20/08/2021, às 08h00

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Diários de Intercâmbio (Foto: Divulgação / Netflix)
Diários de Intercâmbio (Foto: Divulgação / Netflix)

É difícil entender a proposta da Netflix com Diários de Intercâmbio, novo filme original estrelado por Larissa Manoela. Embora traga uma protagonista de 23 anos, o longa-metragem apresenta uma linguagem bastante infantil, a qual não parece combinar com o tom da história. Não fica evidente se estamos lidando com uma produção adolescente, infantil ou infanto-juvenil.

Apesar desta falta de definição do estilo, ela não é a principal falha do filme. Diários de Intercâmbio é uma festa de narrativas mal construídas e o roteiro é inteiramente fraco: histórias jogadas, diálogos artificiais e personagens terrivelmente apresentados. O desempenho dos atores não consegue ser suficiente para encobrir as imprecisões, sendo igualmente sintético.

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O filme acompanha a vida de duas melhores amigas, Bárbara (Larissa Manoela) e Taila (Thati Lopes), que embarcam em uma aventura em Nova York, nos Estados Unidos, a partir de um programa de intercâmbio como au pair — pessoas que viajam a um país diferente para ajudar uma família a cuidar dos filhos pequenos e, em troca, recebem principalmente moradia e comida.

Ao longo da viagem das melhores amigas, o longa-metragem reflete sobre diversos choques culturais — o que é uma ideia muito interessante. O ponto de partida da história é Bárbara, que sem muitos recursos financeiros, busca encontrar alguma alternativa para planejar a qualquer custo a tão sonhada viagem para os Estados Unidos, e até mesmo conhece um comissário de Bordo, Brady (David Sherod James), em meio às tentativas.

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Depois de muitas adversidades, a jovem Bárbara finalmente consegue alcançar o objetivo e, ainda, ganha a companhia da grande amiga Talia. Os minutos iniciais do filme até são divertidos, mas, logo, as cenas começam a apresentar uma série de informações, as quais não serão desenvolvidas posteriormente.

Praticamente toda a trama é concentrada na protagonista vivida por Larissa Manoela, quem tem um bom desempenho. Com isso, muitos personagens acabam não tendo espaço para florescerem. As narrativas artificiais e desconexas, porém, pioram com a chegada das melhores amigas em Nova York.

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Já nos Estados Unidos, Talia conhece o encantador e brasileiro Lucas (Bruno Montaleone) e, mesmo com uma química impressionante dos dois, a relação deles é jogada para escanteio — nem sequer ganha algum desenvolvimento. É difícil compreender se foi uma espécie de alívio cômico.

Com a falta de progressos da narrativa, a personagem de EmanuelleAraujo, Zoraia, por exemplo, não é bem-apresentada. Contudo, seria uma importante figura para a totalidade da história. Além disso, nomes como Brady ou Kat (Maiara Walsh) são tão mal-construídos que os comportamentos de ambos beiram o ridículo com posturas extremamente infantis.  

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Mesmo com alguns exageros e dramas desnecessários, Bárbara e Talia cumprem um papel interessante na transmissão de uma mensagem importante sobre amizade. Em meio às muitas confusões e aventuras, as duas embarcam em uma jornada de autoconhecimento e descobertas acerca da própria relação delas.

Esta narrativa da amizade entre as protagonistas é a única desenvolvida com uma certa preocupação, e há uma leveza nesse desenrolar, com uma comicidade minimamente agradável. Larissa e Thati fazem um bom trabalho em conjunto, no entanto, não conseguem segurar tantas desconexões e imprecisões narrativas. 

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Na verdade, Talia, de Thati Lopes, é o melhor acerto do filme. A personagem é divertida e tem uma naturalidade em falta no longa-metragem, no qual, em geral, apresenta diálogos fracos e nada envolventes. Diários de Intercâmbio conta com o talento da atriz para a comédia esperada e necessária para dar ritmo à produção.

Há outros momentos engraçados, principalmente as cenas que representam os choques de cultura e diferenças entre os idiomas. Mas, nada consegue superar o caos narrativo e a quantidade de informações jogadas, e sem desdobramentos mais aprofundados ou significativos.

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Na trama, nenhum casal é convincente e, inicialmente, Talia parece ter uma ligação mais natural com Lucas se comparada com a química do personagem com Bárbara. No fim das contas, não há uma dupla romântica suficientemente potente para conquistar o público e fazer com que os espectadores torçam por alguma paixão.

Para somar aos desempenhos, há uma narração de Bárbara em todo o longa-metragem, que também não soa natural. Possivelmente isso acontece devido à falta de uma boa construção em toda a produção — mas, certamente, poderia ter sido melhor trabalhada para reforçar a proposta original de leveza e delicadeza, e inclusive, de um tom extrovertido.

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Larissa Manoela, Emanuelle Araujo e Bruno Montaleone soltaram a voz no filme — seja em frente ou atrás das câmeras — e é uma das surpresas mais agradáveis da aposta original Netflix. Alguns clássicos da música brasileira e até mesmo a dupla Anavitória também integram a afável trilha sonora. 

Apesar do caos narrativo, falta de naturalidade e da proposta mal executada, Diários de Intercâmbio pode ser um respiro de esperança e uma rápida diversão em meio às adversidades do mundo. Ainda, é uma das apostas nacionais da Netflix, facilitando a identificação com o público brasileiro.

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Lançado no dia 18 de agosto, Diários de Intercâmbio, com direção de Bruno Garotti, já está disponível no catálogo do streaming. 


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