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Grey's Anatomy adolescente? As séries mais bizarras estreladas por astros do Tik Tok no YouTube

O canal Brat TV é especializado na criação de programas adolescentes com influencers digitais, mas não coloca muito esforço nas produções

Clara Guimarães | @claracastrog Publicado em 28/06/2020, às 11h00

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BroBot, Attaway General e Baby Doll Records (Fotos: Divulgação)
BroBot, Attaway General e Baby Doll Records (Fotos: Divulgação)

O canal Brat TV existe desde 2017 no YouTube com o intuito de apresentar programas originais destinados a adolescentes. Uma ótima ideia de negócio considerando que o mercado de produções teens é extremante popular e lucrativo. Recentemente, até a Netflix investiu pesado nesse público com lançamento de filmes como: Para Todos os Garotos Que Amei, Crush à Altura e Sierra Burgess é uma Loser.

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Mas a Brat TV tem uma vantagem extra. O canal coloca as principais estrelas do TikTok e influencers de outras redes sociais para atuar nas produções. A ideia é atrair os fãs de astros da internet como Dixie D’Amelio.

Se você não usa o TikTok e não conhece Dixie D'Amelio, apenas saiba que ela conta com mais de 27 milhões de seguidores na rede social. Uma boa audiência, certo?

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Mas as séries parecem ficar tão focadas na popularidade dos atores, que colocam a qualidade da produção em segundo plano. Os programas têm enredos um pouco bizarros para dramas adolescentes e problemas de atuação, roteiro e edição.

Dixie D’Amelio, por exemplo, é uma das atrizes em Attaway General, uma espécie de Grey’s Anatomy de adolescentes. Essa é uma das produções mais estranhas do canal, junto a BroBot, uma série sobre um holograma de inteligência artificial procurado pela CIA que se transforma em um irmão mais velho, e Baby Doll Records, sobre uma adolescente que monta a própria gravadora.

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Attaway General

A série segue quatro adolescentes que começaram a estagiar no Attaway General, um hospital de grande prestígio. Você esperaria, portanto, que os quatro personagens fossem inteligentes ou estivessem, no mínimo, interessados no programa de estágio, mas esse não é o caso.

Os erros de coerência já ficam evidentes no primeiro minuto, quando descobrimos que um dos estudantes só está lá porque “era melhor que continuar na prisão”. O que nos faz questionar: que tipo de estágio de prestígio é esse? E esse é só um exemplo da falta de esforço para criar uma produção coerente.

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Os problemas de direção e edição também aparecem logo no primeiro episódio, com vários erros de continuação nas cenas e imagens que contradizem o que os personagens estão falando. Em resumo, Attaway General é uma produção apressada e sem propósito, que conta com celebridades do TikTok  interpretando personagens unidimensionais: nerd, bad boy, popular e certinha.

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Vale pontuar que o clichê bad boy é colocado de forma muito perigosa para uma produção com uma audiência composta majoritariamente por crianças. A série comete o erro de romantizar a ideia de um cara que foi preso e tem uma personalidade violenta.

Tudo isso nos faz questionar porque o canal optou por criar um enredo tão arriscado para uma série adolescente, sendo que ele não é o foco. A parte médica parece estar ali apenas como um acessório para desenvolver as histórias de romances e as amizades. 


Baby Doll Records

Baby Doll Records é sobre uma adolescente tentando abrir a própria gravadora. A série é estrelada por Baby Ariel, influencer do TikTok. Como já falamos em Attaway General, os erros de edição, direção, roteiro e atuação também aparecem nessa produção e ficam até mais óbvios por causa do orçamento menor.

Por exemplo, eles usam a imagem de uma biblioteca real para localizar a cena, mas, assim que os personagens aparecem, o espaço muda completamente.

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E a série também abre mão da coerência na parte principal do enredo: a composição de uma música inovadora. Depois de uma grande montagem dos personagens gravando sons de objetos do dia a dia, nós escutamos a versão final da música e ela não tem absolutamente nenhum dos áudios gravados pelos personagens.

Por isso, novamente, a escolha por um enredo diferente perde totalmente o sentido. 


BroBot

Essa série tem a sinopse mais intensa e complexa entre as séries da Brat TV . Mas, assim como as outras, a produtora não desenvolve o enredo e BroBot termina como só mais uma exibição de popularidade dos influencers.

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A série segue Max, “uma garota tímida e apaixonada por jogos e todos os computadores que é forçada a mudar de cidade quando seus pais cientistas roubam uma tecnologia de inteligência artificial de uma empresa extremamente secreta. Esse software gera um pseudo-irmão, chamado Gil”.

É um roteiro bem intenso para ser desenvolvido por uma websérie - e é por isso que ele não é. Durante a série, a tecnologia de inteligência artificial que se projeta no formato de um adolescente, interpretado pelo influencerBrent Rivera,  não faz mais nada além de contar piadas e dar conselhos amorosos para Max, interpretada pela própria irmã de Brent, Lexi.

Portanto, nós nunca descobrimos o motivo do governo querer tanto recuperar essa tecnologia ao ponto de colocar a CIA para perseguir a família de Max.

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Essa escolha da produção é muito esquisita, já que o enredo inteiro é baseado no fato da inteligência artificial ser uma tecnologia revolucionária extremamente necessária para a segurança dos Estados Unidos.


Popular, mas longe do ideal

Apesar dos comentários sobre a qualidade do enredo, é possível entender porque as séries da Brat TV são apelativas para um público jovem que é fã das estrelas do TikTok. Além dos atores famosos, você ainda tem algumas histórias de romance jovem e dramas de amizade, parte importante para o sucesso.

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A crítica geral, na verdade, é sobre como esses enredos bizarros mais atrapalham a qualidade das produções, do que contribuem para as histórias. Além disso, em uma entrevista ao Business Insider, Robert Fishman, criador da Brat TV, comentou como a ideia era "fazer shows roteirizados com bom valor de produção, estrelando talentos digitais”, que possam ser rivais de séries de serviços de streaming, como a Netflix. Mas Attaway General, Baby Doll Records e BroBot ainda mostram estar bem longe desse ideal.


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