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Baseado em história real, DOM aposta em drama familiar para discorrer sobre tráfico no Rio de Janeiro [REVIEW]

Nova série brasileira do Amazon Prime Video, estrelado por Gabriel Leone, Flavio Tolezani e Raquel Villar, chegou ao catálogo nesta sexta, 4 de junho

Isabela Guiduci Publicado em 05/06/2021, às 13h20

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Capa de DOM, Amazon Prime Video (Foto: Reprodução/Divulgação)
Capa de DOM, Amazon Prime Video (Foto: Reprodução/Divulgação)

Com muita intensidade e drama, DOMchegou ao Amazon Prime Video nesta sexta, 4. Superprodução original, a primeira série brasileira do streaming busca sustentar a narrativa a partir de uma relação familiar para discorrer sobre a história de Pedro Machado Lomba Neto, mais conhecido pelo nome Pedro Dom

Assaltante de condomínios de luxo no Rio de Janeiro, Pedro Dom assaltava apartamentos na Ilha do Governador, Barra da Tijuca, Recreio e Zona Sul no início dos anos 2000. Filho de um policial civil aposentado, criado em família de classe média e viciado em drogas, Pedro não apenas invadia, como aterrorizava e ameaçava vítimas no interior dos imóveis com granada, segundo informações disponibilizadas pelo G1.

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Na série, Gabriel Leone é quem dá vida a Pedro Dom. Ao longo dos oito episódios de em média uma hora cada, é explorado profundamente a relação do jovem com o pai, o policial civil Luiz Victor Dantas (Flavio Tolezani), que dedicou a vida e carreira na luta contra o tráfico de drogas. De lados opostos, os dois enfrentam diversas problemáticas.  

A história é focada em Pedro Dom e narra do primeiro contato do jovem com a cocaína aos 12 anos até a vida enquanto um dos bandidos mais procurados e poderosos do Rio de Janeiro. Desde o início, ele roubava para sustentar o vício - no entanto, também a partir de o princípio, Victor tenta, de todas as maneiras possíveis, encontrar uma forma de mudar a trajetória do filho e afastá-lo das drogas. 

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Há uma sensibilidade notável nas narrativas dos personagens e o amor entre os dois protagonistas é frequentemente apresentado - seja em atitudes, diálogos ou até mesmo no silêncio. Ainda, em meio aos flashbacks, a produção mergulha no passado de Victor Dantas enquanto mescla com a realidade atual e as dificuldades do policial em manter uma boa relação com o filho.

De modo intrigante, as histórias começam a fazer sentido rapidamente e correm em um ritmo delicioso e agradavelmente acelerado. Em sua totalidade, a série discute tráfico de drogas, vícios, relações familiares e amor com muito drama, ação e emoção - e tudo é habilmente e talentosamente desenvolvido.

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Uma equipe de roteiristas formada por Fabio Mendes, Higia Ikeda, Carolina Neves e Marcelo Vindicatto e liderada pelo diretor e showrunnerBreno Silveira foi a responsável por adaptar essa história ao audiovisual. Juntos e guiados por Silveira, fizeram um trabalho interessante ao apostar no drama familiar e no amor de pai e filho para desenvolver uma narrativa bastante emocionante. 

Em uma coletiva de imprensa para promoção da série, inclusive, o diretor contou: "É uma história de laços, uma história de amor - se não tivesse amor, eu jamais teria feito." BrenoSilveira conhecia Victor Dantas, que chegou a escrever um livro sobre a história do filho, chamado O Beijo da Bruxa. Com a proximidade entre os dois, o showrunner teve acesso a um conteúdo aprofundado do passado de Pedro e Victor, além da visão direta do policial civil acerca desse relacionamento de pai e filho.

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Gabriel Leone e Flavio Tolezani fazem um ótimo trabalho nas interpretações dos protagonistas e conseguem potencializar a intensidade da trama familiar. Em algumas cenas, o silêncio, postura e linguagem corporal dos atores são os elementos mais dramáticos, profundos e encarregados de dialogar com o público. 

O silêncio, de fato, é muito utilizado na construção da narrativa dos episódios, especialmente com o personagem de Gabriel Leone - essa é uma técnica muito desfrutada por Breno Silveira nas produções dele. Com muita expressividade, o ator provoca as mais diversas emoções no público a partir de fortes e densas cenas sem a presença dos diálogos falados. 

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Nos primeiros minutos de DOM, é visível um bom desempenho de ambos. Enquanto Pedro (Leone) se debate desesperadamente devido às consequências da droga, Victor Dantas (Tolezani) busca acolhê-lo. É um retrato da produção na totalidade - a conturbada vivência de duas pessoas que compartilham um amor recíproco gigantesco, mas vivem vidas completamente opostas. 

Conhecido por explorar surpreendentemente o drama, Breno Silveira faz esse trabalho mais uma vez em DOM. Apoiado no amor paterno e familiar, desenvolve uma narrativa muito intensa e cheia de complexidades. O desenrolar significativo também se deve aos desdobramentos igualmente acentuados dos personagens.

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Devido ao paralelismo da história de Pedro e Victor, a série conta com uma abundância de personagens. Embora a grande maioria não seja explorada, até pela inviabilidade, essas figuras trazem dinâmica à narrativa e quebram um ritmo, muitos vezes, carregadamente dramático. 

Segundo contou Breno Silveira, foram mais de 160 atores no elenco e nenhum personagem dos anos 1970, época em que é contextualizada a narrativa de Victor Dantas, reaparece nos anos 2000. Entre os nomes do elenco estão Filipe Bragança, Ramon Francisco, Digão Ribeiro, Fábio Lago, Julia Konrad, André Mattos, Laila Garin e mais.

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Além de Pedro e Victor, conhecemos as duas mulheres da vida do assaltante: Bibiana, vivida por Isabella Santoni, e Jasmin, de Raquel Villar. Muito bem desempenhadas pelas atrizes, ambas também estão em espectros opostos e apresentam uma importante função na trama de Pedro - e, é claro, ressaltam o tom dramático da história. 

Um interessante acerto de DOMé uso das externas. Como Silveira contou na coletiva de imprensa, foram 170 locações diferentes em diversos lugares do Brasil. Por conta dessa escolha, alguns momentos ficam ainda mais reais e, sutilmente, relembram ao público sobre a veracidade da história de Pedro e Victor no Rio de Janeiro.

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A série tenta ao máximo se aproximar da ‘cidade maravilhosa’ nas épocas em que cada um dos dois protagonistas viveram e essa imersão cenográfica garante mais emoção ao espectador. Embora cometa alguns erros de contextualização, faz um interessante e, visivelmente, complexo trabalho. De fato, é uma superprodução do Amazon Prime Video.

DOMé uma ótima série de drama e sabe como provocar uma experiência interessantemente imersiva ao espectador, trabalho proveitoso de Breno Silveira. Apesar de alguns erros e excessos, consegue construir e reproduzir uma história verdadeiramente intensa. Os oito episódios já estão disponíveis no Amazon Prime Video


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