- Kings of Leon (Foto: Matthew Followill)

De volta ao rock alternativo, Kings of Leon redescobre a identidade em When You See Yourself [REVIEW]

Banda reviveu a sonoridade dos anos do auge da carreira no oitavo disco de estúdio, lançado nesta sexta, 5

Isabela Guiduci | @isabelaguiduci Publicado em 05/03/2021, às 07h00

Maturidade pode ser uma virtude e, ao mesmo tempo, uma armadilha para o comodismo.When You See Yourself, novo disco do Kings Of Leon, lançado nesta sexta, 5, é exatamente esta mescla de experiência com acomodação.

Da esquerda para direita: Nathan, Matthew, Caleb e Jared. (Foto: Matthew Followill)

Formado pelos irmãos Caleb Followill (vocais e guitarra base), Jared Followill (baixo), Nathan Followill (bateria), e pelo primo Matthew Followill (guitarra), o Kings of Leon está em atividade desde 1999 - e When You See Yourself é oitavo disco de estúdio do quarteto de Nashville, Estados Unidos. 

+++LEIA MAIS: 6 músicas que mostram a genialidade de Caleb Followill, do Kings of Leon

Inicialmente, a banda trouxe sonoridades do southern rock - uma combinação de rock com outros ritmos como o country, o blues e o boogie - e do garage rock. No entanto, gradualmente, o grupo passou a se encaixar como rock alternativo. 

Os anos iniciais e os primeiros discos do grupo representam a forte influência do southern rock, enquanto os principais lançamentos, dos anos de “ouro” - Because of The Times (2007), Only By The Night (2008) e, mais tarde o Mechanical Bull (2013) -, apresentaram mais do rock alternativo.

+++LEIA MAIS: As músicas mais ouvidas da década de 2010 [LISTA]

Principalmente com Only By The Night, o Kings of Leon foi aclamado pela crítica, ganhou diversos prêmios e fez um sucesso internacional imenso com os singles "Sex On Fire" e "Use Somebody" - ambos ganharam Grammy. Com isso, a banda criou uma identidade musical muito forte no rock alternativo.

Em diversos momentos, revisitava o southern rock e elementos do country dos anos iniciais, mas sempre voltando à sonoridade costumeira e certeira encontrada no rock alternativo. Em Walls, disco de 2016, o Kings of Leon experimentou mais pop e se distanciou da identidade musical. Foi diferente, estranho, inesperado e curioso conhecer este lado pop rock do grupo.

+++LEIA MAIS: 11 músicas perfeitas para dar indiretas para o crush nos Stories do Instagram [LISTA]

São mais de 20 anos de carreira e sete álbuns na discografia. Experiência faz parte do Kings of Leon, e When You See Yourself representa a maturidade musical do grupo. De volta ao rock alternativo, o disco redescobre a própria identidade da banda - com forte influência do southern rock, é claro. 


+++ SIGA NOSSO SPOTIFY - conheça as melhores seleções musicais e novidades mais quentes


Capa When You See Yourself (Foto: Reprodução/Divulgação)

O disco é homogêneo, sem experimentações e sem surpresas. Com When You See Yourself, o Kings of Leon parece querer reviver os “anos de ouro” do Only By The Night, sem serem os jovens dançantes e despreocupados de "Sex On Fire" e "Use Somebody".

+++LEIA MAIS: Kings of Leon revela nova música ‘Going Nowhere’ com clipe melancólico em preto e branco; assista

O Kings of Leon faz um bom trabalho no oitavo disco da carreira. No entanto, aparentemente, a banda está acomodada e não parece preocupada em apresentar algo surpreendente e inesperado, mas sim entregar um som mais aconchegante e costumeiro. 

When You See Yourself soa como um trabalho feito especialmente para os próprios integrantes, que só queriam se divertir com a maturidade musical - e com os próprios instrumentos - em um projeto bastante consistente, e apesar da mesmice, interessante. 

+++LEIA MAIS: 6 músicas inesquecíveis do disco, I Like It When You Sleep, for You Are So Beautiful Yet So Unaware of It, do The 1975 [LISTA]

Para abrir o disco, “When You See Yourself, Are You Far Away” convida o ouvinte a reviver o universo do rock alternativo do Kings of Leon com um início gradualmente intenso que brinca de maneira curiosa com o baixo e a guitarra. Logo de cara, Caleb Followill também mostra os vocais potentes.

Em sequência está o single “The Bandit”, que representa a juventude e a fase dançante dos anos do Only By The Night. Já “100,000 People” volta ao lado sereno e suave da banda, com forte presença do baixo, bem marcado na música.

+++LEIA MAIS:Político, desorientado e expansivo: The 1975 não busca o padrão, mas a excentricidade em Notes On A Conditional Form [REVIEW]

A quarta faixa “Stormy Weather” eleva as expectativas para o restante do disco com uma linha de baixo impecável logo no início. Há uma certa dependência da canção no instrumento e na voz espetacular de Caleb Followill, que, ao mesmo tempo, são os responsáveis por tornar a música tão divertida e instigante. 

Pela primeira vez no disco, na quinta música, “A Wave”, um teclado marca a base da batida - que cresce gradualmente, mas não consegue conquistar. Mais uma vez, é a voz de Caleb que busca iluminar a canção. 

+++LEIA MAIS: Calm, do 5SOS, tem a missão de trazer guitarras de volta ao pop - e construir a identidade geracional da banda [REVIEW]

Golden Restless Age” vem em sequência e apaga o morno da música anterior ao trazer uma combinação de instrumentos deliciosa de ouvir. A faixa é o gás essencial para dar espaço para “Time in Disguise”. A sétima canção reflete a discografia do Kings of Leon, com os vocais fundamentais de Caleb Followill, e a ótima musicalidade dos integrantes. 

Lançada inicialmente com o título “Going Nowhere” em uma versão voz e violão bastante melancólica de Caleb Followill, “Supermarket” é um respiro na intensidade dos instrumentos e soa como o fim de uma viagem. 

+++LEIA MAIS: As reviews de Gigaton, disco do Pearl Jam: ‘Pessimismo de Eddie Vedder’ e ‘o melhor em 20 anos

A suavidade de “Supermarket” abre espaço para o violão - inicialmente quase acústico - de “Claire and Eddie”. Com uma volta significativa ao ‎southern rock, a nona faixa apresenta uma sonoridade muito semelhante a do disco Come Around Sundown (Expanded Edition) (2010) - e poderia facilmente ser uma canção do álbum de 2010.  

Antes de encerrar, o Kings of Leon traz mais faíscas com “Echoing” e reacende a intensidade de When You See Yourself. E, apesar de ser uma boa faixa para concluir a viagem pela maturidade e experiência dos integrantes, a banda decidiu inserir mais uma canção. 

+++LEIA MAIS: Foo Fighters dá festa pop em Medicine at Midnight, novo disco [REVIEW]

Caleb, Matthew, Nathan e Jared (Foto: Divulgação/KOL 8)

Fairytale”, portanto, é a responsável por fechar o oitavo disco. Morna como “A Wave”, a música certamente não encerra o álbum com magnificência, não surpreende e não encanta, embora tenha uma boa lírica.  

Sem novidades e bem homogêneo, When You See Yourself é realmente um passeio pela sonoridade amadurecida da carreira do Kings of Leon. O grupo faz um trabalho interessante ao redescobrir a própria identidade - dessa vez, mais experiente e equilibrada. 

+++LEIA MAIS: Em Nobody's Listening, Zayn mergulha no R&B, fica preso nos clichês, mas faz o melhor disco da carreira [REVIEW]

When You See Yourself já está disponível em todas as plataformas digitais.


+++ FBC E VHOOR REFLETEM SOBRE HIP-HOP: 'MÚSICA É PARA SER SENTIDA' | ENTREVISTA | ROLLING STONE BRASIL

 

 

 

 

 

 

música disco notícia Review Rock Alternativo Identidade Sucessos kings of leon oitavo disco When You See Yourself stormy weather the bandit only by the night

Leia também

Esmir Filho, diretor de Homem com H, lamenta queda de ponte no RS


Planet Hemp fará show especial e gravação de DVD comemorativo de 30 anos da banda


Furiosa: George Miller sugere que prequela de Mad Max pode ganhar sequência


Dan Schneider processa produtores de Quiet on Set: O Lado Sombrio da TV Infantil


And Just Like That...: Rosie O'Donnell estará na terceira temporada da série


Daniel Radcliffe comenta postura antitrans de J.K. Rowling: 'Me deixa muito triste'