Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Por que Anne With An E não deveria ter sido cancelada?

A produção original Netflix aborda assuntos importantes como lutas raciais, das mulheres e LGBTQ+ na virada dos anos 1900

Redação Publicado em 20/06/2020, às 18h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Anne with an E (Foto: Divulgação/Netflix)
Anne with an E (Foto: Divulgação/Netflix)

A série da Netflix, produzida em parceria com o canal CBC, Anne With An E, foi oficialmente cancelada em janeiro deste ano, logo após o lançamento da terceira - e última - temporada. A decisão desapontou o público que acompanhou o seriado, porque ainda havia muitas histórias para ser contadas. 

+++LEIA MAIS: Amou Anne With An E? Conheça Love 101, série adolescente sensível e perfeita para maratonar na Netflix

A trama apresentada na série é baseada no romance Anne de Green Gables, escrito por Lucy Maud Montgomery, e publicado em 1908. A obra narra a vida da órfã Anne Shirley - e foi tão bem-recebida pelo público, que rendeu outros sete livros. 

Na série, o foco é voltado para os anos de pré-adolescência e adolescência de Anne Shirley (Amybeth McNulty), logo após ter sido adotada pelos irmãos, Marilla e MatthewCuthbert. Ao se mudar para Green Gables, a menina passa a conhecer amores os quais ela jamais havia conhecido - paternal, de amigos e até mesmo uma paixão.

+++LEIA MAIS: Revolução teen na Netflix: séries adolescentes invadem o serviço de streaming

Com muita sensibilidade e profundidade, a série aborda o processo de amadurecimento, autoconhecimento e crescimento de Anne. Além disso, a produção pauta diversos assuntos, que embora se passem na virada dos anos 1900, são extremamente atuais. 

Parte do público que acompanha - e ama - Anne With An E ficou perplexo com o cancelamento - e compartilhamos o sentimento. Por isso, listamos aqui motivos pelos quais o seriado merecia uma renovação:

+++LEIA MAIS: Anne with an E: 4 séries para matar saudade da produção cancelada pela Netflix

Relacionamentos sem conclusão

Os relacionamentos abordados em Anne With An E são sensíveis - seja com amizade, família e paixões. Muitos, porém, ficaram sem respostas ao final da terceira temporada, como é o caso de Diana e Jerry. Por conta das diferenças sociais, os dois acabaram se separando. Contudo, apesar de ainda se gostarem, não ganharam desenvolvimento nos episódios finais.

A narrativa do relacionamento de Diana e Jerry, inclusive, poderia ter reforçado a importância da consciência de classe, isso porque, é visível a preocupação da série em pautar questões sociais.

+++LEIA MAIS: Petição para volta de Anne With An E passa de 400 mil assinaturas e bate recorde histórico

Outro caso sem respostas foi a aproximação de Sebastian e Mrs. Stacy - que renderia várias discussões e debates, principalmente, porque os dois poderiam tornar-se um casal inter-racial. No entanto, não aconteceu. Até mesmo a amizade dos dois é apresentada tão rapidamente que parece um pouco aleatória. 

Anne e Gilbert tiveram um final bonito, mas também mereciam mais desenvolvimento com, é claro, novos episódios. A terceira temporada conclui-se com Gilbert seguindo para a Universidade de Toronto, enquanto Anne opta por continuar próxima à Green Gables e estudar na Queen's. Aqueles que leram os livros sabem como o casal tem um longo relacionamento - o qual poderia ser pautado na quarta temporada. 

+++LEIA MAIS: Qual é a série mais popular no Brasil em 2020? Veja top 10 - e assista todas na Netflix


Pautas Sociais

Com muita representatividade, a série discute questões sociais importantíssimas - de mulheres, não-brancos e LGBTQ+. Embora esteja ambientada na virada dos anos 1900, a produção é extremamente atual e reforça ao público como é necessário pensar nas minorias.

Personagens marcantes e cativantes são apresentados ao abordar essas pautas sociais. Josephine Barry, já senhora, é uma figura maravilhosa para a narrativa. Casada durante toda a vida com uma mulher, Gertrude, e desprendida  de todas as regras sociais machistas vigentes naquela época, ela sempre aconselha Anne a seguir o coração em relação ao que almeja. 

+++LEIA MAIS: Netflix confirma o fim da série Anne With an E com recado fofo e em português de Amybeth McNulty

Além de aconselhar Anne, ela apoia Cole no processo de autoconhecimento e amadurecimento, porque Cole também é homossexual. Um personagem incrível que certamente merecia mais destaque e um desenvolvimento bem-sucedido em uma quarta temporada. 

As pautas raciais também estão presentes na produção. Um exemplo é Sebastian, um homem negro, amigo de Gilbert, que se torna o sócio dele na fazenda após a morte do pai de Gilbert. Isso para a época era uma atitude inconcebível, já que os negros eram vistos como inferiores e escravos dos brancos.

Sebastian, caso o seriado fosse renovado para mais uma temporada, poderia ganhar um arco narrativo maior e, mais uma vez, provocar reflexões importantes no público. Além dele, outras personagens negras também deveriam ter mais espaço em novos episódios. 

+++LEIA MAIS: Série Anne With An E é cancelada, mas deve virar filme depois de comoção no Twitter; entenda

Questões indígenas estiveram presentes na terceira temporada, mas não ganharam o reconhecimento devido. Tanto que a história da pequena Ka'kwet, uma criança indígena que foi forçada a abandonar a cultura para aprender as tradições dos brancos, não é concluída. Ao final da série, o público fica sem saber se a jovem conseguiu abandonar o internato, por exemplo.

Com novos episódios, essa pauta racial, pouco discutida em produções audiovisuais, poderia ganhar um desenvolvimento e apresentar o quão violenta e destrutiva foi a colonização. 

+++LEIA MAIS: Amou Simplesmente Acontece? Conheça Lovesick, série da Netflix sobre paixão entre melhores amigos perfeita para maratonar

O feminismo está presente na série a partir das convicções de Anne, como os desejos de querer ser professora, estudar, não ser silenciada por homens, entre diversas outras atitudes. Inclusive, o tema é apresentado com originalidade, autenticidade e naturalidade, até porque, o foco do seriado é a evolução e autoconhecimento da protagonista.

Josephine e Mrs. Stacy também são duas personagens com atitudes feministas e totalmente avançadas para a época. Ambas poderiam acrescentar demais em novos episódios juntamente com o processo de graduação de Anne

++LEIA MAIS: Amou Elite? Conheça Outer Banks, a nova série teen de suspense da Netflix


+++ A PLAYLIST DO RUBEL