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Lagum, Los Hermanos, Anavitória e mais: como os artistas ajudam produtores, técnicos de som e equipe

Trabalhadores do meio da música ficam sem renda durante a paralisação de shows e eventos durante a pandemia do novo coronavírus

Lagum (Foto: Alessa Semião) e Anavitória (Foto: Breno Galtier)
Lagum (Foto: Alessa Semião) e Anavitória (Foto: Breno Galtier)

Em março deste ano, em consequência da pandemia do novo coronavírus, eventos no mundo inteiro sofreram paralisação, os shows de música estão inclusos nisso. Ou seja, vários músicos, DJs, produtores, técnicos de som, entre outros que vivem dessa renda, estão sem trabalhar. No entanto, artistas como Lagum, Anavitória e Los Hermanos se movimentam para conseguir ajudar essa parte da indústria no Brasil.

Uma iniciativa muito interessante é o Música Pela Música, que ajuda musicistas e DJs de Belo Horizonte. Ele foi idealizado pela banda mineira Lagum, composta por Pedro Calais (vocal), Tio Wilson (bateria), Jorge (guitarra), Otávio Cardoso (guitarra/vocal) e Francisco Jardim (baixo), junto d’A Macaco, empresa responsável por gerenciar o grupo e quem deu a ideia do movimento.

Em uma entrevista à Rolling Stone Brasil, Pedro, Jorge e Tio Wilson falaram sobre esse projeto, cujo lema é: “A música não pode parar!”.

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O Música Pela Música surgiu com a ideia da banda fazer uma live. De acordo com Pedro Calais, na época da idealização do projeto, eles pensavam: “A gente quer fazer uma live, queremos entregar uma live, mas a gente precisa encontrar um propósito que realmente bata com a gente e dê tesão de fazer a parada”.

Enquanto isso, um movimento de Belo Horizonte, chamado Salve a Graxa - responsável por ajudar montadores, técnicos de áudio, iluminadores, técnicos de vídeo, carregadores e roadies com doações -, arrecadava doações e serviu de inspiração para a Lagum começar com o projeto.

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O Salve a Graxa fez a banda refletir. “Cara, essa galera está passando muito aperto, porque nós, artistas, compositores, a gente acaba tendo sustento dos direitos autorais, outras fontes de royalties e tal, que a galera que trabalha no backstage e artistas menores não recebem”, disse Calais.

Então, o Música Pela Música surgiu como uma ideia da empresária da banda. Além disso, eles também perceberam essas dificuldades e então decidiram fazer uma “ação para ajudar músicos menores que dependem exclusivamente da renda de tocar e não tão podendo”.

O movimento foi uma consequência da crise do novo coronavírus, mas a banda já pensava em fazer outros projetos filantrópicos. “[O Música Pela Música] surgiu através dessa pandemia, nesse cenário de incerteza, da gente saber que essa galera não tem como trabalhar, então a ideia partiu a princípio disso”, afirmou Tio Wilson. “Mas a gente já vinha pensando em outras possibilidades”.

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Jorge explicou a decisão de ajudar, pelo menos no começo, apenas os artistas de BH, porque a banda já tinha “contato com essa galera, sejam produtores, músicos de apoio, que tão ali na cena da música de Belo Horizonte”, e viram como essa cena foi atingida por causa da paralisação de eventos. “Então daí surgiu a ideia de realmente abraçar essa cena de BH”, revelou.

Após a criação do movimento, a banda fez duas ações: uma live e venda de camisetas, que esgotaram. Segundo o Instagram da Lagum, com ambas as ações, foram contemplados 109 musicistas/DJs. O processo de escolha para quem recebe as doações acontece por “uma ordem de necessidade”, como “quem tem mais pessoas na família” e assim vai, como explicou Pedro Calais.

Os mineiros gostariam de ver outros músicos sendo influenciados pelo Música Pela Música. “Da mesma forma que a gente foi impactado ali pelo movimento do [Salve] a Graxa, seria muito bacana também ver o projeto inspirando outros artistas e outra galera ao redor do Brasil”, disse Jorge

O guitarrista continuou: “A gente tem uma dimensão de entender a situação de BH, só que músicos estão espalhados pelo Brasil nas mais diversas condições possíveis. Então se esse projeto também inspirar alguém, para nós é maravilhoso”. Tio Wilson, o baterista, complementou a fala de Jorge e acredita “que já já outros artistas e pessoas irão somar com essa ação”.

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No Brasil, outros músicos famosos também criaram iniciativas para ajudar profissionais da música durante a pandemia. Como é o caso da dupla Anavitória, responsável por realizar um projeto com o intuito de ajudar profissionais da produção de shows como diretores, técnicos, músicos, iluminadores, produtores, etc.

A ação consistiu em exibir um show exclusivo da turnê O Tempo é Agora, realizada em 2019. Além disso, tiveram outras seis lives, com a participação de pessoas que trabalharam nos shows ao vivo. A finalidade das transmissões era transmitir o conhecimento desses profissionais sobre o assunto para quem se interessasse.

O final do projeto se deu em uma outra live, desta vez apresentada pela Anavitória, com a intenção de falar sobre os bastidores da turnê em questão. Todo e qualquer lucro era destinado para esses diretores, técnicos, músicos, iluminadores, produtores, entre outros.

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Outra banda, com uma iniciativa bacana para ajudar profissionais da área da música sem emprego por causa da pandemia do novo coronavírus foi Los Hermanos.

O quarteto publicou no Instagram do grupo que os produtos oficiais dos Los Hermanos estão disponíveis para venda online, e todo lucro vindo disso será revertido em doações para “profissionais do mercado de shows e eventos que, em tempos de covid-19, estão sem trabalho”.

Fora do Brasil, um outro projeto que ganhou bastante força foi o Crew Nation - fundado pela Live Nation, produtora de eventos ao vivo -, responsável por ajudar membros dos backstage dos shows durante a pandemia. O movimento atende nos Estados Unidos, vende produtos e também aceita doações em dinheiro.

O Crew Nation é apoiado por diversos artistas grandes da indústria da música, como Twenty One Pilots, Coldplay, Post Malone, Kiss, Kings of Leon, Pearl Jam, Foo Fighters, Lady Gaga, entre muitos outros.

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Todos esses projetos possuem uma grande importância durante a pandemia. No entanto, eles vão muito além dessa crise. Para Tio Wilson, baterista da Lagum, com esses projetos, “a gente continua movimentando esse setor, que tanto acreditamos e lutamos por ele”, assim como eles levam "um pouco da música paras pessoas".

Pedro Calais concordou com o colega de banda e ainda adicionou um outro ponto. “O outro lado dessa ação é estar apoiando o mercado da música”, disse o vocalista, e isso faz a pessoa não parar de acreditar no trabalho dela, porque “daqui a pouco tudo isso vai passar e ela vai poder continuar trabalhando e vivendo da música”. Resumidamente, o projeto representa “nós músicos pelos músicos, para que a música não pare”, segundo Calais.

Como se os três estivessem em sintonia, Jorge explicou que isso ajuda o cenário a continuar firme durante a pandemia, assim como quando ela passar. “Quando a gente fala de música, do cenário econômico dela, a gente fala de um organismo vivo muito grande, então nós sabemos que a galera rala em um show ao vivo, dando aula, em gravação”, disse.

Ou seja, segundo o guitarrista, quanto mais um cenário estiver bem e mais saudável, “todas as estruturas dele vão estar melhor”. “Então é a galera que faz o show acontecer, são as bandas, os artistas, professores de música, toda uma cena, que, quanto mais unida, mais forte ela fica”, finalizou.


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